Madri: dicas para conhecer as principais obras do Museu do Prado
Instituição oferece vários meios de conhecer suas principais obras para quem não tem muito tempo na capital espanhola
O Museu Nacional do Prado, em Madri (Espanha), é considerado um dos mais importantes do mundo pelo seu extenso arquivo artístico, que abarca desde o românico até o século 19. A instituição é uma das mais visitadas do mundo, com cerca de três milhões de entradas anuais.
Segundo o jornalista brasileiro Vitor Ribeiro, que vive na cidade desde o início de 2018, quase todo turista que desembarca em Barajas, o aeroporto local, guarda um dia para conhecer o Prado. “Eu brinco que a passagem para Madri deveria ter um tíquete para o museu atrelado.”
Excepcionalmente rico em obras de mestres europeus dos séculos 16 ao 19, seu principal atrativo está na ampla presença de quadros de Velázquez, El Greco e Goya –o artista mais frequente no museu– e de artistas de escolas flamengas e italianas, como Ticiano, Rubens e El Bosco, dos quais o Prado possui as maiores coleções do mundo. Somam-se a elas peças de Murillo, Ribera, Zurbarán, Rafael, Veronese, Tintoretto ou Van Dyck, para citar apenas os mais relevantes.
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Apesar do seu patrimônio extenso — seu inventário contabiliza 8,6 mil pinturas, 950 culturas, 6,4 mil desenhos, 2,4 mil gravações, 800 objetos decorativos, 900 moedas e 800 medalhas –, o museu exibia até poucos anos atrás menos de mil obras, o que levou a instituição a projetar uma ampliação maior do que as que já tinham sido feitas.
O projeto foi encarregado ao arquiteto Rafael Moneo e durou seis anos, entre 2001 e 2007, reabrindo salas, incorporando o claustro do monastério vizinho de Los Jerónimos el Real à sede histórica — o prédio foi transformado em um moderno edifício em forma de cubo — e construindo novos espaços para a coleção fixa e exposições temporárias.
Depois da ampliação, as salas da pinacoteca centenária agora enchem os olhos dos visitantes com a instalação de peças mestres que aumentaram a seleção exposta para 1.150, tudo ordenado pelas correntes artísticas históricas. O grande número de obras exige que as visitas sejam bem organizadas a partir do tempo disponível. Por isso, é importante consultar os roteiros que o próprio museu propõe no seu site oficial.
O percurso mais curto sem perder o principal
O roteiro mais curto, que dura metade de um dia, começa acessando o museu pela Puerta de los Jerónimos, a nova entrada, que permite conhecer a estrutura moderna do antigo monastério.
Por baixo, ele se conecta com os andares mais baixos do edifício clássico do Prado, que possui uma rica mostra de pinturas espanhola (de 1100 até 1910), italiana (de 1300 a 1600), flamenca (1430 a 1570) e alemã (1470-1568), com obras de Durero, Brueghel, Fra Angelico e Veronese. As amplas salas concentram também pinturas grandes que deram fama ao museu de Madrid — e que são visitas obrigatórias para qualquer um que chegue à cidade –, ao lado de obras de outras épocas, como afrescos e esculturas.
Nessa fase da visita, é possível admirar o extraordinário realismo do retrato Cardenal, de Rafael, as vivas cores de De Kruisafneming, de Van Weyden –em que o azul da Virgem é um dos lápis-lazúli mais puros utilizados na época– ou o exagero de fantasia que El Bosco colocou em seu Jardín de las Delicias. A visita segue no primeiro andar do prédio histórico do Prado, que durante anos foi a única sede do museu.
O palácio neoclássico do Prado data de 1785, quando o rei Carlos 3º encarregou o arquiteto Juan de Villanueva de construir um edifício para acolher o Gabinete de Ciências Naturais da Espanha. Anos depois, seu neto, Fernando 7º –e especialmente sua mulher, Isabel de Bragança, cujo retrato é a atração principal de uma das salas–, quem, seguindo a moda que imperava nas monarquias europeias de adquirir prestígio por meio de coleções de arte, destinou o edifício ao Real Museo de Pinturas y Esculturas.
O Real Museo abriu suas portas em 1819 com o nome de Museo Nacional do Prado, um catálogo de 311 obras e a pretensão de mostrar ao mundo a qualidade da pintura espanhola. No início, a maioria das peças eram provenientes das próprias escolas da Espanha.
A visita curta continua do primeiro andar do edifício de Villanueva, onde a escolha é difícil por causa da concentração de obras que vão de Velázquez e seu tempo até chegar em Goya e seus correlatos. Subindo pela escada central se chega à sala 12, presidida pelo quadro “Las Meninas”, feito por Velázquez em 1656 e sua obra mais famosa pelas várias camadas de perspectiva com que foi planejado.
Mais adiante, nas salas superiores, se contemplam as famosas “pinturas negras” de Goya, série única no mundo de 14 murais que, arrancados das paredes da casa do pintor, foram doados ao museu em 1881, se tornando uma de suas propagandas mundiais. Do mesmo artista, os retratos da duquesa de Alba atraem os olhares tanto em sua versão de mal vestida como a sem roupa alguma, de 1795.
Outros detalhes para contemplar são a finura do traço e o jogo de sombras com que El Greco pintou seu “The Gentleman with His Hand at His Breast”, ou o barroco de “Las tres Gracias”, de Rubens, um trio de figuras femininas de corpos exuberantes que refletem o virtuosismo técnico do pintor. O percurso pelo andar se completa com obras de Murillo, Zurbarán, Ribera, Caravaggio e Rembrandt.
Com a expansão a outros edifícios históricos do entorno, como o Casón del Retiro, o Prado compreende um campus museólogo que reforça a oferta cultural que em Madrid se conhece como o “quarteirão da arte”.