Eleições aumentam interesse do brasileiro em sair do país
No entanto, a mudança não é tão simples assim, principalmente para quem deseja morar nos EUA; especialista explica
Independente de qual seja o resultado das urnas no próximo domingo, 30, muitos brasileiros vão manifestar desejo de mudar de país Essa tendência foi vista um dia após a votação do primeiro turno, com uma alta no volume de buscas, em especial por Portugal.
No dia seguinte ao pleito, a plataforma Google Trends revelou que o volume de buscas por termos como “mudar para Portugal” e “como morar em Portugal” disparou. A feramente também registrou grande interesse dos brasileiros por consultoria legal para solicitação de vistos para os Estados Unidos.
No entanto, embora esses resultados aumentem o interesse em sair do país tanto entre lulistas quanto em bolsonaristas, a mudança não é tão simples assim, principalmente no caso dos EUA.
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Entre o desejo de sair do Brasil e o processo de imigração existem barreiras como questões financeiras e falta de capacitação profissional.
“Existem três caminhos básicos para quem deseja um visto que garanta o Green Card para si e para a família. Primeiro, profissionais com carreiras consolidadas e ótima formação acadêmica. Segundo, profissionais que desejam empreender nos EUA e tenha um robusto “business plan”. E terceiro, investidores qualificados”, explica Liz Dell’Ome, fundadora do escritório Dell’Ome Law Firm, especializado especializado em imigração de brasileiros com sede em Nova York.
A advogada explica que, normalmente, o perfil médio de quem procura essa mudança é de famílias de classe média, motivadas por segurança e educação para os filhos. Em geral é um público a partir de 35 anos, com dois filhos e com carreira já desenvolvida no Brasil. “O inglês fluente não é uma exigência imigratória, mas ajuda já que o processo é neste idioma”, afirma Liz.
No caso de quem busca Green Card baseado em emprego, chamado de visto EB — os Estados Unidos devem emitir cerca de 200 mil vistos de trabalho no ano fiscal de 2023, que começou este mês e se encerra em setembro de 2023–, o solicitante precisa comprovar que contribuiu de forma significativa para sua área de atuação no Brasil.
“Por exemplo, um administrador de empresas tem que mostrar os resultados financeiros positivos da sua gestão administrativa. Também é necessário provar para o oficial de imigração que a carreira tem continuidade tanto no Brasil quanto nos EUA, portanto ela é essencial para ambas as economias”, completa a advogada.
Barreira financeira e jeitinho brasileiro
Para quem deseja se mudar, planejamento financeiro é o primeiro passo. “Aí temos o calcanhar de Aquiles, já que pesquisas mostram que metade dos brasileiros não consegue se planejar para o futuro”, ressalta Liz Dell’Ome.
O processo de imigração tem um investimento elevado, mesmo para famílias de classe média. O valor inicial é de aproximadamente R$ 75 mil por família. Se imaginarmos uma família com 4 pessoas, seriam necessários, de saída, R$ 100 mil, para cobrir além dos honorários as taxas do governo americano e outros serviços como traduções de documentos e avaliações de certificações acadêmicas.
Pode-se até pensar em excluir desse preço a contratação de um advogado especializado, mas a economia não é recomendada. Em alguma fase do processo será necessário o auxílio legal para revisão de documentos, e até algum recurso ou contextualização legal perante o Departamento de Imigração dos EUA.
De acordo com a advogada, o problema é que dificilmente um advogado de imigração aceitará um caso já em andamento, por não ter o histórico daquele processo, ou os detalhes e minúcias contidos no caso, o que podem aumentar a chance de uma negativa imigratória.
Além desse valor, é preciso também ter condições financeiras para se sustentar no país. E, acima de tudo, é fundamental comprovar que a chegada dessa família ao país contribuirá com a economia local, seja demonstrando uma qualificação profissional excepcional, ou abrindo um negócio para gerar empregos.
“Para provar capacidade financeira é preciso mostrar que o potencial profissional do imigrante foi o que gerou tais recursos. Uma das formas de demonstrar isso é com a declaração de Imposto de Renda, daí novamente temos uma barreira cultural importante. Em muitos casos, os brasileiros fazem suas declarações como isentos para escaparem de arrecadação pelo Fisco, o chamado ‘jeitinho brasileiro’. As autoridades de imigração americanas são treinadas para identificarem qualquer suspeita de fraude ou omissão em impostos, o que, não tão raro, torna o imigrante inelegível para o visto americano de trabalho”, salienta a advogada brasileira especializada em expatriação.