Conheça a casa-museu do escritor José Saramago na Espanha
‘A Casa’ foi o refúgio do casal José Saramago e Pilar del Río, entre 1993 e 2010
No mesmo ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completava meio século, em 1998, o escritor José Saramago recebia na Suécia o Prêmio Nobel de Literatura.
Seria uma premiação cheia de coincidências significativas para o polêmico escritor que recusaria, um ano depois, o título de doutor honoris causa pela Universidade de Belém do Pará, em protesto contra o massacre de camponeses em Eldorado dos Carajás, em 1996.
Essa e outras histórias sobre o primeiro e único escritor de língua portuguesa a ganhar um Nobel podem ser escutadas em uma das experiências literárias (e turísticas) mais emocionantes em terras espanholas, ainda que a mil quilômetros dali e a 140 da costa da África.
Localizada no município de Tías, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, ‘A Casa’ foi o refúgio do casal Saramago e Pilar del Río, entre 1993 e 2010, ano de falecimento do escritor português.
A casa-museu abre suas portas para visitantes só até às 13h30, quando alguns membros da família retomam a rotina daquela residência que ainda abriga a família do escritor. E a gente nunca sabe se é um museu com alma de casa ou uma casa que virou museu.
Durante o tour guiado pela casa-museu, que o Viagem em Pauta teve a honra de conhecer ao lado de Juanjo, filho da viúva do escritor, o visitante passa por cômodos da casa que ainda guardam detalhes da biografia de Saramago.
Nessa ‘casa feita de livros’, como Saramago definiu a residência, é possível entrar no escritório onde foi escrito “Ensaio sobre a cegueira” e uma cópia do Prêmio Nobel de Literatura repousa na parede; ver alguns dos 16 mil livros na biblioteca que ainda guarda o computador usado pelo escritor; e até se sentar na cozinha, onde os guias do museu preparam um café português para os visitantes, hábito mantido desde a época em que Saramago passava algumas horas do dia no local.
O acervo abriga também obras que retratam personagens dos livros de Saramago, assinadas por artistas como Oscar Niemeyer e Carybé; objetos com materiais de Lanzarote, como o tapete de pedra vulcânica que Saramago cuidava, pessoalmente; sua coleção de tinteiros, canetas e corta-papéis, no escritório; e o relógio que, assim como todos os outros da casa, marca quatro da tarde, horário em que o escritor conheceu sua esposa Pilar.
Sobre Lanzarote
A mil quilômetros da Espanha, nas Ilhas Canárias, Lanzarote é um dos destinos mais surreais em território espanhol, onde repousam cerca de 200 vulcões.
Aonde quer que se vá, nessa Reserva da Biosfera da Unesco, vulcões de diferentes formatos e um mar de lavas sobre extensas áreas abertas são o cenário mais provável. Só para se ter uma ideia, das duas centenas de cones vulcânicos de toda a ilha, apenas duas não são vulcões: o Lomo Camacho e o Lomo S. Andrés.
O resto parece pura inspiração saída de capítulos de livros de ficção científica.
Tem bar que funciona dentro de lavas vulcânicas, parque nacional que abriga montanhas de fogo, vulcões com praias que são cenário de cinema (literalmente) e até um impressionante labirinto subterrâneo de cavernas, formado por bocas naturais que dão acesso a diferentes salões.
A CASA
Onde: Calle Los Topes 2, Tías (Lanzarote – Espanha)
Horário: De 2ª a sábado, das 10h às 14h30h (entrada até às 13h30)
Quanto: 8€
Informações: acasajosesaramago.com