Latam está cobrindo suas aeronaves com pele de tubarão; entenda o poder dessa tecnologia
AeroSHARK, tecnologia que imita a pele do tubarão, promete economia de combustível e menor impacto ambiental nos voos da companhia
Em um movimento que une inovação tecnológica e compromisso ambiental, a Latam Airlines está implementando uma solução inspirada na natureza para otimizar o desempenho de suas aeronaves.
A companhia tornou-se a primeira das Américas a adotar o AeroSHARK, um revestimento que imita a pele de tubarão, visando reduzir o consumo de combustível e as emissões de CO₂ em sua frota de Boeing 777-300ER.

A iniciativa faz parte da estratégia da Latam de alcançar emissões líquidas zero até 2050. Desde dezembro de 2023, a empresa vem testando a tecnologia em operações diárias, e os resultados positivos levaram à decisão de expandir sua aplicação para mais aeronaves.
Desenvolvido pela Lufthansa Technik em parceria com a BASF, o AeroSHARK representa uma abordagem inovadora para enfrentar os desafios ambientais da aviação, utilizando princípios da biomimética para melhorar a eficiência aerodinâmica das aeronaves.
A inspiração da nova tecnologia usada pela Latam vem do oceano
A tecnologia AeroSHARK baseia-se na estrutura da pele de tubarões, que possuem microestruturas chamadas dentículos dérmicos. Esses elementos reduzem o arrasto ao permitir que a água flua mais suavemente sobre o corpo do animal.

Aplicando esse conceito à aviação, o AeroSHARK utiliza uma película com microestruturas de aproximadamente 50 micrômetros, que, ao serem aplicadas na fuselagem e nas naceles dos motores, reduzem a resistência do ar.
Essa redução no arrasto aerodinâmico resulta em menor consumo de combustível e, consequentemente, em menores emissões de CO₂. A tecnologia já foi adotada por outras companhias aéreas, como Lufthansa, Swiss, Austrian e EVA Air, demonstrando sua eficácia em operações comerciais.
Economia que faz a diferença
Para a frota de Boeing 777-300ER da Latam, a aplicação do AeroSHARK é estimada para gerar uma economia anual de cerca de 2.000 toneladas métricas de querosene e uma redução aproximada de 6.000 toneladas de emissões de CO₂. Esse volume de emissões evitadas equivale a aproximadamente 28 voos entre São Paulo e Miami.
Embora a economia de combustível por voo seja de cerca de 1%, em um setor onde os custos operacionais são elevados, essa redução representa um impacto significativo tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental.
Certificação e implementação
Antes de ser implementado comercialmente, o AeroSHARK passou por mais de 1.500 horas de testes e voos experimentais, além de rigorosas certificações por autoridades reguladoras. A primeira aeronave da Latam equipada com a tecnologia foi um Boeing 777-300ER, modificado em São Paulo em dezembro de 2023.
Com os resultados positivos obtidos, a Latam decidiu expandir a aplicação do AeroSHARK para mais quatro aeronaves, totalizando cinco aviões equipados com a tecnologia. A instalação do revestimento é realizada manualmente e cobre áreas estratégicas da fuselagem e das naceles dos motores, onde a eficiência aerodinâmica pode ser maximizada.
Compromisso com a sustentabilidade
A adoção do AeroSHARK é parte de uma estratégia mais ampla da Latam para descarbonizar suas operações. Além da implementação de tecnologias inovadoras, a companhia também está focada em aumentar a eficiência operacional, compensar emissões e promover o uso de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF).
Sebastián Acuto, diretor de Frota e Projetos do Grupo Latam Airlines, destacou, em 2024, que “nossa estratégia de modernização da frota é um pilar fundamental do nosso compromisso com a sustentabilidade e nossa visão de alcançar emissões líquidas zero até 2050. Continuamos focados na inovação e na adoção de tecnologias de ponta, garantindo que nossa frota evolua em linha com nossos objetivos ambientais” .