Namíbia tem um dos cenários mais exóticos e belos do mundo

Motivo para desbravar esse destino não faltam

Escolha qualquer praia da região Sudeste brasileira e trace uma linha reta no mapa, atravessando o oceano Atlântico. Ao encontrar a terra firme novamente, você estará desembarcando na Namíbia, provavelmente numa praia totalmente deserta, de areias alaranjadas e águas frias.

O 34º maior país do mundo (logo após a Venezuela no ranking) tem uma costa litorânea pouco explorada e o deserto que é considerado um dos mais antigos do mundo, que abriga as dunas mais altas do planeta.

Mulher da tribo Himba, na Namíbia

Motivo suficiente para desbravar esse destino? Sim, mas ainda nem falei que é um país considerado seguro, livre de guerras civis e que lá também é possível fazer safáris e ver de perto leões, elefantes, leopardos, rinocerontes e girafas numa paisagem que você não imagina.

A República da Namíbia é um país recente, independente desde 1990 da África do Sul. Teve seu povo e território dominado pela Alemanha até a primeira guerra mundial e posteriormente ocupado pelos ingleses que estavam instalados na África do Sul naquela época.

Os namibianos, que nem sequer tinham nacionalidade reconhecida até 1990, não só sofreram com o regime do apartheid como lutaram por sua independência desde a década de 1960, quando a ONU já reconhecia o termo Namíbia como denominação daquele território.

Parceiros de viagem: Glau, Luis, Natanael, André e o nosso carro.

O país também guarda histórias tristes como a do primeiro genocídio do século 20, quando as populações das tribos Namaqua e Hereros foram quase exterminadas por tropas alemãs, que chegaram a usar em 1904 o que posteriormente ficou conhecido como ‘campos de concentração’. Apesar da densa história recente, a população é extremamente acolhedora e o governo está empenhado em investir na infra estrutura para colocar o país na rota do turismo internacional.

O planejamento

Dead Vlei, em Sossusvlei

Foi no último domingo de maio de 2015  que recebemos uma mensagem inusitada de uma amiga querida pelo Facebook: “Queria conversar com vocês. Tenho uma proposta indecente de viagem para fazermos juntos. Seria em outubro. Namíbia! Parque Nacional Etosha e Sossusvlei.” Como para nós, indecência é repetir destino óbvio, achamos a proposta totalmente coerente e 10 dias depois estávamos todos com as passagens emitidas e mil sonhos na cabeça.

Não foi fácil planejar esta viagem. Foram quase cinco meses de pesquisas na internet, muitos emails trocados com agências locais (da capital, Windhoek) e claro, muito papo com a agência que escolhemos para nos guiar pelos quase 3.000 km ao longo de 10 maravilhosos dias.

Tentando se equilibrar para tirar a foto na Duna 45, com 170m de altura e formada há 5 milhões de anos

Existem basicamente três formas de se desbravar a Namíbia. A primeira, através de um caríssimo Flying Tour, feito em aviões pequenos que transporta exclusivamente seu grupo pelas longas distâncias que separam as melhores atrações do país. As outras opções são por terra: alugar um carro e se virar pelas estradas com a ajuda de um GPS ou contratar um serviço que além do carro, inclua um motorista que também seja guia turístico para todo o período da viagem. Já que éramos um grupo de 3 pessoas com pouca experiência no volante –e nenhuma experiência dirigindo na mão inglesa (ainda mais no deserto africano), decidimos contratar o serviço completo, que nos rendeu um ótimo companheiro de viagem: Natanael, o guia.

Uma família de elefantes no Etosha

A Namíbia é um país de turismo democrático: os mochileiros encontram acomodações baratas e quem quer conforto encontra hotéis de primeira. E o melhor de tudo é que o meio termo não sai caro: 10 dias com carro, motorista e acomodações bem confortáveis pode sair mais barato que se hospedar por uma semana numa pousada de praia bombada do nordeste. Fizemos um roteiro que combinava boas experiências locais e conforto nas acomodações, já que se trata de um destino que rende caminhadas com sol à pino e cansaço físico. Chegar no hotel após caminhadas no deserto sob o sol de 40 graus e encontrar uma piscina fresquinha e drinks refrescantes não tem preço!

Leoas se alimentando de um elefante

Percorremos desertos escaldantes sem nenhum sinal de civilização em um raio de dezenas de quilômetros. Nem é preciso avisar que o clima é muito seco, então uma boa dica é nunca se esquecer da garrafa de água, quanto mais, melhor! As temperaturas são altíssimas durante o dia e o sol não dá trégua durante os longos períodos de caminhada, por isso um bom filtro solar e um chapéu para evitar queimaduras. Depois de preparados para o calor, foi só aproveitar as paisagens dignas de serem projetadas em uma tela de cinema e alimentar o nosso blog de viagens.

Rica diversidade de antílopes

Além de desertos incríveis, a Namíbia possui uma rica diversidade de animais concentrados principalmente no Parque Nacional Etosha e no deserto do Kalahari. Os safáris são indispensáveis para um viajante no país. Vimos girafas e elefantes cruzarem a todo momento a estrada enquanto assistíamos boquiabertos ao selvagem desfile. O mais impressionante era observar as infinitas espécies de antílopes, caminhando em bando disputando espaço com as zebras, aves e hienas para matarem a sede nos abundantes “olhos d’água” que se formam pelos parques. Todos os animais estavam sempre atentos à qualquer estranha movimentação; leões, leopardos e chitas nunca perdem a oportunidade de um ataque.

Girafas atentas a um possível ataque felino

Na prática

Aqui você confere o roteiro geral. Foram 10 dias e 9 noites:

  • Windhoek (1 noite)
  • Deserto de Kalahari (1 noite)
  • Namib Desert – Sossusvlei (2 noites)
  • Swakopmund (2 noites)
  • Damaraland (1 noite)
  • Etosha (2 noites)

É preciso estar preparado e ter disposição. São quase 40 horas nas estradas e nem sempre elas são asfaltadas, além de muitas trilhas de carro dentro das atrações, parques nacionais e dos maravilhosos safares.

O que mudaríamos neste roteiro: com mais tempo, ficaríamos mais um dia em cada um desses lugares: Kalahari, Sossusvlei e Etosha. Já Swakopmund, poderia ter somente uma noite (e um dia) no roteiro. Em Damaraland, ao invés de se hospedar no Twifelfontein, passaríamos a noite próximo à alguma Himba Village, já que fica muito cansativo dirigir de Swakopmund até o Etosha National Park sem parar e a visita aos Himbas é imperdível.

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