Exótico para brasileiros, insetos são iguarias na gastronomia mexicana
Haja estômago para encarar uma maionese de formigas num dos restaurantes mais prestigiados da capital mexicana ou uma porção de gafanhotos fritos picantes em uma barraquinha de rua em Oaxaca de Juárez. Ou ainda para comer um croquete de caviar asteca, que nada mais é que ovas de mosquito aquático. Mas, claro, isso para nós brasileiros.
No México, insetos e larvas sustentaram por séculos os guerreiros astecas com seu valor nutricional rico em proteína e fazem parte da tradição gastronômica local. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o país conta com o maior número de insetos comestíveis do mundo, cerca de 500 espécies. Ficou assustado? Calma. Não precisa rezar três Aves Marias para a “Nossa Senhora do Guacamole”.
A atriz Salma Hayek, que faz questão de valorizar as tradições de seu país natal sempre que pode, mostrou recentemente em sua conta no Instagram que aprecia a típica culinária mexicana, publicando um vídeo (assista aqui) onde come um “chapulín” –uma espécie de gafanhoto bastante comercializado na região de Oaxaca, no México—, deixando seus seguidores impressionados com a cena.
E a verdade é que, superada a sensação de nojinho, insetos podem ter um gosto agradável, sim, além de serem boa fonte de vitaminas, lipídeos de qualidade, fibras, minerais e proteínas.
Vale ressaltar que para incluir os bichinhos no cardápio não adianta ir caçar no quintal de casa. Assim como qualquer outro animal, os insetos podem estar contaminados e transmitir doenças. Portanto, a melhor maneira de comer sem preocupação é comprar de lugares confiáveis, que criam insetos em cativeiro para este fim.
Sem mais delongas, escolhemos três espécies para você tentar provar quando for ao México:
1 – Chapulines (gafanhotos): Estes insetos são os mais consumidos do país, e serviram de inspiração para o personagem do Chapolin Colorado. Eles são recolhidos apenas em determinadas épocas do ano (da eclosão no início de maio até o final do verão/início do outono). Depois de serem cuidadosamente limpos e lavados, eles são torrados em um comal (chapa de ferro) e normalmente temperados com alho, suco de limão, sal e podem vir com um toque de pimenta. Há quem diga que o gosto lembra o de camarão, só que que um pouco mais forte. Os chapulines são populares em Oaxaca, em áreas próximas à Cidade do México como Tepoztlán, Cuernavaca e Puebla.
2 – Gusanos (larvas de agave): Este inseto é um excelente representante da categoria no México. Isso porque essas larvas se desenvolvem em meio as plantações de agave –matéria prima do mezcal, uma das bebidas símbolos do país. Quem adquirir uma garrafa legítima da bebida encontrará no fundo o verme vermelho ou branco dando um toque especial ao sabor. Alguns garantem que a larva tem poder afrodisíaco, porém após tomar umas doses de mezcal, tudo pode ser. Dá para comer também os gusanos fritos na manteiga, acompanhados com guacamole, ou como tempero para salgar a carne.
3 – Escamoles (ovas de formiga): Entre fim de fevereiro e começo de março dá-se início a safra de escamole. Assim como o caviar é tido como uma fina iguaria em muitos países, em Puebla as ovas de peixe dão lugar às ovas de formiga. Os habitantes locais criaram um taco em que as ovas são misturadas à guacamole picante, mas comumente são preparados na manteiga e refogados com alho e cebola. As ovas macias de formiga chegam a parecer um risoto se vista de longe e têm uma textura de queijo cottage na boca.
Onde provar
A Gruta: Este restaurante fica dentro de uma caverna perto da zona arqueológica de Teotihuacan. Em seu menu o visitante encontra caracóis e larvas extraídos da base das folhas de agave. Você pode provar os escamoles preparados com panquecas e arroz branco.
Onde: Teotihuacan, Estado do México. Tel.: + 52 55314877 e 52022775
Fonda El Refugio: A forma mais tradicional para comer larvas brancas ou vermelhos de agave é frito em banha de porco, manteiga ou azeite e servido com guacamole. Aqui também é possível provar ovas de formiga douradas na manteiga e servidas para comer como aperitivo. Combine com uma margarita e have fun!
Onde: Liverpool 166 Zona Rosa, Cuauhtemoc, 06600. Tel.: + 52 5207 2732
Sabor de Luna: Aqui, escamoles são preparados com pimenta, manteiga e um toque de mezcal. Gafanhotos e cebolas são dourados no azeite ou na manteiga. Ambos são servidos com guacamole de acompanhamento. Um prato de gusanos sai por 350 pesos e o de chapulines por 150.
Onde: Guadalupe I. Ramirez 180 B, Barrio San Marcos, Xochimilco, Cidade do México. Tel.: 5.489-6.407
Mercado de San Juan: No coração do Centro Histórico da Cidade do México, neste o visitante encontrará no terceiro corredor inúmeros tipos de insetos para comer. O quilo de escamole sai por 150 pesos e o saco dos gafanhotos por cerca de 50 pesos.
Onde: Ernesto Pugibet No. 21, entre marroquinos e José María Luis Mora, a 4 quarteirões do eixo central e da estação de San Juan de Letran da linha de metro 8
Pujol: Aqui é para provar uma versão super gourmet. Tente o feijão com erva, clara em neve e molho de chapulín, ou o prato de milho com maionese de formiga chicatana, toque de café e chile consteño (pimenta).
Onde: Petrarca 254, Polanco, 11550 Ciudad de México, D.F., México. Tel.: + 52 55 5545 3507