Museu Henry Flagler é visita obrigatória em Palm Beach
Destino preferido dos brasileiros nos Estados Unidos, a Flórida tem uma história protagonizada por um homem chamado Henry Morrison Flagler, um nome completamente desconhecido por nós e por grande parte dos americanos. Claro que saber sobre ele pouco importa para quem visita o estado, mas o ‘enredo’ que cerca a vida do homem é tão interessante que facilmente poderia se transformar em um filme protagonizado por Tom Hanks e quem sabe até concorrer a um Oscar.
Vamos focar na parte que interessa para não correr o risco de escrever um livro. Em 1885, Flagler era um magnata do petróleo (ao lado de ninguém menos que John D. Rockefeller) quando se afastou do negócio para investir em hotelaria e em incorporação imobiliária na Flórida. Ele fez isso ao ver uma oportunidade, quando, durante uma viagem com a segunda esposa, percebeu que o estado tinha potencial turístico, mas que ninguém além dele ainda havia notado.
Ele teve três esposas: Mary Harkness com quem teve três filhos e faleceu o tornando viúvo, Alice Shourds, que acabou sendo internada em um manicômio com doenças mentais e Mary Lily Kenan, uma jovem de menos da metade de sua idade, seu grande amor. Foi para ela que ele construiu Whitehall, a magnífica casa onde hoje funciona o imperdível museu Henry Flagler em Palm Beach.
A construção deu muito o que falar na época. Para se ter uma ideia, quando ficou pronta, em 1902, a casa foi descrita pelo jornal “The New York Times” como: ‘mais maravilhosa do que qualquer palácio na Europa, mais grandiosa do que qualquer outra habitação privada no mundo’.
Apenas olhando de fora, a imponente fachada do local, marcada por gigantescas colunas de mármore já impressiona bastante. Acrescente então a informação de que a propriedade possui 30 mil m² e 75 cômodos para o queixo cair de vez.
Por dentro, suntuosos salões mostram como a alta sociedade vivia na época. A tendência na decoração era o estilo europeu, especialmente o francês e o espanhol e justamente assim era Whitehall. Logo na entrada uma enorme sala com piso de mármore e um lindo mural no teto deslumbra quem chega. Neste ponto os pescoços se voltam para o alto e permanecem assim por um bom tempo.
Ainda no hall de entrada, duas gigantescas escadas se encaram frente a frente e, logo abaixo delas, em cantos opostos da sala, também se fitam os retratos de duas pessoas que nunca se conheceram apesar de seus laços consanguíneos: o próprio Henry Flagler e sua neta Jean Flagler Matthews (1910-1979).
Coincidentemente, abaixo da mesma escada onde hoje seu retrato está exposto, foi onde Flagler perdeu a vida. Em maio de 1913, quando tinha 83 anos, o magnata morreu após uma queda naqueles degraus de mármore. Mary Lilly, que tinha apenas 46, logo se casou novamente, mas morreu em circunstâncias suspeitas 4 anos depois.
Voltando ao tour pela casa, a sala de música, uma das mais interessantes, se mantem impecavelmente equipada com banquetas, poltronas e sofás ao estilo Louis XV, bem como lustres com milhares de cristais Baccarat pendentes e um órgão com 1.249 tubos.
Espalhados entre as 14 suítes, biblioteca, salão de jogos, salão de festas e outros cômodos, há tantos elementos decorativos incríveis que, por mais que tenham sido usados há tanto tempo, são tão sofisticadas e permanecem tão atuais, que poderiam estar em qualquer casa moderna, tais como alguns dos espelhos, luminárias, vasos, móveis e louças.
As inúmeras passagens secretas com portas perfeitamente escondidas entre os papeis de parede são outra peculiaridade do local. Durante a visita é possível ver uma delas e, segundo dizem, as passagens eram uma maneira utilizada por Flagler para escapulir de suas festas discretamente e ir para cama mais cedo sem que ninguém percebesse. Também era uma forma de os empregados circularem pela propriedade sendo praticamente invisíveis. E, o mais importante: era assim que todo mundo cortava caminho naquela imensidão de casa.
Fazendo um rápido desvio, Henry Flagler não é o nome mais importante da Flórida apenas porque um dia resolveu construir uma supercasa para uma mulher novinha por quem se apaixonou. Antes disso, em 1888, ele inaugurou em Santo Agostinho, o Hotel Ponce de Leon e, com o sucesso do estabelecimento, percebeu que precisaria de um sistema de transporte para sustentar seus empreendimentos de hotéis e fazer crescer o turismo na região.
Foi assim que ele comprou as estradas de ferro de Jacksonville, St. Augustine e Halifax que depois dariam início à ferrovia Florida East Coast Railway. A medida que a construção da ferrovia avançava, cidades iam se desenvolvendo em seu entorno e Flagler também expandia seu império hoteleiro. Tudo isso foi o que transformou a Flórida no estado que conhecemos hoje: um paraíso para o turismo.
Em janeiro de 1912, a Florida East Coast Railway estava concluída e sua construção exigiu um grande desafio da engenharia, pois a ferrovia seguia acima do mar até a cidade de Key West. Naquele dia, Henry Flagler viajou na inauguração de seu trem em um vagão particular decorado especialmente para ele.
Este mesmo vagão, o ‘Railcar No. 91’, se encontra no museu e é possível entrar e espiar como o magnata viajava. Havia uma suíte com cama de casal, uma sala com mesa e poltronas para ele interagir com convidados, um segundo quarto com cama suspensa, poltronas e mesa – possivelmente onde dormiam os empregados – e um último cômodo, a cozinha.
Os áureos tempos de Whitehall duraram pouco. Apenas 11 temporadas de inverno foram passadas na residência e, quando Henry Flagler morreu em 1913, a casa permaneceu fechada até 1916. Mary Lily visitou a casa apenas mais uma vez em 1917 e, ao morrer, no final daquele ano, deixou a propriedade como herança para uma sobrinha.
A mansão foi vendida a um grupo de investidores que adicionou uma torre de dez andares no lado oeste da propriedade e converteu toda a estrutura em um hotel com 300 quartos. O hotel funcionou de 1925 e 1959, período em que parte da casa original foi usada para reuniões, jogos de poker, lounges, um bar e suítes de hóspedes.
Em 1959, todo o edifício corria risco de ser demolido, incluindo Whitehall. Quando Jean Flagler Matthews, neta de Henry Flagler soube do risco iminente que a propriedade corria, criou uma corporação sem fins lucrativos, o Henry Morrison Flagler Museum, e comprou a propriedade em 1959. No ano seguinte, Whitehall foi aberta ao público com uma grande “Baile de Reinauguração”.
Voltando por um instante ao Hall de entrada, onde os retratos de Jean e o de Henry Flagler, estão dispostos frente a frente. Neta e avô não se conheceram, mas Jean tinha grande orgulho de ser sua neta. Aquela foi a melhor maneira que encontrou de estar próxima: olhar para ele eternamente. A singela homenagem é narrada pela guia com carinho.
O museu tem áudio tour em português e o ideal é fazer a visita sem pressa. O valor do ingresso para adultos é de US$ 18, adolescentes entre 13 e 17 anos pagam US$ 10, crianças entre 6 e 12 anos pagam US$ 3 e menores de 6 anos não pagam. Você pode obter mais informações aqui.
Para título de curiosidade, quem quiser ver de perto mais um pouco do império construído pelo magnata, vale visitar o luxuoso hotel The Breakers – mesmo que você não tenha intenção de se hospedar por lá. Inaugurado em 1896, o belo edifício foi inspirado na magnífica Villa Medici em Roma.
O esforço ambicioso exigiu 75 artistas trazidos da Itália e juntos, eles fizeram as pinturas detalhadas no teto do lobby principal de 60 pés de comprimento e nas áreas públicas do primeiro andar, que permanecem em exibição até hoje.
O edifício do hotel pode ser visto ao longe em alguns pontos da cidade e, sem dúvida, se trata de uma das construções mais belas da região.
Novos voos
No final de junho os brasileiros ganharam mais uma opção de voos para Miami. A Avianca Brasil começou a operar a rota São Paulo-Miami com voos diários com Airbus A330-200. A aeronave tem capacidade para 206 pessoas na classe econômica e outras 32 na executiva.
O voo sai Guarulhos às 23h55, aterrissando nos Estados Unidos às 7h25. Na volta, a aeronave deixa às 18h55 e chega em São Paulo às 4h30.
Serviço
Onde ficar – Hilton West Palm Beach e PGA National Resort & Spa
Onde comer – The Regional, Guanabanas Restaurant e The Cooper
*A jornalista Tuka Pereira, do blog Pra Onde Vai Agora?, viajou a convite do Discover The Palm Beaches e Avianca Brasil e ficou conectada durante toda viagem usando o Sim Card internacional da EasySim4You.