Lugano, cenário italiano em solo suíço

Às vezes parece Itália pela arquitetura lombarda e praças com arcadas, às vezes é Suíça com sua organização e paisagens bucólicas. O certo é que as duas características convivem harmoniosamente em Lugano, principal cidade do cantão suíço de Ticino

Para falar de Lugano, deve-se começar por descrever seu ingresso na cidade, de preferência chegando de trem. Da estação ferroviária se avista uma cidade arborizada, que se estende entre as margens do Lago Lugano e a exuberância das montanhas Bré e San Salvatore.

História, arte, arquitetura e gastronomia se mesclam nessa cidade. Culta, elegante, luminosa e próspera, Lugano cativa de imediato. No centro histórico restaurado –onde carros e vespas, muito comuns nessa região, são proibidos de circular– há imensos calçadões, praças, jardins, vielas estreitas, e outras nem tanto, respira-se um ar deliciosamente latino.

Todas as cidades guardam segredos, e os de Lugano são desvendados quando a tarde começa a cair. A cidade se transmuta. Antes de tudo, nesse horário a luz do sol intensifica a riqueza da linguagem cromática: tons de terracota, canela, sépia e sombras ressaltam as formas e texturas de edifícios dos séculos 18 e 19, dos palácios barrocos e das igrejas com portais renascentistas. O grafismo cria um contraste vivo com as palmeiras e jardins tropicais que se alinham ao longo da promenade.

Outra característica da cidade é a rapidez com que se passa da calmaria suíça para o agito italiano. Porque ao entardecer parece que todo mundo vem para as praças e ruas do centro histórico. As mesinhas dos cafés, sorveterias e restaurantes invadem a Piazza della Riforma e a Manzoni, que ficam lotadas.

À noite, as praças são o oásis dos boêmios e dos amantes da música. Ali acontecem –em abril/maio e junho/julho– os principais festivais da cidade: o de Música Clássica e o Lugano Estival Jazz.

Mas é na Via Nassa e adjacências que Lugano descortina elegância e charme. Nas caminhadas sem rumo certo e sem compromisso, pontuadas por intervalos nas galerias de arte, nas lojas de design, ou naquelas que fazem a moda, como Versace, Prada, e Armani há sempre o que cobiçar. São vitrines meticulosamente produzidas e quase feéricas que protagonizam uma inesperada disputa com frutas, queijos e salumeria. Tudo isso exposto em carroções tipicamente italianos, estacionados nas calçadas: é uma festa para os olhos, sem a algazarra tão peculiar ao país vizinho.

Felizmente, há quem não se contente com o óbvio no reino das viagens. Vai atrás do novo, do diferente, de um lugar que estimula a imaginação, enfim à procura de novas experiências.

Mais informações: www.ticino.ch

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado