Marrocos: o ocre mais colorido e surpreendente da Africa!

24/11/2017 03:45 / Atualizado em 26/11/2017 23:30

Marrocos, ou melhor, o Reino de Marrocos está situado na ponta ocidental da África e vem atraindo cada vez mais turistas do mundo inteiro, interessados em experiência cultural, gastronomia típica ou mesmo nas suas áridas e deslumbrantes paisagens.

Para o Brasil, o Marrocos está em localização bastante favorável, bastando um vôo direto de 8:45h entre São Paulo e Casablanca. A principal companhia aérea para este destino é a Royal Air Maroc, que voa, quase diariamente, em um boing 787, com serviços razoáveis. Outras cias acessam, mas sem dúvida a Air Maroc tem o melhor preço (www.royalairmaroc.com).

Dromedários no deserto do Saara
Dromedários no deserto do Saara

O Marrocos é um país predominantemente muçulmano, fala-se árabe como primeira língua e francês como segunda. Nos principais pontos turísticos é possível se comunicar em inglês ou espanhol. O trato geral na cidade é tranquilo, mas você deverá estar aberto e preparado para negociar TUDO! Do táxi às comprinhas, você precisa sempre barganhar, e frequentemente vai acabar pagando 1/3 do preço inicial pedido (!!), especialmente se fingir que vai sair da loja e que está desistindo da compra, uma tática que passei a usar indiscriminadamente de tão eficaz! Pode ser divertido para uns ou cansativos para outros, mas definitivamente não tem como fugir desta dinâmica, então, invoque a descendência árabe que você não tem, e se tiver, exercite!

Vista panorâmica da Praça Jemaa El Fna, em Marrakech
Vista panorâmica da Praça Jemaa El Fna, em Marrakech

Apesar dos mil alertas que recebi em relação à condição feminina no país, já que estávamos indo viajar em duas mulheres (minha mãe e eu), foi tranquilo, não há sensação de insegurança, e apesar das ofertinhas de trocar você por camelos serem realmente feitas, felizmente, no Marrocos, acontece na brincadeira.

Seja como for, e apesar do clima bastante cosmopolita que já existe nas principais cidades do país, eu recomendo muito mais fazer a viagem por meio de um circuito montado por agência, do que sozinho. No circuito, que pode ser privativo (para vc e seus amigos) ou comum (excursão/grupo) haverá um chofer/guia que vai te levar para todos os lugares turísticos, para os lugares mais escondidos e menos populares, vai dirigir pelas estradas (que não são tão seguras assim), irá tratar em árabe com os guardas de trânsito, afastar os ambulantes, dar informações e explicar curiosidades. Lembre-se que você não está indo para Paris ou Londres, lugares que você se vira sozinho tranquilamente. Achei a presença de um guia fundamental.

No Marrocos são dois os principais circuitos que as agências montam: um deles focado nas Cidades Imperiais (Casablanca, Marrakech, Rabat, Fez) e outro focado na visita ao Deserto do Saara (Casablanca, Marrakech, Ouarzazate e Merzouga). No meu caso fiz o deserto, que é uma opção mais contemplativa, mais ligada às paisagens naturais e cenários menos urbanos. Existem várias agências brasileiras que montam os roteiros, mas após uma grande pesquisa, optei pela Adventure Club Turismo (www.adventureclub.com.br), que além de ter um atendimento de primeira por conhecerem muito o roteiro (Carol Beloni/Eliane Leite), ainda teve um preço bastante atrativo.

Vista da mesquita Hassan II, em Casablanca
Vista da mesquita Hassan II, em Casablanca

O meu circuito pelo Marrocos começou em Casablanca, onde fica a suntuosa e bela mesquita Hassan II, a terceira maior do mundo, seguindo para Marrakech, cidade mais visitada do país e que merece uns dias a mais da sua estadia. Os mercados são chamados souks, e o principal deles fica na praça Jemaa El Fna, onde se vê de tudo e mais um pouco. Neste lugar você fará compras, poderá experimentar a culinária local, verá encantadores de serpentes, macacos, motos, bicicleta, tudo junto e misturado, além de ouvir o eco das orações que são feitas 5 vezes por dia e que ecoam por todo lado.

Encantadores de serpentes
Encantadores de serpentes

Seguindo viagem, sentido leste (Argélia), chega-se em Boumalne Dades, onde atravessa a Garganta de Dades, uma das estradas consideradas entre as mais lindas do mundo, com inacreditável vista de suas curvas sinuosas e seus altíssimos cânions. É feita uma parada com hospedagem, partindo no dia seguinte para Ouarzazate, clássica região onde foram gravados vários filmes de época como “Tutankamon”, “Alexandre”, “Cleópatra”, “Obelix”, “A Múmia”, ou de alguns episódios de “Prison Break”, “Game Of Thrones” e onde também fica o imperdível povoado Ait Ben Haddou, cenário do filme “Gladiador”, que é realmente impressionante! Mais uma parada com hospedagem (lembre-se, são muitas horas rodadas de um lugar ao outro enquanto se atravessa o país leste-oeste).

Ouarzazate, clássica região onde foram gravados vários filme
Ouarzazate, clássica região onde foram gravados vários filme
Eu e minha mãe, a Vivi, na Garganta de Dades, uma das estradas consideradas entre as mais lindas do mundo
Eu e minha mãe, a Vivi, na Garganta de Dades, uma das estradas consideradas entre as mais lindas do mundo

De lá segue estrada para Merzouga, onde finalmente se chega no Deserto do Saara, o maior deserto quente do mundo! Nesta parte do Saara, mais especificamente nas Dunas de Merzouga, ou também chamadas de Erg Chebbi, a areia é fina e alaranjada e vc pode caminhar livremente a pé ou de nas caravanas de dromedários. Vai interagir com os bérberes (pessoas locais) e vivenciar um deslumbrante nascer e pôr do sol. Nosso foco na viagem era pernoitar no deserto, o que é possível fazer em tendas privativas (feitas de lã), com banheiro, chuveiro e camas bem razoáveis (são chamados bivoucs).

Tendas no deserto
Tendas no deserto
Sombra dos dromedários nas areias do Saara
Sombra dos dromedários nas areias do Saara
Eu no Saara com dromedários
Eu no Saara com dromedários

Dormir em pleno Saara foi uma experiência muito energizante, pois além do amanhecer e do entardecer, ainda tem o céu absolutamente estreado da madrugada! É possível pegar tempestades de areia, dependendo da época, mas tivemos a sorte de pegar o dia absolutamente aberto e sem nenhum tipo de evento que pudesse atrapalhar aquele esperado momento! Realmente foi o highlight da viagem!

Vista do desero do Saara
Vista do desero do Saara - Istock

Depois disso, começamos nossa viagem de volta. No Marrocos, apesar da maior parte de todas as casas serem baixas e na cor ocre (quando fortificadas chamadas de kasbah), é um país onde não faltam cores! Seja na tapeçaria, na cerâmica, nas especiarias, e toda riqueza artesanal, vc verá tudo extremamente colorido. Isso sem contar nos aromas dos chás, das especiarias ou das pedras de sabão, dispostos todos esses em grandes tendas ao longo dos souks e medinas. O óleo de argan, poderoso hidratante corporal, também é produto típico do país e dificilmente vc sairá sem comprar um exemplar nas várias cooperativas espalhadas pelo país.

Barraquinha de artesanato
Barraquinha de artesanato

A gastronomia do Marrocos tem origem milenar, sendo o prato mais tradicional os tajines, que é o nome da cerâmica onde a comida é servida, e que trazem frango ou carne com o famoso cuscuz marroquino. Álcool é bastante restrito, basicamente à venda somente nos hotéis (cervejas locais: Casablanca e Flag Special), sendo a bebida mais tradicional consumida pelos marroquinos o chá de menta. Por todas as regiões vc ainda vê centenas de palmeiras de tâmaras frescas, absolutamente deliciosas, e muitos pés de laranja, fruta bastante típica.

Tajine de cuscuz marroquino, prato típico do país
Tajine de cuscuz marroquino, prato típico do país

Ainda pelas rodovias do Marrocos, deu para fazermos um passeio bate-volta para Essaouira e ver algo absolutamente inusitado, que são os inacreditáveis (inacreditáveis mesmo!) “pés de cabras”! As cabras efetivamente possuem a habilidade de escalar árvores como meio de obtenção de alimento, principalmente em regiões muito áridas em que a adaptação é questão de sobrevivência, porém em muitos casos são treinadas a assim ficarem como iscas para turistas, virando uma ‘atração’ do país.

Pé de cabra no caminho para Essaouira
Pé de cabra no caminho para Essaouira

Por fim, não poderia deixar de falar sobre as portas do Marrocos, uma arte e beleza à parte! São trabalhadas de diversas formas, mas sempre esculpidas nos mínimos detalhes, seja onde for e por todos os lados, dá vontade de fotografar todas, aliás, tudo no país dá vontade de olhar sem parar, tudo é muito pitoresco, interessante, atraente, exuberante. Marrocos: um país fascinante e surpreendente do começo ao fim!

As portas do Marrocos
As portas do Marrocos

Por Karina Penna Neves, 36 anos, paulista, advogada. Viciada em viagens, já passou por cerca de 40 países, e compartilha fotos de suas viagens no perfil @sabbaticallife