EUA eliminam obrigação de tirar os sapatos em aeroportos
Medida será suspensa gradualmente em diversos terminais, começando pelos aeroportos de Baltimore, Fort Lauderdale e da Filadélfia
Se você já viajou para os Estados Unidos, provavelmente passou por aquele momento constrangedor de tirar os sapatos na fila do raio-X. A cena virou rotina desde 2006, quando a Administração de Segurança no Transporte (TSA, na sigla em inglês) tornou obrigatória a retirada dos calçados como medida de segurança. Mas essa prática está prestes a virar história.
A nova diretriz, anunciada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, marca uma virada na política de inspeção dos aeroportos americanos. A exigência, que surgiu após o caso do “homem-bomba do sapato” em 2001, será suspensa gradualmente em diversos terminais, começando pelos aeroportos de Baltimore, Fort Lauderdale e da Filadélfia.

A decisão acompanha avanços tecnológicos nos equipamentos de triagem, que agora conseguem detectar ameaças sem a necessidade de retirar os calçados. Além de alinhar os EUA com práticas adotadas em hubs internacionais como Dubai, Cingapura e países da União Europeia, a mudança promete tornar o embarque mais ágil e confortável para milhões de passageiros.
Tecnologia que vê além dos sapatos
A principal razão para a mudança está na evolução dos sistemas de raio-X. Os novos scanners são capazes de identificar objetos suspeitos mesmo com os sapatos nos pés, eliminando a necessidade de inspeção manual. Segundo a TSA, a atualização faz parte de um esforço contínuo para melhorar a experiência dos viajantes sem comprometer a segurança.
Essa tecnologia já era utilizada por passageiros do programa TSA PreCheck, que pagam cerca de US$ 80 por cinco anos para evitar filas e manter os sapatos durante a triagem. Com a nova política, esse benefício será estendido a todos os viajantes, o que pode inclusive impactar o valor do programa.
Menos filas, mais fluidez
A expectativa é que o fim da regra dos sapatos no raio-X reduza significativamente o tempo de espera nos postos de controle. Especialistas apontam que a medida pode aumentar o fluxo de passageiros e facilitar conexões em aeroportos movimentados como Miami, Nova York e Los Angeles.

Wilson Silva, diretor de marketing da R3 Viagens, destaca que a mudança é especialmente positiva para turistas brasileiros. “A retirada dos sapatos sempre foi vista como uma etapa cansativa e pouco eficiente. Agora, com o uso de tecnologia, é possível manter a segurança e ao mesmo tempo proporcionar mais conforto e agilidade”.
A origem da regra dos sapatos
A obrigatoriedade de tirar os sapatos surgiu após o atentado frustrado de Richard Reid, em 2001. Conhecido como o “homem-bomba do sapato”, Reid tentou detonar explosivos escondidos em seus tênis durante um voo da American Airlines entre Paris e Miami. O episódio levou a TSA a adotar medidas mais rígidas, incluindo a inspeção obrigatória dos calçados.
Apesar da intenção de reforçar a segurança, a regra foi alvo de críticas ao longo dos anos. Muitos especialistas consideravam a prática um exemplo de “teatro de segurança” — ações que dão a impressão de proteção, mas têm eficácia limitada.
O que muda para quem viaja agora
A suspensão da regra será gradual e ainda não foi oficializada em todos os aeroportos. A TSA informou que quaisquer atualizações serão divulgadas por canais oficiais. Por enquanto, passageiros devem seguir as orientações locais e ficar atentos às mudanças nos procedimentos de triagem.
Para quem está com viagem marcada para os EUA, vale verificar se o aeroporto de destino já implementou a nova política. A tendência é que, nos próximos meses, mais terminais adotem o modelo, tornando a experiência de embarque mais fluida e menos estressante.
A medida deve beneficiar não apenas os viajantes frequentes, mas também o turismo internacional. Com menos burocracia na inspeção, os EUA se tornam um destino mais atrativo, especialmente para quem viaja com crianças, idosos ou tem mobilidade reduzida.
Além disso, a mudança pode influenciar outros países a revisarem suas políticas de segurança aeroportuária. Afinal, se a tecnologia permite manter o nível de proteção sem exigir que os passageiros fiquem descalços, por que não seguir o exemplo?