Cidade do Cabo ganha maior museu de arte contemporânea da África

A Cidade do Cabo, na África do Sul, ganhou na semana passada o maior museu do mundo dedicado à arte contemporânea produzida por artistas africanos, o Zeitz Museum of Contemporary Art Africa (Zeitz Mocaa).

Projetado pelo premiado Heatherwick Studio, de Londres, o Zeitz Mocaa fica no V&A Waterfront, porto revitalizado que é um dos pontos mais visitados da Cidade do Cabo, atraindo cerca de 100 mil pessoas por dia.

O Zeitz Mocaa fica num antigo silo de cereais na Cidade do Cabo, na África do Sul
Créditos: Iwan Baan
O Zeitz Mocaa fica num antigo silo de cereais na Cidade do Cabo, na África do Sul

A área do museu, que tem 9.500 m² espalhados por nove andares, foi literalmente esculpida a partir da monumental estrutura do complexo de silos de Cape Town, que data de 1921. A construção histórica, que foi um dia o prédio mais alto da África do Sul, não era utilizada desde 1990, e ganha agora nova vida graças à transformação.

De todo a área desenvolvida, 6.000 metros quadrados são de espaço expositivo, dividido em 100 galerias, um jardim de esculturas na cobertura, áreas de armazenamento e conservação de última geração, uma livraria, um restaurante e um bar, além de várias salas de leitura.

O museu também abrigará centros de moda, fotografia, curadoria, práticas performáticas, educação artística e um espaço dedicado a Moving Image (imagens em movimento).

África por africanos

Interior do Zeitz Museum of Contemporary Art Africa
Créditos: Iwan Baan
Interior do Zeitz Museum of Contemporary Art Africa

As exposições de abertura utilizarão todas as 100 galerias do museu e exibirão tanto trabalhos da Zeitz Collection, coleção privada de Jochen Zeitz, quanto da Zeitz Mocaa Collection, coleção permanente que está sendo construída pelo museu.

Umas das exposições será Luanda, Encyclopedic City, do artista angolano Edson Chagas. A instalação é composta por imagens da sua série fotográfica “Found Not Taken” (2009-2013), que pauta o contexto urbano de Luanda e foi vencedora do Golden Lion Award da 55ª Bienal de Veneza, em 2013.

O museu foi projetado pelo premiado Heatherwick Studio, de Londres

Também estará exposta a série “Faces & Phases”, da fotógrafa e ativista sul-africana Zanele Muholi, que chama atenção para causas LGBT. Seus retratos em preto e branco representam vidas que foram historicamente marginalizadas e que experimentaram coletivamente os horrores da homofobia e da violência. Ainda assim, elas se mantêm orgulhosas de quem são e clamam por seu direito de serem vistas.

Além desses dois exemplos, existe uma vasta seleção de outros trabalhos que poderão ser vistos por lá nesses primeiros meses de exposições.

Da preservação da arquitetura de um prédio histórico ao desenvolvimento de uma instituição cultural sem fins lucrativos que preserve, desenvolva e estimule a criatividade, o Zeitz Mocaa é um marco cultural muito importante que vai contribuir para uma maior e mais forte apreciação da herança sul-africana.