Manifesto das mulheres viajantes

Em parceria com GirlsGo
08/03/2017 08:10 / Atualizado em 11/09/2017 15:37

Sim, eu vou!

Mas vai para onde? Vai com quem?

Vou para onde o meu coração mandar. Vou sozinha, vou para o mundo!

Como no meu sonho de criança, quando eu tirava as roupas do armário, colocava na mala e dizia que iria viajar….

Como quando eu amarrava um pano nas minhas costas, sonhando voar para ver todas as belezas da Terra, que estavam estampadas no livro da escola.

Gilsimara Caresia é jornalista e turismóloga e já viajou por mais de 70 países sozinha

E quantas vezes eu ouvi que isso era impossível: o mundo é perigoso, você é mulher!

Tentaram destruir meu sonho, colocaram na minha mala ódio, medo, insegurança, assédio, preconceito…

Mas eu fui, e foi ali que eu descobri o quanto eu sou forte.

Um dia, no meio dos Himalaias, no Nepal, soube que o Monte Everest era chamado de Chomolungma, Deusa mãe da Terra, mas depois recebeu o nome de um homem… Aos pés da cordilheira, entre lágrimas, enxerguei a força do feminino e o quanto tentam apagá-la.

Temem que as mulheres descubram o seu poder, pois aí, o mundo não será mais perigoso para nós, mas sim, nós perigosas para o mundo…. Perigosas para o mundo como ele é.

Querem que acreditemos que somos fracas, mas somos como a montanha mãe da terra, capazes de tocar o céu.

E eu continuei… fui sozinha, mas não estava sozinha… e aos poucos fui tirando tudo o que tinham colocado na minha mala e entranhas.

A cada novo sorriso de um desconhecido, o ódio se transformava em amor… Um pedaço da dor desaparecia a cada ato de solidariedade… O assédio virou coadjuvante diante do respeito… A insegurança foi substituída por ajuda … os sonhos tornaram-se realidade a cada passo dado.

Eu e o mundo nos fundimos, como os rios em seus vales, o sangue corre em minhas veias.

Aprendi com o vai e vem do mar a aceitar a impermanência… a cada nova paisagem, vi a beleza da vida … cada nascer do sol me mostrou o poder da persistência…

Minha mochila se transformou em asas… e sim, eu voei, voei alto, alcancei o céu e os sonhos.

Nunca mais me digam que não posso ir porque sou mulher.

Eu vou! Nós vamos!

Seja em nome dos nossos sonhos de criança ou por cada menina que tem o seu sonho apagado pelo medo.

Iremos em nome da liberdade, porque sem ela, não vale a pena ter vivido.