Fotógrafos percorrem 4 mil km para mostrar identidade cultural do Tocantins

05/05/2015 13:22 / Atualizado em 06/05/2020 20:56

Quatro renomados fotógrafos paulistas percorreram cerca de 4 mil km para registrar a história contemporânea do Tocantins 26 após anos sua criação. Filipe Redondo, Gabo Morales, Leonardo Soares e Rodrigo Capote, do Coletivo Trëma, visitaram mais de 2o cidades em busca da identidade e cultura do povo tocantinense.

Criado em 2013, o Coletivo Trëma se dedica à fotografia documental e editorial com apreço especial às manifestações identitárias brasileiras e expansão da percepção de fronteira. Em janeiro deste ano, os profissionais colocaram em prática o projeto Lagoa da Confusão: Wanderlândia, contemplado em 2014 com o 14º Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia.

“Seria impossível documentar todo o território de mais de 300 mil quilômetros quadrados do Estado, por isso propomos um itinerário que abarca as cinco regiões a partir do centro que abriga a capital, Palmas. De lá, seguimos para as regiões de Lagoa da Confusão, a oeste, depois para Wanderlândia, ao norte, Natividade, sul, e por fim Mateiros, no oeste”, explica Redondo. “Nosso objetivo é fazer um mergulho visual sobre a identidade de um povo 26 anos após a invenção de uma nova fronteira, a criação do Estado do Tocantins”, completa.

Pelas estradas os fotógrafos registraram muito mais que cidades, paisagens e retratos. O trabalho final se propõe a oferecer uma representação cultural e artística do estado e reúne histórias e registros de tocantinenses como a mãe de santo Romana Pereira da Silva, a Mãe Romana, que recebe seguidores em uma chácara na cidade de Natividade, onde funciona um abrigo para um futuro apocalíptico. E da professora e estudante de Direito Carleane Rodrigues, de Monte Carmo, filha de garimpeiro e que afirma gostar de vestir ouro. Ou ainda do maranhense João Pereira da Silva, dono do Hotel Wanderlândia. No Estado desde 1990, o ex-garimpeiro e lavrador acredita que a nova fronteira não trouxe melhorias. “Pra mim a criação do Estado não mudou em nada”, diz Silva.

Após a expedição, o Coletivo desenvolveu uma plataforma on-line com o material captado. “O objetivo é tornar o conteúdo que for produzido acessível a todos. Buscamos ainda fomentar a integração entre diferentes manifestações artísticas e culturais do Tocantins e estimular intervenções sociais”, completa Redondo.

O site www.fronteiras.org reúne fotos, vídeos e áudios captados durante a produção do projeto. Na internet, o conteúdo é apresentado de forma acessível e interativa em uma ferramenta designada para ser ao mesmo tempo educacional e instigante. Na página, o visitante será convidado a seguir os passos das expedições criadas pela Trëma e assim conhecer manifestações culturais e sociais, pessoas e paisagens naturais e urbanas do Tocantins.

O material foi editado em um livreto impresso com 300 cópias, distribuído gratuitamente entre escolas e instituições públicas.