Manifesto das mulheres viajantes
Sim, eu vou!
Mas vai para onde? Vai com quem?
Vou para onde o meu coração mandar. Vou sozinha, vou para o mundo!
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Como no meu sonho de criança, quando eu tirava as roupas do armário, colocava na mala e dizia que iria viajar….
Como quando eu amarrava um pano nas minhas costas, sonhando voar para ver todas as belezas da Terra, que estavam estampadas no livro da escola.
E quantas vezes eu ouvi que isso era impossível: o mundo é perigoso, você é mulher!
Tentaram destruir meu sonho, colocaram na minha mala ódio, medo, insegurança, assédio, preconceito…
Mas eu fui, e foi ali que eu descobri o quanto eu sou forte.
Um dia, no meio dos Himalaias, no Nepal, soube que o Monte Everest era chamado de Chomolungma, Deusa mãe da Terra, mas depois recebeu o nome de um homem… Aos pés da cordilheira, entre lágrimas, enxerguei a força do feminino e o quanto tentam apagá-la.
Temem que as mulheres descubram o seu poder, pois aí, o mundo não será mais perigoso para nós, mas sim, nós perigosas para o mundo…. Perigosas para o mundo como ele é.
Querem que acreditemos que somos fracas, mas somos como a montanha mãe da terra, capazes de tocar o céu.
E eu continuei… fui sozinha, mas não estava sozinha… e aos poucos fui tirando tudo o que tinham colocado na minha mala e entranhas.
A cada novo sorriso de um desconhecido, o ódio se transformava em amor… Um pedaço da dor desaparecia a cada ato de solidariedade… O assédio virou coadjuvante diante do respeito… A insegurança foi substituída por ajuda … os sonhos tornaram-se realidade a cada passo dado.
Eu e o mundo nos fundimos, como os rios em seus vales, o sangue corre em minhas veias.
Aprendi com o vai e vem do mar a aceitar a impermanência… a cada nova paisagem, vi a beleza da vida … cada nascer do sol me mostrou o poder da persistência…
Minha mochila se transformou em asas… e sim, eu voei, voei alto, alcancei o céu e os sonhos.
Nunca mais me digam que não posso ir porque sou mulher.
Eu vou! Nós vamos!
Seja em nome dos nossos sonhos de criança ou por cada menina que tem o seu sonho apagado pelo medo.
Iremos em nome da liberdade, porque sem ela, não vale a pena ter vivido.