Kitesurfe no Ceará: quanto custa e onde fazer o curso

O kitesurfe virou febre, principalmente na costa do Ceará

Por: Tales Azzi

Sempre quis aprender o kitesurfe. Ficava encantado ao ver o bailado das velas coloridas do kite nas praias do Nordeste, que, a cada ano, só parece aumentar desde que o esporte começou a ser praticado por aqui.

Essa moda de surfar sobre uma prancha rebocada por uma espécie de pequeno paraquedas surgiu por volta dos anos 2000 e foi trazida ao Brasil por gringos, na maioria australianos.

kitesurfe virou febre, principalmente na costa do Ceará
Créditos: Tales Azzi
kitesurfe virou febre, principalmente na costa do Ceará

Aos poucos, o kitesurfe também caiu no gosto dos brasileiros e o esporte virou febre, principalmente na costa do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, onde os ventos são fortes e constantes.

Algumas praias desses estados se tornaram redutos do kitesurfe, como a Praia do Cumbuco (em Caucaia, no Ceará, a 40 km de Fortaleza); a Praia de São Miguel do Gostoso, no litoral potiguar, a 80 km de Natal; e a Praia de Barra Grande, no Piauí.

A Lagoa do Cauipe, na praia do Cumbuco, no litoral do Ceará
Créditos: Tales Azzi
A Lagoa do Cauipe, na praia do Cumbuco, no litoral do Ceará

Eu estava louco para surfar nessa onda também. Mas o preço do curso básico de kitesurfe no litoral paulista era quase proibitivo para mim, entre R$ 5 mil e R$ 7 mil o pacote de 10 horas de aulas para aprender as primeiras noções.

O valor é mais do que o dobro do curso similar no Nordeste, em torno de R$ 2 mil. Valia mais a pena viajar para lá, e ainda pagar as passagens aéreas e a hospedagem, do que fazer o curso perto de São Paulo, onde eu moro?

Kitesurf na Praia do Cumbuco

Até que surgiu a oportunidade de viajar a trabalho para a Praia do Cumbuco. Sou editor de uma revista de turismo e fui fazer uma reportagem por lá. Foi perfeito. No hotel onde me hospedei já me passaram o contato da escola Naativa Kitesurf, e combinei o início do curso para o dia seguinte.

Conhecendo o equipamento do kitesurf
Créditos: Tales Azzi
Conhecendo o equipamento do kitesurf

Na hora marcada, às 11h30, o João de Deus (dono da escola) e o Mário (instrutor) foram de bugue para me encontrar na porta do hotel. Na praia mesmo, logo em frente, tive a primeira aula, que consistiu em conhecer os equipamentos: a pipa (a vela do kite), o trapézio (peça que se prende à cintura do kitesurfista) e a barra de comando da pipa.

O passo seguinte foi montar tudo, inflar a pipa com uma bomba manual e prender as cordas da barra de comando na pipa. Comecei então a praticar o controle pipa na areia mesmo, primeiro sentado no chão, depois em pé e, por fim, caminhando.

A aula seguinte foi na Lagoa do Cauípe, cujas águas rasas encontram a areia da Praia do Cumbuco em um belo cenário. É um dos principais kitepoints do Nordeste. O lugar também é ponto de parada dos passeios de bugue pela região. Ali passei a aprimorar o controle da pipa e fazer exercícios na água, como resgatar a prancha e atravessar a lagoa apenas com o corpo na água (sem usar a prancha).

Somente na terceira aula fiz os primeiros exercícios com a prancha nos pés, o que não foi muito fácil no começo. O controle da pipa é bastante sensível e fica difícil mantê-la parada e prender a prancha aos dois pés ao mesmo tempo.

Além disso, mover a pipa na direção do vento para ganhar pressão e se colocar em movimento exige precisão, o que leva um tempo para dominar.

O controle da pipa é bastante sensível e fica difícil mantê-la parada
Créditos: Tales Azzi
O controle da pipa é bastante sensível e fica difícil mantê-la parada

São muitos detalhes para assimilar: a posição da prancha, a postura do corpo, o manuseio da pipa, o equilíbrio. Somente na quarta e na quinta aula eu consegui sair com o kite e deslizar sobre a água e, assim, finalmente, sentir a sensação do kitesurfe.

Não podia ir muito longe para poder manter a proximidade com o instrutor, caso fosse necessário um resgate, o que acontecia com frequência. Muitas vezes a pipa vai para água por imperícia e colocá-la novamente no ar requer um pouco de habilidade no puxa-puxa das cordas.

Somente na quarta e na quinta aula eu consegui sair com o kite
Créditos: Tales Azzi
Somente na quarta e na quinta aula eu consegui sair com o kite

Com tantos detalhes para assimilar, o curso básico é dividido em cinco dias, com duas horas diárias de aula. É o tempo ideal para ir memorizando tudo o que é ensinado sem se cansar demais. O kite não exige grande preparo físico. Qualquer pessoa pode aprender, pois a técnica é muito mais importante do que a força.

O curso básico, porém, é pouco tempo para sair surfando sozinho por aí. Seria preciso continuar praticando com ajuda de um instrutor por mais algumas aulas, até que eu possa me sentir seguro o suficiente para resolver eventuais perrengues que possam acontecer, como erguer a pipa da água no caso de uma queda ou resgatar a prancha que se desprende dos pés.

O curso básico, porém, é pouco tempo para sair surfando sozinho por aí
Créditos: Tales Azzi
O curso básico, porém, é pouco tempo para sair surfando sozinho por aí

Em São Paulo mesmo há escolas que oferecem o curso básico e o aprimoramento na lagoa da Represa do Guarapiranga. E eu estava disposto a prosseguir no aprendizado do kitesurfe. A sensação é realmente inexplicável e fica ainda melhor em meio aos belos cenários de praias e lagoas onde o esporte é praticado.

Serviço

Fiz o curso na Praia do Cumbuco, em Caucaia, a 40 km de Fortaleza com a escola Naativa Kitesurf (85-9164-6130). Custa R$ 2 mil o curso básico com 10 horas de aulas com duração de 4 ou 5 dias.