National Geographic Expeditions inaugura viagem para Machu Picchu
Por Heitor e Silvia Reali
Visitar Machu Picchu não é distração. Muito menos quando acompanhado pela equipe da National Geographic Expeditions, composta por arqueóloga, historiadores, fotógrafo e cinegrafista de mãos-cheias. Com eles tive uma compreensão mais profunda da vida e da história dos incas, experimentar a visão privilegiada de paisagens majestosas e explorar ruínas dos templos dessa gloriosa civilização.
Haja brainstorming (toró de palpites) para decodificar Machu Picchu. A cidadela no topo da montanha é uma espécie de parque temático para quem tem interesse em natureza no seu estado mais prístino, arqueologia, história, arte, engenharia, agricultura, misticismo, energias quânticas, ETS … A força desse lugar vem do encanto em que nossa imaginação entra e sai de suas ruínas.
Desde sua descoberta, em 1911 pelo professor Hiran Binghan, teorias são postuladas, mas seu mistério continua. Hiran acreditava ter encontrado Vilcabamba, a chamada Cidade Perdida do Inca, onde o último dos seus governantes travou uma batalha de anos contra os conquistadores espanhóis. Ou que Machu Picchu era o mítico Tampu-tocco, o berço dos antepassados incas.
Mas a arqueóloga Denise Pozzi-Escot que nos acompanhou durante toda a viagem disse que essas teorias cairam por terra. Não há relatos da cidadela em nenhuma das crônicas da invasão e ocupação espanhola, de modo que era evidente que os invasores europeus nunca a haviam decoberto. Muito menos que era um santuário.
Teorias modernas continuam a modificar, corrigir e moldar novas lendas sobre Machu Picchu. Especialistas em civilizações andinas deixam claro que a cidadela –construída em torno de 1450 d.C– era um retiro para o governante Inca Pachacuti. Já o pesquisador Richard Burger acredita que a cidade foi construída para as elites que queriam fugir do barulho e do congestionamento de Cusco. Dá para imaginar o fuzuê da capital dos Incas no início do seculo 16?
Johan Reinhard, explorador residente da National Geographic que passou anos estudando lugares incas cerimoniais em altitudes extremas, coletou informações de fontes históricas, arqueológicas e etnográficas para demonstrar que Machu Picchu foi construído no centro de uma paisagem sagrada.
As montanhas que abrigam o local também são consideradas sagradas. “Juntas, essas características fizeram com que Machu Picchu formasse um centro geográfico cosmológico, hidrológico e sagrado para uma vasta região”, diz Reinhard. Esta, hoje, vem sendo a teoria mais aceita.
Mas minha viagem com a National Geographic Expeditions foi muito além de Machu Picchu. Nos cinco dias, tive a oportunidade de participar de demonstração de tecelagem feita por beneficiária da National Geographic Society, na localidade de Chinchero. Ela utiliza as mesmas técnicas centenárias das tradições têxteis andinas.
Outra expedição foi conhecer Ollantaytambo. Me assombrou ver pedras de 50 a 90 toneladas que foram transportadas por mais de três quilômetros, descendo e subindo um vale, para a construção do Templo do Sol. O historiador Boris vem em meu auxílio e explica que mais de oito mil incas trabalharam nessa construção, somente para servir seu deus.
Explorei a antiga capital imperial, Cusco, onde pude saborear pratos da gastronomia andina. Um xamã me proporcionou uma viagem pelos sons, e por fim conheci o processo de fabricação da chicha, bebida cerimonial inca elaborada à base de milho e ervas aromáticas. Bebida energética e saborosa.
Esta viagem a ‘Tierra Sagrada de los Incas’ com a National Geographic Expeditions foi estudada e organizada durante dois anos para ser um intenso mergulho na cultura inca que em muitos aspectos permanece imutável até os dias de hoje no cotidiano dos habitantes do Vale Sagrado: tradições, misticismo, produtos agrícolas, folclore, xamanismo, gastronomia …
Ela estará disponível a todos viajantes a partir de outubro, em grupos de no máximo 25 pessoas.
Mais informações em:www.natgeoexpeditionsla.com.