Gratuito, V&A Dundee abre na Escócia e vira cartão-postal mundial
Museu projetado pelo arquiteto Kengo Kuma é o primeiro Victoria & Albert fora de Londres
Inaugurado em setembro na Escócia, o museu V&A Dundee já entrou para a lista de cartões-postais imperdíveis de viajantes no mundo todo.
O museu de arquitetura dramática às margens do rio Tay é daqueles projetos que você fica pasmo com o desenho, procura o melhor ângulo para fotografar e sai de lá apaixonado, transpirando ideias e arte.
Trata-se do primeiro Victoria & Albert Museum fora de Londres. Em um mês, o museu já recebeu 100 mil pessoas.
O novo marco da arquitetônico foi projetado pelo japonês Kengo Kuma, arquiteto responsável pelo estádio Olímpico de Tokyo, para Olimpíadas no Japão em 2020.
O museu é irmão do primeiro V&A, de Londres, de 1852, que leva o nome da rainha Victoria. Ela vestiu a coroa em 1837 e se casou com Albert, o principal entusiasta do museu.
Agora, o V&A Dundee reúne arte e design escocês em um só lugar com entrada gratuita. De acordo com Kengo Kuma, “uma nova sala de estar para a cidade”.
“A living room for the City” foi a frase usada pelo arquiteto japonês Kengo Kuma na inauguração, em setembro.
Perguntado sobre a vedete do projeto todo, ele respondeu que adorou a pequena caverna de ligação formada entre o rio e a cidade.
E realmente o lugar é um forte candidato para as suas melhores fotos de viagem.
O museu demorou três anos para ser construído e custou 80 milhões de libras.
Kuma, professor da Universidade de Tokyo e arquiteto que coleciona prêmios pelo mundo, desenhou o V&A para reconectar a cidade à natureza. O rio ao espaço urbano.
“Inspirei-me em penhascos do nordeste da Escócia. É como se a terra e a água tivessem uma longa conversa e, finalmente, criassem essa forma impressionante”, diz.
Dentro do V&A Dundee
Mais de 300 exposições de design escocês estão no centro do museu, no Socottish Design Galleries.
De cara, ao subir as escadas para as galerias, um painel gigante da artista Ciara Phillips é a primeira experiência visual dos visitantes. A artista é vendedora de um Turner Prize – premiação anual a britânicos no Tate Modern, em Londres,
Entre os objetos de design garimpados pela curadora do museu, Joanna Norman, em toda Escócia, o lugar exibe 200 peças nas galerias.
As peças ímpares no design vão de jóias a vestidos fashion, como este do escocês Christopher Kane, de 2015, com desenhos de corpos nus.
OAK Room
No centro destas galerias está a OAK Room, a mais emblemática do museu. Vitrais coloridos iluminam a sala gigante de madeira projetada para ser um tradicional tea room escocês.
Trata-se da restauração histórica de um projeto de interiores feito pelo arquiteto escocês Charles Rennie Mackintosh no começo do século 20.
É a maior obra de design de interiores feita por Mackintosh, artista que faria 150 anos em 2018. Também designer e artista plástico, o arquiteto foi uma das figuras mais criativas na Escócia no século 19.
Com apoio do governo, a OAK Room foi resgatada da destruição em 1971 e remontada no local como obra de arte permanente.
“Restaurar um (projeto de) Charles Rennie Mackintosh escondido por quase 50 anos foi uma das partes mais empolgantes da criação da V&A Dundee, diz Philip Long, diretor do museu.
A sala de 13,5 metros de altura e pé-direito duplo data de 1907.
“O trabalho de Mackintosh me ensinou que a transparência pode ser atingida na arquitetura com materiais naturais. Na OAK Room, as pessoas percebem o respeito dele pela natureza, e espero que conectem isso com o design do V&A Dundee”, acrescenta Kengo Kuma.
O museu tem café na parte térrea, onde também está a lojinha, além de um restaurante com vista para o Rio Tay na parte superior.
Por que Dundee?
Dundee, a quarta maior cidade da Escócia, foi declarada como uma das cidades Criativas do Design pela Unesco em 2014. São 69 em todo o mundo, incluindo a nossa Curitiba, além de Berlim, Bilbao e outras.
No século 19, Dundee se destacou como um centro têxtil e industrial da Escócia Essas antigas fábricas hoje abrigam centros de arte descolados, escolas, empresas de mídia digital e até hotéis, como o Hotel Índigo, uma dessas indústrias que se transformou com um projeto supermoderno.
A cidade também foi um porto importante importante do país, famoso pela construção de navios imensos. O museu foi construído estrategicamente ao lado do último navio de madeira feito em Dundee, o RRS Discovery, cuja primeira missão foi em 1901 à Antártida.
Com estratégia, incentivo à educação, investimento em universidades, em escolas de arte e criatividade, hoje se destaca como um dos polos importantes de mídia digital.
O V&A encontrou sua casa perfeita na cidade, que transpira criatividade, idéias, centros gratuitos para desenvolvimento de artes plásticas e digitais.
Vou fazer um texto só sobre Dundee com um roteiro descolado na Escócia. A viagem ao país do Reino Unido foi feita com seguro-viagem GTA em um plano que não precisa estar nas regras do tratado de Schengen, como acontece com outros países europeus.
A cidade, que busca ser a mais ensolarada da Escócia, tem uma brincadeira para os visitantes: usar os óculos amarelos, símbolo do lugar com a hashtag #sunnyDundee.
Na verdade, choveu neste dia (rs). Mas Dundee merece a menção simpática.
A inauguração do museu faz parte de um projeto maior de revitalização das margens do Rio Tay, que tem um investimento do governo escocês de 1 bilhão de libras.
De acordo com Tristram Hunt, diretor do V&A, trata-se de um marco cultural para a cidade.
“Estamos extremamente orgulhosos de compartilhar essa parceria excepcional, a primeira do tipo no Reino Unido, e ajudar a estabelecer um novo centro internacional de design que celebra a herança cultural da Escócia.”
Dundee fica a 1 hora de trem de Edimburgo ou a 6h30 de Londres. O museu está a poucos passos da estação.
O blog viajou a convite do Visit Britain e Visit Scotland