Conheça a ilha do litoral de SP que é habitada apenas por cobras venenosas

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

A 30 km da costa de Itanhaém, no litoral sul de São Paulo, a Queimada Grande não conta com sinal de celular, não possui fonte de água potável e o acesso se dá por complexos desembarques sobre pedras, no agitado norte da ilha.

Mas isso é o de menos.

O maior temor dos únicos a terem autorização para desembarcar ali são as nada receptivas anfitriãs da ilha: a jararaca-ilhoa.

Vista da ilha da Queimada Grande, no litoral sul de SP; local é lar de uma das cobras mais venenosas do mundo

Considerada uma das serpentes mais perigosas do planeta, esse animal é a única espécie a manter residência fixa nesse pedaço de terra de 23 hectares, sobretudo no centro dessa ilha conhecida também como Ilha das Cobras.

Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o local abriga 2 mil serpentes, ou seja, são 86 cobras, aproximadamente, para cada hectare (1 hectare equivale a 10 mil m²).

Só para ter uma ideia do tamanho do medo que se pode passar por ali, estudo divulgado pela prefeitura de Itanhaém afirma que, em um único dia, é possível ficar de cara com 60 dessas serpentes.

Sem predadores e com a habilidade de subir em árvores, a jararaca-ilhoa domina essa ilha com acesso apenas para pesquisadores e sem praia para desembarque. Exclusivos das Ilhas da Queimada Pequena e Grande, esses animais teriam ficado na ilha, após o fim da última era glacial no planeta, há 10 mil anos, que isolaria esse morro com a subida do nível do mar.

A jararaca-ilhoa é considerada uma das serpentes mais perigosas do planeta

Em risco de extinção, essas serpentes são um aliado na criação de remédios contra doenças circulatórias e cardíacas.

Mergulho

Curiosamente, o local é um dos pontos de mergulho mais conhecidos do litoral sul de São Paulo.

Com profundidade média de 14 metros e visibilidade de 20 metros, a região é marcada por pedras e areia, onde podem ser vistos os naufrágios Rio Negro (1893) e Tocantins (1933), em melhor estado de conservação. A melhor época para a prática de mergulho vai de novembro a julho.