Cinco ilhas brasileiras que você não conhece e nem vai conhecer

05/01/2015 12:46

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Esses destinos são ideias para férias perfeitas. Piscinas naturais rodeadas por recifes de corais, praias selvagens em áreas isoladas do Atlântico e abundância de animais endêmicos.

Pouca gente conhece. E vai continuar sem conhecer.

Vista aérea da ilha Trindade (Foto: Simone Marinho/Commons Wikimedia)
Vista aérea da ilha Trindade (Foto: Simone Marinho/Commons Wikimedia)

O site Viagem em Pauta listou cinco ilhas brasileiras em que é proibido o acesso para visitantes (para a sorte dessas áreas preservadas e isoladas), mas que não seria nada mal poder fazer mergulho no Atol das Rocas, conhecida como a primeira unidade de conservação marinha criada no Brasil; visitar as praias selvagens do destino mais distante do Brasil, a apenas 2.400 km da África; ou explorar território por onde já passou nomes conhecidos da navegação mundial como Charles Darwin e Ernest Shackleton.

Assim como descreve Alice Grossman, no prefácio do belo “Atol das Rocas 3º51´S 33º48´W” (editora Beĩ), “no atol, somos vencidos, somos sempre intrusos”.

E que continue assim para que pedaços isolados de terras brasileiras sigam selvagens, preservadas e como sonho utópico de viajantes com almas aventureiras.

Atol das Rocas

Primeira unidade de conservação marinha criada no Brasil, em 1979, o Atol das Rocas é formado por um anel de arrecifes com 7,2 km² de superfície e 3,2 km de diâmetro, em uma área preservada de 360 km², incluindo o atol e toda a área marinha ao redor.

Atol das Rocas (Foto: Divulgação/Projeto Tamar)
Atol das Rocas (Foto: Divulgação/Projeto Tamar)

Segundo o Projeto Tamar, esta é a segunda maior área de reprodução da tartaruga-verde do país (a primeira fica no Espírito Santo, na ilha de Trindade) e abriga também a tartaruga-de-pente, cujos estudos são facilitados pelas piscinas naturais de águas cristalinas e abrigadas.

O atol, Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, pertence ao Rio Grande do Norte e está a 267 km de Natal e a 148 km a oeste do arquipélago de Fernando de Noronha.

 

Trindade e Martim Vaz

Localizadas no Oceano Atlântico como área do município de Vitória, no Espírito Santo, essas ilhas estão a pouco mais de 1.100 km do continente.

Vista aérea da ilha Trindade (Foto: Simone Marinho/Commons Wikimedia)
Vista aérea da ilha Trindade (Foto: Simone Marinho/Commons Wikimedia)

Com natureza selvagem, no sentido mais literal da expressão, o arquipélago é considerado o destino mais distante do território brasileiro. Só para ter uma ideia, a África está  a inocentes 2.400 km dali.

Nesta espécie de Ilha de Lost brasileira, no extremo leste do País, a biodiversidade abriga espécies endêmicas como o caranguejo-amarelo, pardela de trindade, uma subespécie de fragata e bosques de samambaias gigantes com mais de 5 metros.

Atualmente, apenas a Ilha da Trindade é habitada e serve como base militar da Marinha.

Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Localizado a quase mil quilômetros do ponto mais próximo do continente, esse arquipélago é considerado um dos lugares mais distantes do Brasil.

O arquipélago é o único conjunto de ilhas oceânicas brasileiras acima da linha do Equador.

Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: Limongi/Wikimedia Commons)
Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: Limongi/Wikimedia Commons)

Por ali passaram nomes conhecidos da navegação mundial como Charles Darwin, em sua viagem ao redor do mundo, em 1832, e Ernest Shackleton, em 1921.

Além dos poucos humanos a passarem por aquelas ilhas, o arquipélago é habitado por aves como atobás e viuvinhas, caranguejos, tubarões-baleia e arraias jamanta.

Ilha da Queimada Grande

Nem se pudesse, você gostaria de visitar essa ilha

Conhecido como a ‘Ilha das Cobras’, esse pedaço de terra a 35 quilômetros da costa de Itanhaém, no litoral de São Paulo, é dominado pelas  jararaca-ihoa.

Ilha da Queimada Grande, em Itanhaém (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Itanhaém)
Ilha da Queimada Grande, em Itanhaém (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Itanhaém)

O desembarque na Ilha Queimada Grande é proibido não só pela falta de praias ou enseadas mas também por abrigar 15 mil cobras venenosas, em uma área de 1500 x 500 m².

E as descrições são assustadoras. De coloração clara, essa espécie atinge até dois metros de comprimento e é a única do Brasil a subir em árvores (presa em uma ilha rochosa onde o alimento se resume a aves, a jararaca aprendeu a subir em árvores) e sua picada pode matar uma pessoa em apenas seis horas.

É por esses motivos que por ali passam apenas cientistas e mergulhadores, cuja visibilidade local atinge pode chegar a 20 metros, de novembro a julho, e os locais garantem que as cobras não aprenderam a nadar (ainda).

Ilha de Alcatrazes

Situada a 45 km de São Sebastião, esta é a única das ilhas proibidas que podem ter seu acesso público liberado, cujo plano de criação de um parque nacional foi anunciado em 2013.

Formado por 13 ilhas e ilhotas, o arquipélago de Alcatrazes, no litoral norte paulista, é considerado o maior berçário de aves marinhas do sudeste brasileiro e abriga espécies como a jararaca-de-alcatrazes e a perereca-de-alcatrazes, que só existem na região.

Vista aérea da Ilha de Alcatrazes, em São Sebatião, no litoral norte de São Paulo (foto: Ricardo Moura/Flickr-Creative Commons)
Vista aérea da Ilha de Alcatrazes, em São Sebatião, no litoral norte de São Paulo (foto: Ricardo Moura/Flickr-Creative Commons)

De 1980 a 2013, o paredão de rochas da ilha principal era usado como raia de tiros da Marinha brasileira. “O Ministério do Meio Ambiente (MMA) defende a criação do parque pela importância estratégica e geográfica do arquipélago, lugar de belezas exuberantes e habitat de diversas espécies endêmicas. A criação do parque permitiria a visitação controlada no arquipélago, antiga demanda da população do litoral norte de São Paulo”, segundo descrição no site do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).