Halloween cinematográfico aterroriza Universal Studios Hollywood

Universal Studios Hollywood transforma o cinema em um pesadelo vivo com as Halloween Horror Nights 2025

28/10/2025 10:46

Visitar a Universal Studios Hollywood durante o Halloween Horror Nights 2025 é como atravessar o espelho do cinema e dar de cara com o lado escuro das histórias que amamos. As luzes da cidade se apagam, a névoa toma o vale de Los Angeles e, de repente, o parque inteiro parece pulsar sob uma frequência sombria. O que durante o dia é um paraíso de atrações familiares, à noite se transforma em uma experiência sensorial, teatral e visceral. São oito casas de terror e várias zonas de susto espalhadas pelos caminhos, cada uma com identidade própria e detalhamento cinematográfico.

Não há onde se esconder — e é exatamente isso que faz a noite ser inesquecível. Tudo começa com “Five Nights at Freddy’s”, quase um pesadelo infantil onde o visitante volta a ser criança diante de um restaurante de fliperamas decadente, habitado por animatrônicos assassinos e músicas de caixinha distorcidas. O contraste entre a inocência do cenário e o terror que se insinua em cada piscada de luz cria uma das atmosferas mais perturbadoras do evento.

O cenário de terror faz qualquer visitante ter pesadelo acordado
O cenário de terror faz qualquer visitante ter pesadelo acordado - divulgação/Universal Studios Hollywood

Já em “Fallout”, outra casa baseada numa produção do estúdio, ao atravessar o portão, o visitante é engolido por um bunker pós-apocalíptico que vibra como uma distopia viva. O ar cheira a metal e poeira, e cada passo o leva para dentro de uma civilização que se desfez, com criaturas mutantes, experimentos fracassados e um humor ácido que brinca com a ironia de um futuro devastado.

Os anos 80 voltam com força total em duas experiências que parecem saídas de um videocassete antigo — só que em alta definição para o pavor. Em “Jason Universe”, o slasher clássico ganha vida (e morte) novamente.

O acampamento de verão ressurge sob a luz fria da lua azul, enquanto o cheiro de pinho e o rangido da madeira molhada anunciam o inevitável: Jason está por perto. Ele aparece e desaparece no nevoeiro como uma lembrança que teima em não morrer. É um mergulho direto na essência do medo — cru, físico, quase primitivo.

Já em “Poltergeist”, o terror muda de registro. O horror agora é doméstico, íntimo, poético até. As televisões tremem, os brinquedos ganham alma e os corredores parecem existir entre o mundo dos vivos e o outro lado do espelho. É uma casa onde o medo sussurra em frequência baixa — e o design de som é tão magistral que faz o visitante sair olhando para o teto… e desconfiando da própria sala de estar.

Décadas à frente, a sensação agora é Art the Clown, o psicopata insaciável por trás da franquia “Terrifier”.  A casa baseada no horripilante, tornou-se a mais disputada do ano — e com razão. Com filas que chegaram a três horas e meia, é a mais intensa das experiências, um desfile de sadismo e surpresa onde o grotesco beira o cômico, e o público ri apenas para disfarçar o pavor. Aqui, vale cada minuto de espera — ou o investimento num passe Express, que encurta as filas e permite mergulhar sem exaustão no melhor (ou pior) que o horror físico pode oferecer.  Para quem quer visitar todas casas e ainda repetir a experiência, o upgrade é fundamental.

Os mais corajosos podem conhecer a casa temática do filme Terrifier
Os mais corajosos podem conhecer a casa temática do filme Terrifier - divulgação/Universal Studios Hollywood

A travessia continua em “The Horrors of The Wyatt Sicks”, parceria entre a Universal e a WWE. É o horror ritualizado, teatral, inspirado na mente sombria de Bray Wyatt. As salas funcionam como capítulos de um delírio coletivo: símbolos, cantos, lanternas, figuras mascaradas. Tudo parece parte de um culto que mistura fanatismo e performance. A estética é tão poderosa que faz o visitante se sentir dentro de um ritual filmado por um cineasta perturbado.

E por falar em perturbador, “Monstruos 3: The Ghosts of Latin America”, é onde o horror ganha sotaque e alma. A Universal dá espaço ao terror latino, com entidades lendárias como La Llorona e El Silbón, recriadas com uma beleza mórbida que mistura o misticismo do folclore à estética cinematográfica. É uma das casas mais ricas culturalmente, e talvez a que mais emociona, justamente por carregar a força das narrativas que nasceram da oralidade popular. O percurso das casas finaliza com “Scarecrow: Music by Slash”, um tributo ao terror rural e ao rock. A trilha sonora composta por Slash (quem ganhou até um bar em seu nome dentro da Universal) eleva cada susto à categoria de solo de guitarra. Espantalhos ganham vida em meio a plantações apodrecidas e galpões tomados por corvos; é um espetáculo visual, sonoro e visceral — o fecho perfeito para a sequência das casas.

No Halloween Horror Nights 2025 também há espaço para lenda urbana latino-americana
No Halloween Horror Nights 2025 também há espaço para lenda urbana latino-americana - divulgação/Universal Studios Hollywood

Mas o terror não se limita às casas. O “Terror Tram: Blumhouse Experience” transforma o tradicional tour pelos bastidores da Universal em um pesadelo sobre trilhos. Guiados pela inquietante andróide “M3GAN”, os visitantes embarcam em uma jornada que mistura cinema e realidade com desconcertante naturalidade.

No caminho, descem do tram para atravessar cenários de “The Black Phone”, “O Exorcista” e “The Purge”, até chegarem ao lendário Hotel Bates. Lá, o próprio Norman — sempre educado, sempre à espreita — recebe os mais corajosos para uma foto diante de sua sombria casa vitoriana. É um dos pontos altos da noite: o instante em que a ficção sorri para a lente, e o medo pisca de volta. Entre uma casa e outra, as zonas de susto mantêm o pulso da experiência. Cada esquina do parque é tomada por um tema distinto — criaturas apocalípticas, palhaços sádicos, zumbis errantes ou demônios latinos —, que não apenas assustam, mas interpretam, interagem e arrancam aquelas gargalhadas nervosas que só o verdadeiro pavor é capaz de provocar.

Mesmo nas filas (que podem parecer infinitas), o clima é parte da experiência. E para quem ainda tem fôlego, parte das atrações regulares do parque — como Jurassic World: The Ride, The Mummy e Transformers: The Ride — continuam abertas, oferecendo pausas momentâneas entre um pesadelo e outro. Quando o relógio marca o fim da noite e o visitante retorna à entrada, algo curioso acontece: o medo se transforma em admiração

A Halloween Horror Nights não é apenas sobre sustos, mas sobre celebrar o poder do cinema e da imaginação. É uma noite em que Hollywood deixa de ser a fábrica dos sonhos e se revela, com requinte e espetáculo, como o templo dos pesadelos.