Mônaco é destino para viajar no tempo
Principado vai além de um destino só para abonados
Mônaco é muito mais que destino só para abonados. Hoje, o Principado se destaca mais na mídia como modelo de sustentabilidade e difusor de arte, cultura e ciência.
Todas minhas viagens têm um fio relacionado com alguma história que li, ouvi, ou que desejo contar. O fio que me levou a Mônaco é comprido e sua ponta está a um oceano de distância. Para ser mais exato, seu começo foi minha coleção de selos. Nela conheci o Principado.
Você sabia que há 60 anos, os selos eram a segunda fonte de economia de Mônaco, depois dos cassinos? De tão bonitos eram disputados “a tapas” pelos filatelistas. Anos mais tarde fui fisgado pelas aventuras de Jacques Cousteau, conhecido por suas viagens documentais a bordo do Calypso.
Durante décadas Cousteau foi também diretor do Museu Oceanográfico de Mônaco, e era também ali nas marinas que ancorava seu renomado barco. Um motivo a mais para eu conhecer as instalações e exposições desse museu, consideradas das mais importantes do planeta marítimo.
Mônaco é muito mais que destino só para abonados. Hoje, o Principado se destaca mais na mídia como modelo de sustentabilidade e difusor de arte, cultura e ciência.
Museu Oceanográfico e Aquário
Uma coisa é certa: ninguém há de acusar Mônaco de modéstia em suas instituições museológicas. A começar pelo Museu Oceanográfico. Eu o vejo como um palácio erguido nas escarpas de rochedo sobre o mar. Idealizado, em 1910, pelo Príncipe Albert I, bisavô do atual monarca, um apaixonado pela vida dos oceanos e pioneiro na preocupação com o ambiente e sua conservação. O museu é reconhecido por seu importante acervo e longo histórico de exposições e atividades.
Minha visita teve início no Aquário. Das profundezas do Oceano à Barreira de Corais. Verdadeiro mar fechado em 90 tanques, onde nadam centena de espécies de peixes, mais de 200 tipos de invertebrados, além de anêmonas e corais. Um mundo fascinante, ainda misterioso e indecifrável.
Há espécies que nos encantam pela extravagância de colorido ou da forma, ou ainda nos assombram pelo porte. Assim, deixei de lado tubarões, polvos, o temível peixe-leão, a morea, e o fabuloso cavalo-marinho, para citar apenas alguns, e me concentrei num dos tanques que é berçário de Nemos, o peixe-palhaço (Amphiprioninae). O motivo desse nome é que seu nado não é em linha reta, mas de um jeito meio torto e com movimentos desengonçados.
As vaporosas águas vivas (Pelagia noctiluca), também chamadas de cogumelo do mar capturaram também minha atenção. Sua forma extraordinária, e seus graciosos movimentos hipnotizam. Contudo são um pesadelo para os banhistas principalmente no verão, pois curtem águas temperadas. Seus tentáculos causam dor e queimadura imediata. Mas, uma de suas mais fabulosas habilidades é a bioluminescência, isso é, produzem luz. Não é demais?
Minha oceanomania fixou-me no restante da visita na ala do ‘Grande Gabinete de Curiosidades do Mundo Marítimo”. Ali são colocados em cena objetos da história das grandes expedições científicas do seu fundador, instrumentos de navegação, equipamentos de mergulho, mapas, livros…
A verdade é que quando deixei o museu já me sentia um velho lobo do mar.
Coleção de Carros do Príncipe
Tem algo melhor do que um carro zero-quilômetro? Só os com 50 anos ou mais! Pelo menos é isso que vale para os fãs de carros antigos. E a ‘Coleção de Carros do Príncipe’ enche a bola dos aficionados.
Automóveis em Mônaco são também cultura, pois, a arte sobre rodas sempre esteve presente no principado. Em épocas passadas, as ruas sinuosas de Mônaco eram percorridas por Hispanos Suiza, Packard, Facel Vega, Delage, e tantos outras obras-primas que hoje não existem mais, dirigidas por reis, condes, duques e magnatas.
A coleção abriga desde calhambeques do início do século passado, que custam verdadeiras fortunas, passando por carros mais recentes até o espaço dedicado à “Fórmula 1”. Ali rende-se homenagem a Ayrton Senna e aos McLaren que deram ao campeão brasileiro a marca invejável de seis Grandes Prêmios de Mônaco.
A melhor história de Mônaco envolvendo carros, é a do casamento, em 1956, do Príncipe de Mônaco, Rainier III com a atriz Grace Kelly. Conta-se que o príncipe ao assistir um ano antes o filme “Ladrão de Casaca”, do diretor Hitchcock, se enamorou de uma cena. Nesta, Grace dirige em vertiginosa disparada o conversível Sunbeam-Alpine MK. As imagens encantaram Rainier III, que saiu eufórico da sala de projeção. Não se sabe se pelo automóvel ou pela beleza real de Grace. Na dúvida levou os dois.
Museu do Mar
Com meu interesse pelo mar em alta e desejando captar o espírito da construção naval através dos tempos, ancorei no Museu Naval de Mônaco. Mais um refúgio para adquirir conhecimento e inspiração. Os destaques da coleção de quase três centenas de maquetes retratam as embarcações marítimas desde a ‘Nave Real Egípcia’ que singrava pelo Nilo, as naus com velas utilizadas pelos desbravadores dos sete mares, entre elas, o Bounty, fragata britânica célebre pelo maior motim da Royal Navy, e as caravelas de Cristóvão Colombo.
Uma ala é totalmente dedicada às embarcações de guerra, porta-aviões, submarinos, encouraçados. Outra seção abriga cartazes, livros e documentos que me trouxeram à tona os grandes desastres marítimos, dentre eles o mítico Titanic. O museu é pequeno, mas a amplitude de sua coleção é enorme.
No Principado há um filão de ótimos museus que instigaram minha imaginação. Certamente também poderão render boas histórias.