Cinco ilhas brasileiras que você não conhece e nem vai conhecer

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Esses destinos são ideias para férias perfeitas. Piscinas naturais rodeadas por recifes de corais, praias selvagens em áreas isoladas do Atlântico e abundância de animais endêmicos.

Pouca gente conhece. E vai continuar sem conhecer.

Vista aérea da ilha Trindade (Foto: Simone Marinho/Commons Wikimedia)

O site Viagem em Pauta listou cinco ilhas brasileiras em que é proibido o acesso para visitantes (para a sorte dessas áreas preservadas e isoladas), mas que não seria nada mal poder fazer mergulho no Atol das Rocas, conhecida como a primeira unidade de conservação marinha criada no Brasil; visitar as praias selvagens do destino mais distante do Brasil, a apenas 2.400 km da África; ou explorar território por onde já passou nomes conhecidos da navegação mundial como Charles Darwin e Ernest Shackleton.

Assim como descreve Alice Grossman, no prefácio do belo “Atol das Rocas 3º51´S 33º48´W” (editora Beĩ), “no atol, somos vencidos, somos sempre intrusos”.

E que continue assim para que pedaços isolados de terras brasileiras sigam selvagens, preservadas e como sonho utópico de viajantes com almas aventureiras.

Atol das Rocas

Primeira unidade de conservação marinha criada no Brasil, em 1979, o Atol das Rocas é formado por um anel de arrecifes com 7,2 km² de superfície e 3,2 km de diâmetro, em uma área preservada de 360 km², incluindo o atol e toda a área marinha ao redor.

Atol das Rocas (Foto: Divulgação/Projeto Tamar)

Segundo o Projeto Tamar, esta é a segunda maior área de reprodução da tartaruga-verde do país (a primeira fica no Espírito Santo, na ilha de Trindade) e abriga também a tartaruga-de-pente, cujos estudos são facilitados pelas piscinas naturais de águas cristalinas e abrigadas.

O atol, Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, pertence ao Rio Grande do Norte e está a 267 km de Natal e a 148 km a oeste do arquipélago de Fernando de Noronha.

Trindade e Martim Vaz

Localizadas no Oceano Atlântico como área do município de Vitória, no Espírito Santo, essas ilhas estão a pouco mais de 1.100 km do continente.

Vista aérea da ilha Trindade (Foto: Simone Marinho/Commons Wikimedia)

Com natureza selvagem, no sentido mais literal da expressão, o arquipélago é considerado o destino mais distante do território brasileiro. Só para ter uma ideia, a África está  a inocentes 2.400 km dali.

Nesta espécie de Ilha de Lost brasileira, no extremo leste do País, a biodiversidade abriga espécies endêmicas como o caranguejo-amarelo, pardela de trindade, uma subespécie de fragata e bosques de samambaias gigantes com mais de 5 metros.

Atualmente, apenas a Ilha da Trindade é habitada e serve como base militar da Marinha.

Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Localizado a quase mil quilômetros do ponto mais próximo do continente, esse arquipélago é considerado um dos lugares mais distantes do Brasil.

O arquipélago é o único conjunto de ilhas oceânicas brasileiras acima da linha do Equador.

Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: Limongi/Wikimedia Commons)

Por ali passaram nomes conhecidos da navegação mundial como Charles Darwin, em sua viagem ao redor do mundo, em 1832, e Ernest Shackleton, em 1921.

Além dos poucos humanos a passarem por aquelas ilhas, o arquipélago é habitado por aves como atobás e viuvinhas, caranguejos, tubarões-baleia e arraias jamanta.

Ilha da Queimada Grande

Nem se pudesse, você gostaria de visitar essa ilha

Conhecido como a ‘Ilha das Cobras’, esse pedaço de terra a 35 quilômetros da costa de Itanhaém, no litoral de São Paulo, é dominado pelas  jararaca-ihoa.

Ilha da Queimada Grande, em Itanhaém (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Itanhaém)

O desembarque na Ilha Queimada Grande é proibido não só pela falta de praias ou enseadas mas também por abrigar 15 mil cobras venenosas, em uma área de 1500 x 500 m².

E as descrições são assustadoras. De coloração clara, essa espécie atinge até dois metros de comprimento e é a única do Brasil a subir em árvores (presa em uma ilha rochosa onde o alimento se resume a aves, a jararaca aprendeu a subir em árvores) e sua picada pode matar uma pessoa em apenas seis horas.

É por esses motivos que por ali passam apenas cientistas e mergulhadores, cuja visibilidade local atinge pode chegar a 20 metros, de novembro a julho, e os locais garantem que as cobras não aprenderam a nadar (ainda).

Ilha de Alcatrazes

Situada a 45 km de São Sebastião, esta é a única das ilhas proibidas que podem ter seu acesso público liberado, cujo plano de criação de um parque nacional foi anunciado em 2013.

Formado por 13 ilhas e ilhotas, o arquipélago de Alcatrazes, no litoral norte paulista, é considerado o maior berçário de aves marinhas do sudeste brasileiro e abriga espécies como a jararaca-de-alcatrazes e a perereca-de-alcatrazes, que só existem na região.

Vista aérea da Ilha de Alcatrazes, em São Sebatião, no litoral norte de São Paulo (foto: Ricardo Moura/Flickr-Creative Commons)

De 1980 a 2013, o paredão de rochas da ilha principal era usado como raia de tiros da Marinha brasileira. “O Ministério do Meio Ambiente (MMA) defende a criação do parque pela importância estratégica e geográfica do arquipélago, lugar de belezas exuberantes e habitat de diversas espécies endêmicas. A criação do parque permitiria a visitação controlada no arquipélago, antiga demanda da população do litoral norte de São Paulo”, segundo descrição no site do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).