Hostel oferece banho e atrai ciclistas que trabalham na Paulista
Quem trabalha na região e mora longe também está aderindo à ideia para se refrescar antes de algum compromisso depois do expediente
Quando as primeiras ciclovias começaram a rasgar São Paulo, muitos não acreditavam que alguém se jogaria no meio do concreto paulistano montado numa bicicleta. Ledo engano. Nos últimos anos, o paulistano se rendeu de vez às magrelas. Alguns foram conquistados pelo apelo de uma vida mais saudável na metrópole, outros entenderam que algumas distâncias são cumpridas mais rapidamente sob duas rodas do que num carro particular ou de transporte público.
Na região da avenida Paulista e dos Jardins o movimento de bikes públicas e particulares é intenso durante a manhã e no fim do expediente. Porém, muitos ainda não aderiram a esse modal de transporte para chegar ao trabalho por uma dificuldade estrutural: não é possível tomar um banho nos escritórios. E temos que combinar que depois de uma pedalada não é nada legal trabalhar o dia todo sem uma ducha.
“Vimos essa demanda como uma oportunidade de negócio”, revela a sócia do Did’s Hostel, Helena Ruffato, que decidiu abrir suas portas para que o pessoal dos pedais pudesse tomar um banho e ir trabalhar sem neuras. Por enquanto, o hostel conta com “um cantinho ainda improvisado” para guardar a bicicleta desses clientes, mas o volume está crescendo tanto que já estão fazendo o projeto para instalar apoios de parede para ampliar a capacidade de bicicletas guardadas.
A divulgação é feita basicamente pelas redes sociais e também pelo boca a boca entre os amigos. “No inverno, colocamos uma plaquinha convidando para tomar um banho quentinho aqui, mas agora no verão tem que mudar, pois ninguém quer água quente com essas temperaturas altas”, diverte-se a empresária.
O perfil do cliente que paga R$20, pelo banho com direito a toalha, é bem variado. Segundo ela, quem não é adepto das bicicletas, mas por algum motivo precisa de um banho em algum momento do dia, também está descobrindo o serviço.
“Tem gente que trabalha na região e por morar longe não pode ir em casa para tomar um banho antes de um happy hour ou de um encontro, por exemplo”, detalha a hosteleira que atualmente empresta shampoo, condicionador e sabonete líquido para os menos preparados, mas já estuda a possibilidade de vender kits de higiene para incrementar o negócio.
Quem se hospeda tem sempre prioridade para o uso dos banheiros da casa que fica na Alameda Campinas. Porém, eles perceberam que os horários dos dois públicos dificilmente coincidem. “Nunca tivemos problemas, mas a orientação é clara em relação a isso. O hóspede na frente, sempre”.
Apenas uma vez ela e a equipe se viram em apuros. “A gente estava vivendo a vida tranquilamente quando um ônibus com 40 pessoas parou na porta do hostel. Todos desceram para tomar um banho antes de seguir viagem. Foi uma loucura, mas no fim deu tudo certo e eles adoraram”, relembra aliviada.
Por Diego Bonel, do site Brasil Hostel News