Curitibano cria projeto para viajar por países não reconhecidos pela ONU
Depois de passar três anos viajando pelo mundo ao lado da mulher, o engenheiro florestal Guilherme Canever, 38 anos, resolveu embarcar numa aventura inusitada: viajar por países “de facto” independentes mas com reconhecimento limitado.
São países que têm seu próprio governo, Exército, controle de imigração e muitas vezes até moeda própria, porém não fazem parte das Nações Unidas.
Neste projeto, batizado de “Países que não Existem”, o curitibano viajou sozinho sem a companhia da mulher Bianca Soprana. Até agora foram nove”países’ visitados –Somalilândia (região autônoma da Somália), Palestina, Saara Ocidental (antiga colônia espanhola ocupada pelo Marrocos) , Kosovo, Transnístria (região separatista da Moldova), Abecásia e Ossétia do Sul (repúblicas separatistas da Geórgia), Chipre do Norte e Nagorno-Karabakh (república separatista do Azerbaijão).
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Guilherme conta que a ideia do projeto surgiu em 2009 quando viajou pela Somalilândia, na sua primeira volta ao mundo.
“Foi meu primeiro contato com um país sem reconhecimento internacional. Tive que tirar visto, seguir as regras e usar a moeda deles. Fiquei muito impressionado, era como se fosse um universo paralelo. Uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo é conversar com as pessoas e em lugares como estes elas têm muitas histórias para contar”, diz o curitibano.
Apesar desses países não serem reconhecidos oficialmente, Guilherme conta que não encontrou dificuldades para entrar. “Alguns são muito tranquilos. No Kosovo e no Chipre do Norte, por exemplo, brasileiros não precisam de visto, mesmo o Brasil não os reconhecendo como soberanos”, conta.
Já nas regiões que vivem “conflitos congelados” a entrada foi mais burocrática. Pode existir a necessidade de registro como na República da Transnístria ou esperar semanas para uma resposta da aceitação do visto, como na Abecásia e Ossétia do Sul.
“Existem algumas dificuldades como conseguir informações precisas. O fato de não serem lugares turísticos, limita muito as informações praticas, até mesmo na internet. A comunicação muitas vezes não é fácil e é preciso tomar muito cuidado, pois seria perigoso se meter em encrencas em países onde não existem representações diplomáticas do Brasil”.
Guilherme conta ainda que muitos destes locais não aceitam nenhum tipo de cartão de crédito, portanto é preciso viajar com dinheiro vivo.
Sobre os custos das viagens, o engenheiro revela que a verba provém dos dois livros de viagem publicados. “Atualmente consigo viajar com a renda que eles me proporcionam”. Os livros a que Guilherme se referem são –“De Cape Town a Muscat – Uma aventura pela África” e “De Istambul a Nova Déli – Uma aventura pela Rota da Seda”, lançados pela pela editora Pulp, resultados da volta ao mundo que fez entre 2009 e 2011.
Sobre o próximo destino: “Nada planejado ainda, mas adoraria ir para o Oeste da África, vamos ver!”. Leia os relados das viagens no blog “Saíporaí” ou pelo Facebook.