Não é só de papai Noel que vive a Finlândia
Pense na Finlândia.
O que vem à sua cabeça? Geralmente as pessoas citam que o papai Noel mora lá, que tem um piloto de F-1 que é de lá, que é o país da Nokia, que é onde tem a aurora boreal, e ainda que viram um documentário sobre as escolas da Finlândia serem fenomenais.
Todas as respostas estão corretas. No entanto, o que elas deixam de lado é todo o esplendor natural no qual tudo isso está envolto. E lá fomos nós visitar.
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Chegamos no início do verão, após uma longa primavera, quando todos os finlandeses estavam loucos por luz, sol e calor. Como muita gente sabe, o frio é intenso e o inverno é longo. Há dias em que o sol nem aparece. Sim, isso acontece. O sol não nasce no alto inverno do Polo Norte. Porém, no verão, há dias em que o sol não se põe. E foi assim que nós presenciamos o “sol da meia-noite”, quando você consegue ver o sol em plena meia-noite e ele nem chega a desaparecer no horizonte. O primeiro desses dias muito longos é comemorado com uma festa chamada Midsummer, no dia 24 de junho. Esta festa, com uma fogueira, comida e roupas típicas, deu origem à nossa querida Festa Junina, em homenagem a São João.
A aurora boreal é outra coisa maravilhosa de se ver, mas não foi desta vez. Precisamos voltar no inverno. Mas não é por aí que acabam as maravilhas naturais da Finlândia. O que mais tem lá é natureza, pois grande parte do país é composta por lagos, rios, florestas temperadas, tundra e taiga.
Começamos nosso passeio pelo norte da Finlândia, lá quase no Círculo Polar Ártico. Lá em cima, as corredeiras são muitas. No rio Kiiminkijoki, você pode passar um dia lindo em Koitelinkoski. Tem um monte de trilhas na natureza, pontes, vistas incríveis, e pontos especiais para um pique-nique ou um churrasco. O melhor é que é ao ladinho de uma cidade super fofa chamada Oulu.
Na mesma cidade de Oulu, há outros lugares geniais super perto. A praia de Nallikari é ótima, com uma boa faixa de areia, brinquedões para a criançada, um farol com uma vista ótima, e muita oferta para esportes como windsurf e outros.
Também pertinho de Oulu, a cidade de Liminka oferece muita coisa linda! A pridas atrações visitamos foi o Alakestilän Arboretum. O acesso é totalmente gratuito, quase não há turistas, e você pode relaxar rodeado de mais de 300 espécies de plantas. Muitas delas estão identificadas, e tem bastante informação para os mais curiosos. Se for no verão, tome muito cuidado com os mosquitos. Não esqueça o repelente! ;-)
Assim que sair do arboretum, aproveite para visitar o lindo centro antigo de Liminka. Trata-se de um casario bem pequeninho, com maquinário antigo exposto (trenós e arados), casinhas de madeira típicas, um antigo moinho-de-vento, e um museu de arte que funciona na antiga escola. Vale uma meia horinha por lá!
Por último, para completar de repente o seu dia na região de Liminka, visite o centro de visitação de Liminganlahti. É um dos melhores que eu já vi na vida, com muita informação legal, atividades e jogos educativos, tudo muito bem-feito e moderno! E ainda tem uma torre de avistagem de aves, onde você tem um panorama fantástico para os pântanos costeiros repletos de aves migratórias. Eu não perderia por nada!
Chegou a hora de cruzar o Círculo Polar Ártico. Ok, nada de muito especial acontece… até que chega a meia-noite e o sol continua no horizonte. Mais ao norte da região de Oulu e Liminka, fica a famosa Lapônia. A cidade mais importante da Lapônia finlandesa (a região se estende até a Suécia) é Rovaniemi, onde mora o papai Noel. Claro que não pudemos deixar de visitá-lo na Vila do Papai Noel (Santa Claus Village)! Você pode ver e falar com ele sem pagar nada por isso, ver uma exposição sobre o Natal ao redor do mundo, mas a foto com o bom velhinho é paga. Seus filhos vão enlouquecer (e talvez vocês também!)! A risada dele é uma delícia e aquece o coração de qualquer um.
Não é só de Natal que vive a Lapônia. Pelas estradas, você ainda pode cruzar com renas, corredeiras grandes e pequenas, encontrar lagos ou uma prainha perdida à beira do Mar Báltico. Tudo isso cercado por florestas e as lindas casinhas finlandesas.
Mais ao norte, dois parques nacionais foram grandes surpresas para nós: Pyhä e Auttiköngäs. O primeiro fica bem no Círculo Polar Ártico, e funciona como uma estação de esqui no inverno. No verão, as pedras estão todas cobertas por um líquen de um amarelo mágico. As passarelas são novas e não tocam no chão, deixando a vida natural livre. Ao passar por diversas formações rochosas incríveis, você ainda pode atravessar um alagado e subir numa torre de avistagem de aves. O segundo é tão incrível quanto o primeiro, mas bem menor. As passarelas também são incrivelmente bem-cuidadas e bem-pensadas, e a paisagem ao redor do rio e das montanhas muda o tempo todo. Aproveite a paz e a vista do alto de algumas das montanhas mais antigas do mundo.
O país não tem apenas natureza a oferecer. A capital, Helsinki, é infelizmente negligenciada pelos turistas. Ela tem muito a oferecer, com muitas atividades gratuitas, espaços para aproveitar o solzinho, museus gratuitos (Museu da Cidade e o Museu de Fotografia são imperdíveis) e arquitetura muito rica, numa mistura de Art Nouveau, Art Déco e Brutalismo Russo.
Bem em frente a Helsinki, para fechar nossa incursão a esse país fantástico, fica uma fortificação chamada Suomenlinna. Esse Patrimônio da Humanidade consiste em uma fortificação construída pelos suecos, quando comandavam a região, conectando algumas ilhas. Depois de receber influências russas, quando de seu comando, ainda voltou às mãos dos suecos para ser, finalmente, restituída aos finlandeses. Atualmente o lugar funciona como um parque, onde as pessoas vão de balsa (super rápida), e admiram as lindas muralhas, o banho de mar, os cafés. Ah! E ainda há alguns sortudos que moram por lá, acredite se puder.
O mais engraçado é que enquanto pesquisávamos aventuras gratuitas para essa viagem, nossos amigos finlandeses foram super amáveis e nos escreveram com muitas dicas. Porém pelo menos dois deles nos disseram “as melhores coisas gratuitas da Finlândia são as escolas e os hospitais – os melhores do mundo”. Bom, felizmente não conseguimos nos machucar o suficiente para irmos ao hospital finlandês e testar essa maravilha do mundo desenvolvido, muito menos ter um filho em um mísero mês para aproveitar da educação. Fica pra próxima.
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