Minas Gerais, terra de comida boa e povo hospitaleiro
Culturalmente uma das terras mais ricas do Brasil. A comida típica vai muito além do pão de queijo, frango com quiabo e feijão tropeiro. Minas Gerais é terra de escritores, músicos e atores famosos. Terra de Chica da Silva, Aleijadinho, Ary Barroso, Pelé, Carlos Drummond de Andrade… A lista é imensa! Sim, mineiro não nasce atoa. Eles brilham e fazem história!
Famosa, também, pelos queijos e cafés, pelas pedras preciosas e sua Estrada Real e por sua ampla cobertura vegetal: cerrado, caatinga e mata atlântica. Bem, o que mais a gente esperava para fazer as malas e se mandar pra Minas?
Partimos em busca da história viva, aquela que lemos nos livros de história. Que delícia poder conhecer a casa onde viveu Chica da Silva, todas aquelas igrejas, as obras de Aleijadinho. E, claro, entre uma paradinha e outra sempre aproveitávamos para fazer um lanche. Tudo o que provamos era bom. Restaurantes mais simples, de chão batido e uma comidinha que exalava cheiro de comida de vó.
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Cruzamos pelos seguintes caminhos: Diamantina, Serro, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, São João Del Rey, Congonhas, Belo Horizonte, Cristina, Serra do Cipó, Brumadinho, Sete Lagoas, Nova Lima, Serra da Mantiqueira. Fizemos parte da Estrada Real… Lembram? A maior rota turística do Brasil, aquela por onde transitava o ouro e diamante de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. Hoje ela resgata as tradições do percurso valorizando a identidade e as belezas da região.
Fomos às Grutas da Lapinha e Rei do Mato. Conhecemos Inhotim e a Vila Biribiri. Provamos o doce de leite Viçosa, eleito nove vezes o melhor do Brasil. Mas teve duas visitas que rasgaram nossos corações nessa viagem.
A primeira: encontrar com o produtor de queijos Tulio Madureira, dono de um dos queijos mais famosos do estado, do Brasil e que está ganhando visibilidade mundo a fora. Sim, hoje ele é um dos melhores queijos do mundo! Localizada na região do Alto do Jequetinhonha, é na cidade do Serro que está Tulio e seu ilustre queijo.
Com a ajuda de pessoas da cidade, chegamos na casa do produtor e para nossa surpresa, Tulio esbanja simplicidade, conhecimento e carisma. Fomos muito bem recebidos por ele e sua mãe. Provamos o seu queijo espetacular que vale tudo o que dizem a seu respeito. O queijo do gado GIR que ele produz junto do seu pai, tem 60 anos de história. Mas há pouco tempo ele fez um resgate de uma técnica antiga: a maturação.
Um queijo de casca grossa e de gosto amadeirado. Macio e claro, o queijo já é um produto artesanal de grande destaque no mercado. Tulio diz que o mais bonito é o exemplo aos jovens que se agarram á luta da sua família e estão junto com seus pais tentando manter a tradição familiar. “Ajudar a valorizar, cadastrar e vender seu produto com valor agregado, pensando na melhoria de vida e na fixação dos jovens, esse é meu sonho”, nos disse ele.
Degustando e nos surpreendendo com o sabor desse queijo seguimos viagem para a segunda visita especial. Rumo a fazenda do produtor de café Sebastião Afonso, na cidade de Cristina. No alto da Serra da Mantiqueira, com uma altitude de 1,5 mil metros que vem o café natural e mais caro do mundo. Eleito pelos jurados do concurso “Cup of Excellence” o melhor de 2014 e 2015. Quer mais? Em 2014 ele conquistou a maior nota já alcançada em concursos para café natural em todo o mundo: 95,18. Numa escala que vai até 100.
Quando entramos em contato com a prefeitura da cidade o que informamos foi: gostaríamos de conhecer a fazenda do produtor e saber um pouco sobre o grão premiado. Jamais esperávamos conhecer ele, imagina então passar uma tarde ouvindo toda sua experiência de vida e de café. Mas foi ele mesmo quem nos recebeu.
Seu Sebastião com toda sua modéstia tornou a nossa tarde muito prazerosa. Conferimos notícias, vídeos, troféus. Vimos o grão na mão enquanto escutávamos atentos as explicações dele, e, claro, provamos o seu delicioso e premiado café. Simplesmente delicioso… Não somos jurados, mas como amantes dessa bebida, nossa nota foi máxima!
EUA, Alemanha, Japão, Suíça, Austrália são alguns dos países que compram o café dele. Esse reconhecimento traz nas costas muito trabalho e amor pelo o que se faz. “A satisfação de ser reconhecido mundo a fora é muito grande. Mas ainda temos muito o que aprender, ninguém sabe de tudo né?”, diz com toda humildade, seu Sebastião.
Sabe aquela fama que carregam? “Mineirinho come quieto?”. Comem mesmo. São discretos nas suas conquistas e feitos. Podem ter posses e tudo mais, mas não ligam. E foi aí que lembramos que humildade não tem a ver com a falta de posses. Ser humilde é ser simples. Mesmo que a vida te presenteie com bens materiais.
Por tudo o que vimos na andança pelo Estado de Minas Gerais, podemos afirmar que esse povo mineiro faz jus ao “povo bão dimais”. Hospitaleiros, desprovidos de frescuras, donos de um linguajar particular e com uma comida apaixonante…
Somos gaúchos e temos orgulho das nossas raízes, mas me arrisco a pensar: Seria exagero dizer que essa gente, cheia de atributos, nos restaura a fé na humanidade?
Relato por Fernanda Schena e Gilberto Matiotti