Londres, a cidade de todos os adjetivos
Por Renan Oliveira
Tentar definir com um único adjetivo o que é Londres é uma tarefa praticamente impossível. Pensar nos óbvios “incrível”, “fascinante”, “deslumbrante” ou “fantástico”, ainda não são suficientes para expressar com exatidão a cidade. Londres é tão única que talvez a criação de um novo adjetivo exclusivamente em sua homenagem não soaria como exagero.
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Para conhecer o básico da capital inglesa, é recomendável ficar entre 7 e 10 dias. Uma sugestão é deixar o último dia livre para o caso de você querer revisitar alguma atração, já que algumas demandam muitas horas e podem não caber no dia. Então, prepare os óculos de sol (para a primavera e o verão), o guarda-chuva e o protetor labial.
Dia 1
Ao chegar no início da tarde de uma sexta-feira, a Tate Britain (estação Pimlico), museu de arte moderna gratuito e irmã caçula da Tate Modern, que fica em Millbank, se apresenta como uma opção viável, por estar próximo ao hotel, em um momento de cansaço pós-voo. O acervo é bem interessante e dá para se perder facilmente entre as galerias por duas horas. A posição desse museu é estratégica, pois em uma caminhada de 15 minutos você chega, logo no primeiro dia, ao cartão postal da cidade. Sim, o nosso primeiro momento para um selo turista de qualidade: o Palace of Westminster, também conhecido comumente como Houses of Parliament, aquele prédio lindo que a gente sempre vê na TV e onde fica o Big Ben (que é o nome de um dos sinos, não do relógio nem da torre).
Fotos, fotos, muitas fotos. Tente se programar para chegar próximo a uma hora cheia e ouvir o badalo. Aproveite também para ver a Westminster Abbey, que fica logo atrás do prédio (é possível entrar na igreja comprando o ticket, mas fiquei satisfeito apenas com a fachada). Caso ainda tenha pernas, termine o dia dando uma rápida passada na Oxford Street, só para ter uma noção do que lhe espera mais adiante. Se bater a fome, não tem problema. Em Londres há uma infinidade de restaurantes de todos os tipos espalhados por todos os cantos. Se a vontade for comer uma pizza, o Pizza Express é uma boa opção no Soho, bairro que fica ali próximo.
Dia 2
Não tem jeito. Sábado é dia de ir a Portobello Road Market, feira que fica em Notting Hill. Salte da estação Notting Hill Gate e siga o fluxo. Dá para gastar a manhã (e até a tarde inteira) na feira. Lojas de souvenirs, barracas com comida, roupas, cacarecos antigos entre outros. Sem contar a beleza do bairro. Conforme você avança feira adentro, ruas transversais se apresentam, cada qual com sua cor, para fotos. Depois de muito andar, para resolver sua fome, você pode ir beliscando nas barracas ou sentar em algum lugar. Se a segunda opção for a escolhida, o Honest Burguers é uma ótima pedida.
Na parte da tarde, se não quiser continuar na feira, vale dar uma passeada pelas ruas do bairro, que é super agradável. Uma pausa no meio da tarde para um café no Apostrophe, que achei na Notting Hill Gate, cai bem. Em uma leve caminhada pela Bayswater Road, chega-se ao Kensington Garden (mais adequado na primavera), parque que abriga o Kensington Palace, que foi lar da rainha Victoria e hoje pode ser visitado (entrada paga). Você pode optar por visitá-lo, continuar passeando pelo parque ou sentar na grama, como muitos londrinos fazem, ou ir adiante. Nesta opção, você dá de cara com uma construção lindíssima, o Royal Albert Hall, sala de espetáculos musicais. Você pode terminar o dia nesta região e comer na Exhibition Road, que possui muitos restaurantes (o Comptoir Libanais é uma boa pedida). Em algum momento, você descobrirá que estará ao lado do Hyde Park e de 3 museus incríveis. Mas acredite em mim, essas atrações já valem para um dia inteiro.
Dia 3
Comece o dia indo até o famoso estúdio de Abbey Road (estação Saint John Wood, que inclusive tem uma loja temática dos Beatles). Mesmo no domingo de manhã, em um lugar pacato, você irá disputar a zebra crossing que talvez seja a mais famosa do mundo, para imitar a famosa capa do disco dos Beatles que leva o mesmo nome. Uma dica: leve um pilot ou canetinha para escrever seu nome no muro do estúdio. E é bem provável que você tenha que emprestar a outros turistas.
De lá, siga até a estação Baker Street para dar uma passada no Sherlock Holmes Museum. Aqui, tenho que confessar: não quis entrar. Conversando com amigos antes da viagem, a conclusão que cheguei era a de que o museu só vale a pena para quem é fã das histórias, pois lá tem muitas referências que passarão batidos por leigos no assunto. Além disso, leva-se cerca de 1 hora na fila para entrar, o museu é aparentemente pequeno e não entrar ainda te faz economizar 10 pounds de entrada! Ainda assim, valem as fotos da fachada e dar uma entrada na lojinha do museu, que é toda ambientada, e que acredito, pode te satisfazer.
Agora você pode decidir em ir no Madame Tussauds (entrada paga), que fica ao lado da estação de metrô onde você saiu, ou fazer como eu e ir passear no Regent’s Park. Na primavera, os canteiros ficam bem floridos, com diversas cores. Esquilos pulando, crianças brincando, casais se beijando. E tudo bem bucolicamente, estirado nos gramados que parecem infinitos. O passeio no Regent’s Park foi bem estratégico, porque você pode caminhar e chegar até a outra ponta, na direção de Camden Town, o famoso bairro (que já foi mais) punk. Muitos mercados, muvuca, música, comidas de todos os tipos, lojas idem.
Confesso que esperava mais do lugar. A sensação que tive é a de um lugar que virou muito turístico e perdeu um pouco de sua originalidade. Contei punks em uma palma da mão e cheguei a ouvir “Let It Go” do filme Frozen, o que me fez pensar o quão fofo o lugar estava se tornando. Para almoçar, escolhi o Poppies, com a credencial de ter o melhor fish and chips do Reino Unido. O ambiente vintage estava legal, alguns garçons simpáticos e outros nem tanto, e o tal do peixe veio sem tempero. Mas não se assuste, pois ele também é assim em outros restaurantes. Passe a tarde por lá. Por volta das 18h, o movimento começa a cair. Você pode voltar para o parque ou guardar energias para o dia seguinte.
Dia 4
E lá vamos nós para o segundo selo turista de qualidade. Ver a troca de guarda no Buckingham Palace (estação St. James Park). O evento é gratuito (confira antes os dias e esações do ano em que o evento ocorre) e começa às 11h30, e o recomendável é chegar 1 hora antes. Dicas básicas: cuidado com os pick pockets (até a polícia vai avisá-lo sobre isso), e se prepare para ficar cerca de 1 bora em pé fazendo o vídeo das musiquinhas que provavelmente só seu avô vai curtir. Torça para não chover muito ou fazer sol (sim, e talvez eu seja o único ser humano que saiu vermelho de sol na face da Terra de lá) e se contente em ir embora apenas quando acabar, pois as áreas para ver a atração ficam cercadas e só são liberadas apenas quando tudo acaba.
Agora é o momento compras da viagem. Vamos para a Oxford Street! A melhor dica é saltar na estação Marble Arch, porque você pode descer a rua toda! Você verá Primark, Selfridges, H&M, Tiger, Top Shop, Marks and Spencer e tantas outras. É evidente que dá para passar 1 dia inteiro dentro de apenas uma dessas. Mas você não veio a Londres para isso, não é mesmo?
Depois, desça pela Regent Street. Agora você verá a Apple Store, Liberty, Antropologhie entre outras. Vá caminhando até que você dará de cara com a Picadilly Circus. E teremos o momento queixo no chão da viagem. Ali próximo, há uma loja que palavras não descrevem, mas vou deixar o nome aqui e depois você me diz: Fortnum & Mason. (alerto que não sou do tipo consumista, mas vale ir lá apenas visitar a loja). Além dessa, há também a Paxton & Whitfield, centenária loja de queijos que simplesmente carrega o rótulo “By Appointment to her Majesty the Queen”. Depois, para jantar, o Nando’s, bom restaurante de rede português especializado em frangos.
Dia 5
Hoje vamos nos concentrar nas atrações a beira do Tâmisa de apenas um lado do Rio, e amanhã a sugestão é fazer do outro lado. E vamos começar com um dos melhores passeios de Londres. A Tower of London (estação Tower Hill), grande construção que serviu como fortaleza e para onde eram enviados padres, ladrões e quem mais ousasse causar com a Monarquia inglesa. Recomendo a visita (compre as entradas com antecedência pela internet) e gastar pelo menos umas 3 a 4 horas lá dentro. Também aconselho que você assista antes de ir a série “The Tudors”, para que sua experiência lá seja completa. Ao sair, você dará de cara com a Tower Bridge, outra linda construção histórica e que também tem uma visita guiada (entrada paga, mas eu não fiz).
De lá, siga até The Monument, um grande obelisco que representa o marco da reconstrução da cidade após o grande incêndio de 1666, e que rende algumas boas fotos (há uma visita guiada paga que entra na construção). Seguindo em frente, vá até a Saint Paul Cathedral, uma das mais conhecidas da cidade para ver sua grande cúpula e fachada (a entrada é paga). Agora, indo em frente, chegamos para mais uma tradição inglesa, o chá. Vá até a tradicional Twinnings Tea Shop, onde é possível comprar e provar diferentes sabores de ervas de várias partes do mundo (não vá pensar besteira, viu?).
Agora, seguimos até o simpático bairro de Covent Garden, com muitas lojas bacanas e ar descontraído. Para almoçar, optei pelo Five Guys, hamburgueria com ares de anos 80, tem ótimas opções do sanduíche. Passe a tarde pelo bairro, vá até o Covent Garden Market, Royal Opera House e perca-se pelas ruazinhas sem compromisso. À noite, você tem a opção de ir até a Leicester Square, onde acontecem os musicais em Londres. Os preços variam entre 35 e 40 pounds por pessoa e os espetáculos começam às 19h30. Ou então, você pode ficar passeando pela praça, ver artistas de rua ou ir até a gigante loja de M&Ms. Para comer, o Garfunkels é uma boa ideia.
Dia 6
Vamos para o outro lado do Tâmisa? Começamos o dia indo até o Shakespeare’s Globe (a dica é sair pela estação Mansion House e atravessar a Millenium Bridge para a outra margem) para uma visita guiada (entrada paga) de cerca de 1 hora (aproveite e dê uma olhada na programação para assistir alguma peça), que passará por toda a história do grupo teatral de Mestre William e a reconstrução deste atual espaço. De lá, siga até a Tate Modern (entrada gratuita), um dos museus de arte contemporânea mais importantes do mundo e que fica bem ao lado. Perca-se por suas galerias e instalações, tome um café por lá e termine a manhã ali.
Ao sair, siga para o Borough Market, um mercado com diversas barraquinhas de queijos franceses, chocolates e outros tipos de comidinhas. Uma boa pedida é o Pieminister, que conta com tortas deliciosas. Para comer, junte-se aos londrinos que comem sem cerimônias no chão e nas escadas que ficam nos fundos da Southwark Cathedral. Depois, vá até o Fashion and Textile Museum (entrada paga), que tentei ir e estava fechado no dia, mas me parecia ser bem interessante, e depois finalize no Design Museum (entrada paga). Mas só vá se você gostar muito muito de design. Ainda assim, o lugar me pareceu mais uma galeria a um museu, pois senti falta de acervo histórico sobre o assunto. Se sobrar um tempo, você pode voltar para a Oxford Street ou visitar a suntuosa estação de King Cross (parece estranho, mas confie em mim, vale a pena).
Dia 7
Hoje é um dia praticamente indoor e com 3 museus gratuitos. Comece indo para o British Museum (estação Holborn) para conhecer um dos acervos mais impressionantes da humanidade. É bem verdade que se pode passar 1 ou 2 dias inteiros vendo todo o acervo. Mas passar umas 4 horas já te permitirá ver a coleção egípcia repleta de tumbas e múmias, diversos bustos e esculturas gregas, bem como coleções de outras partes do mundo inteiro. Ao sair, uma dica é ir visitar a Blade Rubber Stamps, uma loja incrível de carimbos. Uma boa pedida é almoçar no Princess Louise (não consegui ir mas é super bem recomendado), pub que fica próximo da estação Holborn.
Na parte da tarde, a dica é até a Trafalgar Square e admirar esta linda praça, além da coluna de Nelson. Depois, vá até a National Gallery, museu focado em pinturas do século 13 até 1900. Lá, você verá Monet, Van Gogh, Paul Gauguin, entre outros. Ao sair, no final da tarde, vá até a National Portrait Gallery, que fica bem ao lado, e é focada em pinturas “posadas” de personalidades como Shakespeare, Paul McCartney, Charles Darwin e vários monarcas ingleses. Vale dizer que na quinta, a National Portrait Gallery só fecha a noite (mas ainda assim, vale dar uma confirmada antes).
Dia 8
Lembra quando eu disse que havia 3 museus em South Kensington que valiam por um dia inteiro? Então prepare-se pois o dia chegou e vai ser um daqueles! Comece indo até a Harrods (estação Knightsbridge), uma das mais conhecidas lojas de departamento do mundo. Perca-se por seus andares com decoração temática do Egito e veja de tudo. Comida, roupa, sacolas, artigos para casa e uma infinidade de outras coisas. Os preços são meio caros, mas ainda assim, vale ir até lá para pelo menos uma foto com a fachada. De lá, siga até a Harvey Nichols, outra loja de departamentos igualmente luxuosa e com fachada igualmente bonita (lembre-se que não sou consumista e ainda assim indico ir até lá).
No fim da manhã, vá até o pub Bunch of Grapes para um fish and chips com um pint (em Londres aliás, há uma infinidade de pubs por esquina). Agora sim, no início da tarde enfim vamos aos 3 museus incríveis (e gratuitos novamente)! Comece pelo Natural History Museum, cuja fachada só perde para a Houses Of Parliament (em minha modesta opinião) para ver réplicas e fósseis de diversos tipos de animais, desde os dinossauros até os dias atuais. Gaste pelo menos umas 3 horas lá. Bem ao lado, o Science Museum te pedirá 2 horas (menos se você for nerd). Lá, você verá diversas invenções ao longo do tempo, como o carro, foguetes, locomotivas, aviões, o uso de variados tipos de tecnologias, além de uma pedra lunar. Esses dois museus são passeios muito indicados para crianças.
Ao sair, siga para o Hyde Park, que estará bem ao seu lado, para uma passeada e um ar fresco (se não for inverno, claro). O parque é enorme e eu aconselho você a não ir muito longe, já que a última atração do dia exigirá que você retorne para onde estava. Uma outra alternativa é dedicar mais temo ao Hyde Park logo de manhã e ignorar a Harrods.
Ao voltar, a dica é ir até o Victoria and Albert Museum (entrada gratuita), para ver um dos maiores acervos de artes e design do mundo, com destaque para a sala de grandes esculturas (prepare o babador). Na sexta, o museu fica aberto durante a noite, mas cabe alertar que apenas 70% das galerias ficam abertas. Ao final do dia, a Kensington Creperie, na Exhibition Road, vale muito a pena.
Dia 9
Chegue às 10h para a primeira visita guiada (entrada paga) ao Wembley Stadium (estação Wembley Park) e veja esse templo do futebol, onde foi disputada a final da Copa do Mundo de Futebol de 1966 vencida pelos donos da casa. Em pouco mais de 1 hora você irá dizer seu time de futebol, vai até a sala de imprensa, vestiários e será enfileirado (calma!) junto a outros turistas simulando 2 times que vão entrar no gramado ao som da música da FIFA (marmanjos vão se arrepiar). Aí, você irá até a beira do campo (achou que ia pisar no campo né, vai sonhando) e tome mais história. Depois, subirá por setores da arquibancada e poderá tirar uma foto com a taça FA Cup por 10 pounds (sua cabeça, seu guia), para então, retornar.
Na parte da tarde, a sugestão é retornar para o lugar em que você achou que precisa retornar (tipo a Oxford Street para comprar souvenir) ou visitar outra atração. Para comer, vcê pode optar por uma das muitas filiais do Le Pain Quotidien.
Acha que estou esquecendo de algo, não é? Não, não. Para fechar a viagem, vamos para mais um momento selo turista de qualidade. Sim, estou falando da London Eye (estação Waterloo). A melhor dica: se você for na primavera, compre a entrada com antecedência pela internet para as 21h. Acredite: você verá Londres ainda com o céu claro e a luz caindo conforme você vai subindo na roda (meio poético isso). O passeio completo leva uns 25 a 30 minutos e sim, é verdade que a roda gigante não para. Todos têm que entrar nos bondinhos em movimento (mas é tranquilo, não se preocupe).
Acha que Londres merece quantos adjetivos? Vai pensando e me diz quando voltar de lá.