El Chaltén, capital argentina da aventura

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado

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Créditos: ADRIANO ESCANHUELA
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Maciço Fitz Roy e Torre vistos, por sorte, do avião[/img]

Acima de tudo a natureza.

Província de Santa Cruz, Patagônia. Nesse extremo do planeta, na vasta paisagem desolada das estepes com suas mesetas cinzas, bosques andinos, glaciais, cachoeiras, rios caudalosos, floresta petrificada, e lagos de tonalidade água-marinha, erguem-se o que os geólogos chamam de a mais espetacular convulsão geológica que a crosta terrestre lançou ao céu –os Cerros Torre (3.133 mts) e Fitz Roy (3.405 mts). A natureza dali não conhece o meio-termo: paredões rochosos abruptos, como o Cerro Elétrico, assim denominado por ter um pico branco e o outro vermelho, servem como treinamento para os alpinistas escalarem as altas montanhas.

O que também nos impressionou nessa paisagem extrema foram os dias patagônicos –um dia de sol e calor com o céu azul sem nuvens, e no outro cinza grafite com chuva fina acompanhada de nevasca. Pensando bem, isso não é legal? Mas é o vento o senhor da Patagônia.

Quando os ventos surgem, vindos de várias direções, parecem dizer: “pegue esse aventureiro aí, e jogue para mim”. Isso sem contar no ‘Ventarrón’, para uns ou canhão de vento para outros. Este te derruba, e se você estiver dirigindo ele pode levar seu carro para fora da estrada. E isto vale para as embarcações que chegam a adernar quando este vento, dono do pedaço atinge o barco.

É arriscado dar dicas para esportistas, pois podemos incorrer no “déjà-vu”. O certo é que a natureza de El Chaltén é promessa de muita adrenalina todo o tempo. Ali vive-se a aventura. Ela está incorporada nas maravilhas naturais da região.

Considere seu apetite de aventureiro fisgado no trekking, ou na caminhada sobre geleira, biking, cavalgadas, 4×4 Off Road, quadriciclos, rafting no rio Santa Cruz, e nas escaladas das altas montanhas. Aqui vale uma pausa: encontramos vários alpinistas europeus que se preparavam para subir o Fitz Roy, que naquele dia não estava visível.  Todos afirmaram que para escalar essa desafiadora montanha treinaram nas Dolomitas, uma cadeia montanhosa nos Alpes italianos, cuja topografia é similar àquela da Argentina, porém mais fácil para escalar.


A Argentina original vai aparecer numa viagem que persiga sua natureza tão diferente da nossa. O caminho já é uma grande aventura. Chegar em Santa Cruz, Província argentina mais austral no continente, por carro, passando por seus desertos, montanhas coloridas, geleiras (falaremos delas em outra reportagem), e altas montanhas nevadas, é pé na estrada e muito chão. De Buenos Aires a El Chaltén são aproximadamente 2700 km. Mas se a vontade for chegar logo ao destino, há voos da capital para El Calafate com três horas de duração, e de lá para El Chaltén são mais três em estrada asfaltada.


Vamos resumir algumas informações úteis para quando você for. Não existe época ideal, verão ou inverno, em cada uma delas você encontrará uma natureza extrema e desafiante para a prática de seu esporte favorito. Se os glaciais se tornam mais bonitos no inverno quando predomina o azul intenso, o verão é mais concorrido para os esportes terrestres, pois as temperaturas se mantêm ao redor dos 28°C.

El Chaltén é a cidade mais nova da Argentina, fundada na década 1980 para marcar soberania sobre o território, e ali não faltam hotéis, hostels, chalés, restaurantes, e agências de turismo. Mas nossa opção foi ficar em El Calafate, ponto de partida para diversas atividades, passeios e excursões.

Enfim, em El Chaltén lembramos das palavras do escritor Joseph Conrad: “uma viagem, qualquer viagem que iniciemos com espírito aventureiro, acaba por ser recordada como um romance” .


Onde ficar

Nossa escolha foi o Hotel El Cantera (administrado por Tandem), a 400 mts do centro da cidade. Quartos amplos com vista para o Lago Argentino aliado a um farto café da manhã.

Onde comer

Não faltam opções na cidade que é bem servida (sem trocadilho) por bons restaurantes com a típica culinária argentina da região (cordeiro e salmão), dentre eles o restaurante do Hotel Posada Los Alamos. Mas se for para abrir ou fechar com chave de ouro sua estadia, vale, e muito, o restaurante La Comarca, no Hotel Los Sauces.

Quem leva

Para acompanhar os aventureiros, os programas e guias da agência Criollos Turismo devem ser considerados.