Dois hostels brasileiros são finalistas do “Oscar” da hostelaria

Assim como nosso cinema, a hostelaria nacional também frequenta há anos a lista de melhores hostels do mundo na premiação promovida pela plataforma Hostelworld.

O HOSCARs (Hostelworld Customer Annual Ratings, na sigla em inglês) chega à 23ª edição e listou o JO&JOE Rio, no Rio de Janeiro, e o Lagarto na Banana, em Pipa (RN), entre os 15 finalistas globais nas três categorias que destacam iniciativas de viagens responsáveis (Responsible Travel Awards), abertas para o voto popular nesse link até o dia 19 de janeiro.

O resultado final, também com os vencedores das categorias em que o protagonismo é das avaliações deixadas por mochileiros na plataforma, será divulgado no dia 31 de janeiro. Para votar são apenas cinco cliques e você ainda corre o “risco” de ganhar um voucher de US$ 250 para usar nos melhores hostels pelo mundo.

Os hostels brasileiros finalistas do HOSCARs

JO&JOE Rio: Sustentabilidade em cena

Finalista na categoria The Eco-Warrior, o JO&JOE Rio não é apenas um lugar para ficar. Localizado no icônico Largo do Boticário, ao lado da Floresta da Tijuca, o hostel transforma sustentabilidade em prática cotidiana. Livre de plásticos, utiliza materiais biodegradáveis e incentiva os hóspedes a devolverem copos ecológicos durante seus eventos culturais.

Mais de 80% dos produtos de limpeza possuem certificação verde (ABNT), e a gestão de resíduos é feita por especialistas. Além disso, hóspedes podem participar de limpezas de praia ou explorar a biodiversidade da floresta, integrando sua estadia à preservação do entorno.

Esta é a segunda indicação do hostel em menos de três anos. Para Bia Chaves, gerente geral, estar entre os finalistas reafirma o compromisso da equipe com um turismo mais consciente. “É gratificante ver o JO&JOE Rio concorrendo com menos de três anos de operação. Isso reflete o trabalho da nossa equipe, que vive os pilares ESG da Accor, especialmente em um lugar tão especial como o Largo do Boticário.”

Lagarto na Banana: Cultura e conexão

Na categoria The Culture Champion, o Lagarto na Banana, em Pipa, é uma celebração da comunidade e das histórias que ela carrega. O hostel é muito mais que uma hospedagem: é um espaço onde artistas, músicos e empreendedores locais compartilham suas habilidades e criam experiências autênticas para os viajantes.

Com aulas de idiomas, um festival anual e parcerias com instituições locais, o Lagarto promove um intercâmbio cultural enriquecedor. As ações sociais incluem apoio a crianças em situação de vulnerabilidade, além de iniciativas que aquecem a economia regional ao priorizar fornecedores locais, dos passeios de barco aos serviços de lavanderia.

“Foi um ano muito especial pra gente. Reforçamos nossas ações culturais, nos aproximamos da comunidade indígena da região e tivemos mais um casamento de pessoas que se conheceram aqui. Um dos desafios é manter por tanto tempo a essência do que acreditamos, como respeito total e não julgamento, como valores básicos. Acho que está acontecendo”, analisou o criador do negócio Ofir Morad.

Uma década de excelência brasileira na hostelaria

Em 2015, o Green Haven Hostel (Ubatuba) foi eleito o Melhor Hostel do Brasil e da América Latina, marcando o início de uma trajetória de sucesso. No ano seguinte, o Che Lagarto Foz do Iguaçu se tornou o primeiro hostel fora da Europa a vencer como Melhor Hostel de Grande Porte, enquanto o Discovery Hostel (Rio de Janeiro) foi eleito o Melhor de Pequeno Porte da América Latina.

Entre 2017 e 2018, o Discovery brilhou novamente como Melhor Hostel do Brasil. Já 2019 foi o ano do Ô de Casa Hostel (São Paulo), ser reconhecido como o melhor do país por sua energia vibrante e conexão cultural.

Em 2020, o Green Haven voltou ao topo como Melhor do Brasil. O Lagarto na Banana (Pipa) representou o país como único finalista em 2022, e, no ano seguinte, o Green Haven foi eleito Community Champion, enquanto o Hostel da Vila (Ilhabela) conquistou o prêmio The People Person.

Em 2024, o Ô de Casa Hostel dominou as categorias sul-americanas, e o Selina Lapa (Rio de Janeiro) foi reconhecido como Melhor Hostel de Grande Porte.

A premiação foi se adaptando às tendências ao longo dos anos. Quando o turismo foi paralisado em 2020, para manter a premiação relevante e o mercado unido em torno da retomada, a plataforma criou as categorias de voto popular voltadas ao turismo responsável e sustentável, com foco na agenda ESG.

A edição de 2024 foi a primeira em que as avaliações voltaram a ter protagonismo na premiação dos hostels pelo mundo. Com seis hostels brasileiros indicados para as etapas finais – em um formato diferente do atual – a head of supply para Américas da Hostelworld, Catherine Gilvarry, afirmou, em conversa exclusiva com o BHN, que essas categorias mostram que os hostels estão se movimentando para “termos um mundo melhor”.

A reportagem entrou em contato com a plataforma para repercutir as indicações deste ano, mas eles optaram por só comentar a premiação após o anúncio dos vencedores