Florença e suas faces artísticas
Maiara Barbosa, do blog Meu Destino é Logo Ali, conta como foi conhecer 'o berço' do Renascimento
Apesar do Renascimento ter sido entre os séculos 14 e 16, Florença é uma cidade que ainda vive a efervescência cultural daquela época. Mais do que importantes museus e galerias de arte, andar pelas ruas marcadas por pequenos prédios em tons terracotas é encontrar arte em todos os cantos.
Florença é uma cidade para ser visitada com calma. É necessário se perder no tempo para compreender a grandiosidade de uma pequena cidade, com pouco mais de 370 mil habitantes.
Músicos dão a trilha sonora para as praças: com os primeiros acordes em um velho violão, uma pequena multidão se junta e transforma o local em um palco para o show. Palhaços divertem as crianças com truques antigos, mas que ainda assim, são capazes de arrancarem risadas até de quem já ostenta cabelos brancos e rugas no rosto.
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Ao dobrar cada esquina, uma igreja imponente ou palácio se descortina em nossa visão e nos intriga com os detalhes da arquitetura. Em dias de sol, então, a cidade toda se parece com uma pintura, tamanha sua capacidade de ser fotogênica.
Uma das expressões artísticas mais vivas na cidade é a memória do criador do personagem de Pinóquio. O artista, que atendia pelo pseudônimo de Carlo Collodi, nasceu em Florença no ano de 1826. Até hoje a figura do boneco é reproduzida em lápis, chaveiros e demais souvenirs e alimenta o imaginário das crianças.
Catedral de Florença
A arte que se vê na fachada da Catedral de Santa Maria Del Fiore é capaz de arrancar um suspiro até dos mais céticos. A construção começou em 1296 e em seu interior estão obras como a Divina Comédia, de Dante, e vitrais feitos por Donatello.
São mais de 86 metros de altura e 153 de extensão revestidos por mármores verdes e rosas, onde foram esculpidos inúmeros detalhes e desenhos. O Duomo, como é chamada a cúpula da igreja, foi feita sem amarrações de ferro ou madeira e, até hoje, surpreende matemáticos e arquitetos pela habilidade de quem projetou a estrutura.
Na companhia de um guia, é possível visitar o interior da igreja, o Duomo e também o batistério — um prédio anexo, em frente à Catedral.
Ponte Vecchio
Mãos cuidadosas esculpiram diversas pequenas obras de artes expostas nas vitrines das lojas de joias na Ponte Vecchio. São anéis, correntes, pulseiras e brincos trabalhados em pedras preciosas que reluzem a habilidade de joalheiros que trabalham no local, derretendo, gravando e esculpindo ouro e outros metais preciosos há mais de 400 anos.
Mesmo de longe, a Ponte Vecchio já chama a atenção pelas cores das lojinhas vistas de fora e os pequenos barcos que, lentamente, cruzam o Rio Arno. A ponte recebe centenas de visitantes todos os dias e vale lembrar que esta foi a única ponte poupada dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial.
Piazzale Michelangelo
Um bom lugar para se observar toda a arte que permeia a cidade é a Piazzale Michelangelo. De lá se tem uma vista panorâmica da cidade que cresceu às margens do Rio Arno e encontra as montanhas da região da Toscana.
A praça fica cerca de 20 minutos a pé distante do Centro. O caminho até lá é carregado de surpresas, como lambretas e os antigos modelos do Fiat 500 estacionados na rua, mulheres no parapeito da janela e flores penduradas em vasos colorindo as ruas.
Para chegar até lá é preciso enfrentar uma escadaria. No final do percurso é possível sentir a brisa como troféu de quem venceu a sequência de degraus. Relaxar, observar e admirar são as palavras de ordem. Há quem diga que lá é o melhor lugar para se comprar lembrancinhas, com preços mais em conta.
Alguns bancos e pequenos lances de escadas foram estrategicamente posicionados para se possa passar horas observando a cidade, sua calmaria. Diversão é buscar os monumentos e ruas, agora do alto, antes percorridos pelas travessas da cidade como num jogo de tabuleiro.
Na descida, vale uma parada no The Rose Garden, que fica na primeira entrada à direita. São mais de 350 tipos de flores que cobrem o gramado do jardim criado em 1865 e atraem, além de visitantes, espécies de pássaros e abelhas. A visitação é gratuita.
Para os amantes da arte, ainda destaco o majestoso Palacio Pitti, a Galeria dell’ Accademia e Galeria degli Uffizi.
Paladar
Para conhecer melhor a gastronomia italiana, não é preciso enfrentar filas ou disputar uma reserva com semanas de antecedência em restaurantes cobiçados. Cada cantina, por mais simples que aparenta ser, é guardiã de temperos e combinações únicas que nos fazem acreditar na premissa que a melhor comida do mundo é a italiana.
Uma boa pedida é uma visita ao Mercado Central de Florença, onde você encontra especiarias, massas e uma vasta praça de alimentação no primeiro andar. Um prato tradicional da cidade é a Bistecca alla Fiorentina, sendo que a bisteca típica da região é servida mal passada.
Há quem diga também que os gelatos vendidos por lá, com casquinhas de nozes e chocolate, são os melhores da Itália. O sabor nos faz fechar os olhos e focar nosso pensamento naquele momento, torcendo para que não se acabe tão cedo.
Não há nenhum informativo a respeito disso, mas uma certa amnésia pode acometer quem se delicia pelos sabores de Florença. Os mais suscetíveis a este mal, aliás, são os gulosos em primeira viagem pela Itália. De tão inebriada diante da grande oferta de sabores de chocolate, morango e outras frutas, nem me lembro das opções que provei para deixar de sugestão!