Holanda: conheça 4 belas cidades para explorar perto de Amsterdã
Quando as pessoas decidem visitar a Holanda, 95% delas logo faz planos para viajar apenas para Amsterdam, uma das cidades mais procuradas pelos turistas do mundo. E quem pode ‘culpá-las’ por isso? A capital deste país europeu possui uma vibração contagiante que apaixona logo à primeira vista.
No entanto, não é só de Amsterdam que vive a Holanda, não! O país de pouco mais de 41 mil km² de extensão (menor que o estado do Rio de Janeiro que tem 43. 696 km² de área), possui várias outras cidades igualmente encantadoras e fáceis de chegar por quem vai ao país tendo como destino principal a lindíssima Amsterdam. Confira nossa lista!
Utrecht, a linda e frenética cidade universitária
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Há apenas 30 minutos de trem de Amsterdã –ou cerca de 45 minutos de carro– Utrecht mostra seus encantos rapidamente. Por lá os canais ficam abaixo do nível das ruas e são cercados por bares e restaurantes sempre lotados. Fundada no ano 47 pelos romanos, a cidade parece ter saído de um filme antigo: das ruas de paralelepípedos à arquitetura que facilmente cativa a quem chega.
Em Utrech, 70 mil de seus 330 mil habitantes são estudantes de uma das sete universidades que lá existem. Por conta disso, não é nenhum exagero dizer que a cidade tem o clima de uma festa animada, dessas que a gente entra e esquece a hora de ir embora. Ninguém estranha pessoas fantasiadas andando pelas ruas (mesmo que a fantasia seja a de um pênis gigantesco!), ninguém liga para homens e mulheres fazendo uma divertida algazarra usando modelitos nada convencionais para se despedir de suas vidas de solteiros. Para eles, tudo muito normal e corriqueiro, para nós brasileiros, acostumados com a festa e a zoeira do país do Carnaval, imperdível!
Se apenas a animação e beleza (da cidade e das pessoas) não forem suficientes para você querer conhecer Utrecht (sério, amigo?), a Dom Tower, com seus 112 metros de altura, talvez seja. A torre em estilo gótico é o símbolo da cidade e sua imponente estrutura pode ser vista de todo lugar.
Construída entre 1321 e 1382 como parte da Catedral de Saint Martin, a Torre Dom ficou isolada ao ser atingida por um tornado em 1647 e a estrutura que a unia à igreja nunca foi reconstruída.
Para chegar ao topo desta que é a torre mais alta da Holanda é preciso pagar 9 euros (adultos) e subir 465 estreitos degraus. Tirando o fato de chegar lá em cima com a sensação de ter corrido uma maratona – afinal sua altura é equivalente a um prédio de 31 andares – a vista do lugar é a garantia de que a escalada vale a pena. Em dias claros de sol dá para ver até Amsterdam.
Outra curiosidade sobre a torre é sua coleção de sinos medievais –são 14 no total e o maior deles pesa cerca de 32 mil kg! Ao passear pelas ruas de Utrecht é possível ouvi-los tocar a cada 15 minutos e, em algumas ocasiões, eles entoam até mesmo músicas populares. David Bowie e Prince, que faleceram recentemente, foram alguns dos artistas que tiveram suas músicas reproduzidas pelos sinos de Utrecht em emocionantes e singelas homenagens.
Quem gosta de bater pernas tanto pela cidade quanto por museus, é bom saber que, perto de outras cidades holandesas, Utrecht não possui museus com acervos tão famosos. No entanto há por lá um cantinho especial, principalmente para quem viaja com os pequenos: o Miffy Museum. Criada em 1955 pelo ilustrador e escritor holandês Dick Bruna, a coelhinha Miffy tem toda sua trajetória contada no local.
O sucesso da orelhuda é tanto (principalmente no Japão) que, em meados da década de 70, a empresa japonesa Sanrio criou sua grande rival e quase cópia, a gatinha Hello Kitty. Miffy no entanto não se abalou e protagonizou livros que foram traduzidos para 40 idiomas e venderam mais de 85 milhões de edições no mundo inteiro.
Mais algumas informações importantes que é preciso saber sobre Utrecht. Lá, assim como em Amsterdam e em quase todas as outras cidades do país, o principal meio de transporte é a bicicleta. Portanto, alugar uma bike e sair pedalando é uma ótima pedida para conhecer a cidade.
Quem gosta de paisagens de contos de fada ainda pode explorar Vechtstreek, uma linda reserva natural conhecida por seus vários castelos e propriedades rurais localizada pertinho de Utrecht.
E por último, mas talvez não menos importante: a cidade também possui vários coffeeshops, locais onde pessoas maiores de 18 anos podem entrar e fumar maconha. Estes estabelecimentos existem desde os anos 70 na Holanda com objetivo de descriminalizar o usuário recreativo de drogas leves e ainda combater o tráfico, o crime organizado e a violência. Se você quer conhecer um desses lugares – que além do cardápio com diversos tipos de canabis, também tem lanches e bebidas não alcoólicas – não esqueça de levar seu passaporte.
Haia, a verdadeira capital holandesa
Embora Amsterdam seja oficialmente a capital da Holanda, Haia (em holandês o nome da cidade é Den Haag e pronuncia-se “dên rár”, como o ‘r’ usado pelos cariocas) é a sede do governo do país. É na cidade que estão localizadas todas as embaixadas, ministérios, parlamento e também é em Haia que mora e trabalha o rei Guilherme Alexandre. Sim, caso você não saiba, a Holanda é uma monarquia.
A cidade fica só há 50 minutos de trem de Amsterdam e é uma opção bastante gostosa de passeio para quem quer sair um pouco da muvuca dos turistas e ainda ver lugares maravilhosos.
Um dos pontos de interesse da cidade é o Paleis Noordeinde, local de trabalho do rei Guilherme Alexandre e um dos quatro palácios oficiais da família real. Embora não seja aberto ao público, o palácio é uma belíssima estrutura e, a parte de trás do prédio possui um jardim com entrada grátis onde as pessoas costumam fazer piqueniques em dias de calor. Ali pertinho estão localizados os estábulos reais, onde são mantidos os cavalos e carruagens da família real.
O Binnenhof é mais um lugar imperdível na cidade. O conjunto de prédios é o centro da vida política do país e ainda é a sede do parlamento holandês. Lá está situado o salão dos cavalheiros, o “Ridderzaal”, local onde na terceira terça-feira do mês de setembro acontece o “Prinsjesdag” (Dia do Príncipe), discurso de abertura anual do parlamento feito pelo rei. Nesta cerimônia, a família real chega ao Binnenhof em uma carruagem dourada, fato que causa bastante euforia entre os habitantes e turistas que estão pela cidade.
Apenas observar este lugar pelo pátio é garantia de fotos maravilhosas, mas se você preferir, também é possível entrar nos prédios se juntando a um tour guiado em inglês (pago).
Para ver a Holanda por um ângulo diferente, um lugar bastante divertido é o Madurodam. O parque de miniaturas possui representações detalhadas de várias cidades holandesas, incluindo monumentos, praças, marcos da arquitetura e diversas particularidades encontradas nos Países Baixos. Resumindo: Praticamente tudo o que é famoso na Holanda – arquitetonicamente falando – se encontra representado numa escala 1:25 no Madurodam.
E os detalhes das miniaturas vão bem além do estático já que várias se movimentam dando ainda mais veracidade (e encantamento) à paisagem: moinhos giram, trens percorrem trilhos, barcos navegam, aviões taxiam pelo miniaeroporto de Schiphol, carros e caminhões andam nas rodovias. Se adultos já ficam maravilhados com tanta delicadeza, as crianças quase viajam para uma outra órbita de tanta felicidade.
Mas se o que você gosta mesmo é de conhecer um bom museu, existem ao menos dois que você não pode deixar de ir na cidade. O primeiro deles é o Museu Municipal de Haia, o Gemeentemuseum Den Hag. O lugar é famoso por ter o maior acervo mundial das obras de Piet Mondrian, incluindo seu último quadro, o badalado Victory Boogie-Woogie, que permaneceu inacabado já que o artista faleceu antes de conseguir concluí-lo.
O Het Mauritshuis também é parada obrigatória na cidade. Localizado ao lado do coração político da Holanda (o Binnenhof), o Mauritshuis foi a casa do nobre Maurício de Nassau, ex-governador do Brasil holandês, cuja capital ficava no Recife (em 1630). Sim, existe um pedacinho “brasileiro” em Haia!
O local recebe exposições temporárias diversas, mas ainda possui um acervo permanente, digno de emocionar dos mais leigos aos especialistas e apaixonados por arte. Lá estão expostas obras de Rembrandt – entre elas, a famosa “A Lição de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp”, além do aclamadíssimo “Moça com Brinco de Pérola”, de Johannes Vermeer.
Delft, a terra da famosa porcelana azul
Delft é uma cidadezinha simpática e cheia de belezas em todos os cantos. A apenas uma hora de trem de Amsterdam, Delft possui canais e prédios históricos como várias outras cidades do país, mas alia suas atrações com uma bela pitada de tranquilidade.
A cidade é conhecida no mundo todo por seu maior símbolo, sua porcelana azul e branca, produzida por lá desde o século XVII. A ‘Delft Blue’ foi “inspirada” na famosa porcelana chinesa e feita em uma versão mais barata. Entre 1600 e 1800, essa porcelana foi muito popular entre as famílias ricas europeias que realizavam jantares e chás da tarde para exibir suas coleções.
No auge do sucesso das porcelanas de Delft, existiam 33 fábricas na cidade. Atualmente a única que ainda resta é a Royal Delft, fundada em 1653. É possível visitá-la e conhecer o processo de fabricação de suas peças.
Outra coisa que torna a lindíssima Delft um lugar de destaque no mundo é o fato de a cidade ser a terra natal do aclamado pintor Johannes Vermeer. Em Delft ele nasceu e passou toda sua vida até falecer em 15 de dezembro de 1675.
Portanto, passear pelas ruas de Delft é percorrer os caminhos feitos pelo artista. Inclusive, uma de suas principais obras, a aclamada “A Ruela”, que está exposta no museu Prinsenhof na cidade, supostamente seria a reprodução de uma casa na rua na qual ele teria morado. Alguns documentos expostos no museu tentam comprovar qual seria o endereço exato das casas que aparecem no quadro.
Outra atração da cidade é o Markt, uma grande praça que possui dois dos marcos arquitetônicos de Delft. De um lado está a linda e antiga prefeitura projetada pelo arquiteto municipal Hendrick de Keyser (1565 -1621) no século XVII. Do outro está a Nieuwe Kerk (‘igreja nova’) que de nova não tem nada já que foi construída em 1496 em um inconfundível estilo gótico.
A cidade também possui outra igreja magnífica, a Oude Kerk (‘igreja velha’). Conhecida por sua impressionante inclinação (como a Torre de Pisa, na Itália) a igreja construída em 1246 tem lindos vitrais e abriga mausoléus e túmulos de pessoas importantes, entre eles o do pintor Johannes Vermeer.
Rotterdam, cidade repleta de maravilhas arquitetônicas
A Holanda foi ocupada pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e Rotterdam foi severamente atacada entre os dias 10 e 14 de maio de 1940. O bombardeio devastou boa parte da cidade – cerca de 30 mil casas e prédios foram abaixo e precisaram ser reconstruídos. Mas qual o motivo de estarmos falando a respeito de algo tão triste na história de Rotterdam? Este fato mudou completamente a história da cidade portuária e, sua reestruturação – que utiliza com maestria a mistura entre o clássico e o contemporâneo – a tornou uma grande referência arquitetônica mundial.
A apenas uma hora de trem de Amsterdam, Rotterdam possui centenas de construções modernas e extremamente criativas que são admiradas e copiadas em todo mundo. Um ótimo exemplo são as surpreendentes casas cúbicas. Excêntricas, as residências foram projetadas pelo arquiteto Piet Blom que teve a intenção de simular um bosque abstrato composto por árvores (as casas) emaranhadas.
As 38 casas inclinadas em 45° começaram a ser construídas em 1978 e foram concluídas em 1984. De uma inegável originalidade, o interior das casas também é bastante fora do convencional já que as paredes convergem a um só ponto. Apesar de inusitado, todas as casas possuem moradores.
E a pergunta que não quer calar: como mobiliar estas belezinhas? Por lá, grandes redes de lojas vendem móveis projetados especialmente para as casas cúbicas. Ficou curioso? É possível visitar uma destas casinhas que funciona como museu e até mesmo alugar uma delas no Airbnb.
Se boa parte de Rotterdam se volta para a inovação, o mundo das artes não poderia ser diferente. Para ter uma clara noção a respeito é obrigatório visitar o museu Kunsthal Rotterdam. Logo na entrada o local surpreende pela maneira diferente com que seus visitantes são convidados a pendurar seus casacos. As peças ficam ali à vista de todos como se fossem parte de alguma instalação (veja o vídeo aqui).
Inaugurado em 1992, o museu não possui acervos permanentes, mas promove diversas exposições temporárias que geralmente priorizam a interação com o público. Entre fevereiro e junho deste ano, o museu recebeu obras do aplaudido fotógrafo americano Philippe Halsman, conhecido por fotografar inúmeros nomes famosos, como Audrey Hepburn, Marilyn Monroe, Albert Einstein e Winston Churchill. Ele também desenvolveu o fenômeno da “jumpology photography” com fotos que mostravam estrelas de cinema e políticos pulando.
Outro museu interessante na cidade é o Boijmans Van Beuningen que abriga as coleções de Frans Jacob Otto Boijmans (1767-1847) e de Daniël George van Beuningen (1844-1955). O acervo do local inclui obras de Rembrandt, Paul Cézanne, Claude Monet, Vincent van Gogh, Salvador Dali e Edvard Munch. Criações de inúmeros artistas contemporâneos também estão espalhadas por todo museu. Um deles é o polêmico italiano Maurizio Cattelan com a obra intitulada “Manhole”.
Quem adora viajar tanto pelos lugares quanto pelos sabores destes lugares, um destino delicioso é Market Hall (Markthal) que fica numa região bastante animada da cidade. O espaço charmoso lembra o clima de agito (e variedade de produtos) do Mercado Municipal de São Paulo. No entanto, as similaridades param por aí, já que o mercado de Roterdã possui uma arquitetura tão moderna quanto surpreendente: seu formato é o de um gigantesco hangar e há uma série de painéis coloridos no teto e paredes.
No Market Hall é possível encontrar comidinhas para todos os bolsos e uma infinidade de gostosuras locais, flores e até lembrancinhas. Um passeio despretensioso e bacana para ir sozinho ou acompanhado.
*Tuka Pereira, do blog Pra Onde Vai Agora, viajou a convite da Holland Alliance e KLM