Dicas para não cair no golpe da falsa ‘aurora boreal’

Especialista denuncia uso de fotos alteradas e o impacto disso na experiência dos turistas que viajam ao Ártico em busca do fenômeno

08/02/2025 19:01

A aurora boreal é um dos fenômenos mais deslumbrantes da natureza, mas a desinformação crescente nas redes sociais tem prejudicado a experiência real de quem sonha em testemunhar esse espetáculo.

A enxurrada de vídeos gerados por inteligência artificial, imagens editadas de maneira irrealista e promessas falsas criam expectativas distorcidas sobre o fenômeno, gerando frustrações e até colocando turistas em risco.

Registro da aurora boreal alterado com tecnologia
Registro da aurora boreal alterado com tecnologia - Divulgação

Guias especializados que atuam no Ártico enfrentam um desafio duplo. Além de conduzir expedições em um dos ambientes mais inóspitos do planeta, precisam lidar com a crescente influência de conteúdos enganosos que fazem com que visitantes cheguem despreparados e com percepções equivocadas.

Para Marco Brotto, conhecido como “caçador de aurora boreal” e como mais de 160 expedições no currículo,  “a maioria das imagens e vídeos que viralizam sobre a aurora boreal são falsas”.

“Cada vez mais influenciadores e turistas sem qualquer preparo para o Ártico saem em busca do fenômeno baseados apenas em aplicativos e vídeos irreais. Eles não conhecem os riscos das estradas, as condições climáticas extremas e, quando finalmente encontram a aurora, muitas vezes ridicularizam sua aparência real porque não corresponde às expectativas criadas por imagens manipuladas”, alerta Brotto.

“As melhores auroras da década”

Outro problema grave apontado por Brotto é a comercialização irresponsável da experiência, com promessas infundadas sobre “as melhores auroras da década” e datas erradas para a visualização do fenômeno. “

“A desinformação leva muitos turistas a contratarem serviços de baixa qualidade, sem qualquer suporte profissional”, alerta ele.

Registro da aurora boreal alterado com tecnologia
Registro da aurora boreal alterado com tecnologia - Divulgação

Marco Brotto se diz indignado ao ver agências “brincando” com o sonho de outras pessoas, divulgando imagens irreais, orientações equivocadas e, sem qualquer experiência, prometendo aquilo que não conhecem.

“Luto pelas minhas conquistas e pelo que acredito. Quero que as pessoas realizem o sonho de ver a aurora de forma segura, com informações corretas e guiadas por especialistas”. 

Expedições pelo Ártico

Após anos liderando grupos no Ártico, Brotto estabeleceu um formato de expedições que atendem viajantes de todas as idades, a partir de 8 anos. “O que eu garanto, sempre, é que será uma experiência inesquecível e genuína. O restante, é com a natureza. Ninguém manda nas auroras, nem a tecnologia”, afirma.

“A desinformação vai tão longe, que recentemente vi um filme falando que não existia relógio numa ilha na Noruega chamada Sommarøy. Na verdade, existem duas ilhas com esse nome e nenhuma delas tem esse fato do relógio. Até houve um debate recente sobre isso –abolir os relógios– um ato nunca consumado. E nem todas as imagens utilizadas no filme não são de alguma das duas ilhas”, exemplifica ele.

Com uma equipe formada por profissionais experientes, o “caçador de aurora boreal” foca em pacotes que incluem acompanhamento especializado, explicações científicas sobre o fenômeno, orientações sobre a bagagem adequada e itens necessários para que a busca pela aurora seja realizada com responsabilidade e respeito à natureza.