Deserto do Atacama, o que há de melhor no Chile

05/04/2017 04:39 / Atualizado em 07/05/2020 04:43

Vou começar esse post fazendo uma confissão para você… Desde que iniciei essa história de perfil de viagens, vi muita gente postando coisa sobre o Atacama, mas nunca me senti verdadeiramente atraída pelo lugar. Achava legal e tal, mas tudo muito igual. Até que resolvemos fazer uma ladies trip e o destino escolhido foi exatamente ele.

Admito que eu não estava no nível master de animação, tanto que estava focada em outra viagem e minha amiga ficou por conta do roteiro. Tudo resolvido, a Latam ajudou com uma promoção top de milhas e dois meses depois chegou o dia da viagem.

Fomos em 5 mulheres, dormindo a primeira e última noite em Santiago (por conta dos horários dos voos) e passando 5 noites em San Pedro de Atacama.

Quando chegamos à Calama eu comecei a ter uma suspeita: aquele lugar ia me fazer morder a língua.

Dito e feito.

O Deserto do Atacama não é apenas um amontoado de areia, sal e alguns lagos perdidos. É um lugar repleto de história, com cada paisagem mais maravilhosa que a outra (estilo fundo de tela do Windows) e, o principal, com uma energia e uma paz que simplesmente não tem como descrever. Só visitando para entender.

San Pedro de Atacama

A cidade base do Deserto do Atacama, está localizada a mais de 1.600km ao norte de Santiago, estando muito próxima da divisa com a Bolívia. Ela é cercada por três cordilheiras: Andes, Sal e Domyco. O principal vulcão da região é o Licancabur, com 5.920m de altura.

Esse vilarejo foi formado em um dos oásis do Deserto do Atacama, o mais árido do mundo. Ele possui pouco mais de 7.000 habitantes, mas recebe uma média de 30.000 visitantes por mês.

A principal rua é a Caracoles, onde está a maioria da agências de viagens e melhores restaurantes da região.

A vila é bem rústica, com estrada de terra, construções baixas e de barro, mas tudo muito charmosinho.

CÂMBIO E PREÇOS

A moeda oficial do Chile é o Peso Chileno. Na data que fui (março/2017) o câmbio era o seguinte:

  • Brasil: R$1,00 = CLP178,00
  • Aeroporto de Santiago: R$1,00 = CLP192,00
  • Centro de Santiago: R$1,00 = CLP205,00
  • San Pedro de Atacama: R$1,00 = CLP170,00

Como pôde perceber, trocar dinheiro em San Pedro é a maior furada da vida. Só faça em caso de necessidade.

 
  - Paul Fleet

Por conta dos meus horários, tive que trocar dinheiro no aeroporto. A Afex é a casa de câmbio de lá e é o mesmo valor em qualquer cabine. Se tiver que trocar dinheiro no aeroporto também, sugiro já fazer na cabine do desembarque, assim que sai do avião, pois é a mais vazia.

Sobre os preços, já tinha lido que tudo lá é muito caro, mas vou te falar que não achei diferente de Santiago. Tirando o mercado, o restante foi bem tranquilo.

Super importante: pague os hotéis em dólar!!!! Assim você evita pagar o IVA (imposto) de 19%. Se pagar em pesos chilenos esse imposto será cobrado.

COMO CHEGAR

San Pedro de Atacama está localizado no norte do Chile, a mais de 1.600km de distância de Santiago.

Para chegar lá você tem 3 opções:

  • Avião: Existe uma quantidade boa de voos diários à Calama, cidade mineradora que fica à 100km de San Pedro. Eles são operados pela Latam e Sky Airlines e possuem 2 horas de duração.
  • Carro: Sem parar, são quase 18 horas de estrada. Se optar por ir de carro, sugiro fortemente alugar um 4×4, pois a estrada lá é de terra.
  • Ônibus: A forma mais econômica e mais demorada. São 22 horas de viagem entre Santiago e San Pedro. A empresa que faz esse translado direto é a TurBus. A empresa Pullman Bus faz o trajeto Santiago x Calama.

Para quem opta pelo avião (tipo eu) ou ir pela Pullman Bus, é necessário pagar um transfer para San Pedro. Muita gente fecha o transfer ao chegar no aeroporto, mas nós resolvemos sair do Brasil com tudo certo. Quem nos buscou foi o Pablo, que também foi nosso guia durante toda a viagem. Pagamos 20.000 pesos (round trip) por pessoa no transfer privado. Se fosse regular seria 18.000 pesos para cada.

As estradas são incrivelmente boas. As de terra têm pouquíssimos buracos e são todas muito bem sinalizadas.

CLIMA

Olha, não é a toa que o Deserto do Atacama é o mais árido do mundo! O clima lá é seco demais!!! Do nível que fez meu nariz sangrar no dia que pisei lá. Para ter uma ideia, a quantidade média anual de chuva é de 25mm. Para efeito de comparação, No Rio de Janeiro a média do mês de julho (mês mais seco do ano) é de 55mm. O mês das chuvas em San Pedro é fevereiro, sendo que esse ano foi totalmente fora do normal. Choveu 40mm e fechou praticamente todas as atrações do Deserto do Atacama.

A parte boa dessa secura toda é que meu cabelo, naturalmente oleoso, ficou que nem de propaganda de shampoo, com um brilho espetacular e super lisinho. Ele só não ficou mais sedoso por conta da poeirada que dava uma leve endurecida nele.

Além de seco, o vilarejo está a 2.800m acima do nível do mar. Isso significa que você vai precisar de um período de adaptação, até mesmo porque tem alguns passeios que chegam a quase 5.000m de altitude! E vou te falar, você sente tá.. Pra subir 5 metros de ladeira o coração quase saiu pela boca…

Vamos ao clima mesmo: o Atacama é muito quente e muito frio! Sabe o que isso significa? Um caos na hora de fazer a mala. No verão a temperatura pode variar de 30ºC a 10ºC no mesmo dia e no inverno gira de 22ºC a 4ºC. Isso em San Pedro, porque nos passeios é muito pior, podendo chegar a -20ºC nos gêiseres por exemplo.

O sol é um caso à parte. Não se iluda com o dia que você estiver sob uma temperatura de 15ºC e achar que o sol não está queimando. Ele é terrível!!!!! Para você ter uma ideia, no único dia que banquei a doidona e não usei chapéu, pois estava 12ºC, o meu couro cabeludo ficou roxo, do tipo que dói na hora de tomar banho.

ROUPAS E MOCHILA

Sentiu como é o clima por lá né?! Eu já tenho um certo problema para arrumar mala, mas preparar a dessa viagem foi uma superação! Como imaginar que no mesmo dia você vai estar que nem um esquimó pela manhã e que nem a Garota de Ipanema pela tarde? É muito confuso para a minha mente.

A verdade é: não usei metade das roupas que levei. Só acertei mesmo na quantidade de sapatos. Vamos às recomendações:

  • Pé: chinelo, tênis de trekking (mais adequado para andar por lá) ou de academia, mas não leve um novo, porque vai voltar uma imundice, e uma botinha que você usa para viajar e ter algo diferente para vestir à noite;
  • Roupas: tenho uma resistência boa ao frio. Sinceramente, levei um monte de roupa de neve e usei nada, só um dia que realmente foi necessário. Como o sol é muito forte mesmo no frio, sugiro levar blusas de manga (mas leves) para proteger os braços do sol, um bom casaco corta-vento e/ou de neve, calça jeans, legging e short. Se você tiver curiosidade e clicar nos links para os passeios, em cada um tem a dica específica do que vestir ali.

Nem sonhe em sair para os passeios sem chapéu. Como descrevi no item anterior, ele castiga com força e não é legal marcar bobeira.

Na mochila você deve colocar alguns itens imprescindíveis:

  • Água (pelo menos 1 litro por pessoa por passeio);
  • Hidratante labial;
  • Protetor solar;
  • Soro fisiológico para o nariz;
  • Chapéu;
  • Casaco;
  • Luva e cachecol para quem sente mais frio;
  • Chiclete e chocolate (ajudam a amenizar os sintomas da altitude);
  • Remédio de enjoo e dor de cabeça (principais efeitos colaterais da altitude).

HOSPEDAGEM

O que não falta em San Pedro são opções de hospedagem dos mais variados preços e estilos.

Eu fiquei num de categoria média, o Hotel Dunas. Bem localizado, com café da manhã gostoso, quartos espaçosos e limpo.

RESTAURANTES E BALADAS

Uma coisa que fizemos foi comer bem nesse lugar! Dos restaurantes mais baratos aos mais caros, tudo estava gostoso!

Na maioria dos restaurantes existe o menu de refeição, com entrada e prato principal (alguns com sobremesa também). Os que vi variam de 4.000 a 10.000 pesos. O horário de almoço vai até as 16h ou 16h30, depende do restaurante.

  • Mal de Puna – $ – Comida gostosa e tem balada à noite.
  • La Pica del Índio – $ – Um dos mais procurados da cidade. Os pratos são bem servidos.