Nem tudo são flores quando se vive como um nômade digital
É cada vez mais comum encontrar pessoas que desistiram dos escritórios para se aventurar como um nômade digital pelo mundo.
Embora num primeiro momento possa parecer a vida perfeita (afinal você vai conhecer novos países sem precisar abrir mão de trabalhar) nem tudo são flores como se pensa.
São seis meses que estou experimentando esse estilo. Durante o caminho sempre ouvi pessoas dizendo “como eu queria essa vida”.
- Entenda os sintomas da pressão alta e evite problemas cardíacos
- USP abre vagas em 16 cursos gratuitos de ‘intercâmbio’
- Psoríase: estudo revela novo possível fator causal da doença de pele
- Escovar os dentes ajuda a prevenir grave doença, revela Harvard
Também percebo que ser um nômade digital tem sido vendido cada vez mais como um sonho.
Por isso, eu resolvi escrever sobre o assunto, mas para revelar o “lado b” que ninguém te conta sobre o dia a dia de um nômade digital porque ele existe sim.
Continue lendo para descobrir!
Nômade digital não vive em férias
O primeiro mito que faz muitas pessoas quererem viver como nômades digitais é achar que se vive em férias, afinal você está conhecendo outros países.
Puro engano.
É fato que por ter seu escritório móvel e a flexibilidade de trabalhar de onde quiser você acaba tendo a oportunidade de conhecer lugares novos de forma mais fácil do que alguém que depende das férias para viajar.
Porém, é preciso saber que um nômade digital não vive em férias.
Se fosse assim, não seria possível conciliar o trabalho com passeios.
É preciso muito cuidado para não acabar atrasando a entrega de projetos pela euforia de querer conhecer tudo.
A organização precisa ser um ponto forte de quem resolve adotar esse estilo de vida.
Na minha experiência eu procurei reservar dias da semana para trabalho e para lazer (assim como uma pessoa que trabalha durante a semana e tem o fim de semana livre).
Nem sempre esses dias foram suficientes para que eu pudesse fazer tudo que queria, mas tudo bem, já que não podia comprometer minhas entregas.
Nômade digital vive isolado
Viajar o mundo e conhecer vários países só pode ser perfeito. Hum, não é bem por aí.
Um dos pontos que mais me incomodaram na vida de nômade é que você acaba vivendo isolado.
O motivo é que você sempre está longe das pessoas que conhece. Não dá para ligar para o amigo naquele dia que você acordou “deprê” e marcar um papo num café pra descontrair.
Ou estar presente nas datas especiais com a família.
Hoje mesmo é aniversário da minha mãe. Bate aquela saudade, de poder dar um abraço e participar do churrasco (alguém inventa abraço digital, por favor!).
Esse isolamento acontece mesmo que você esteja viajando em casal. Já que às vezes bate aquela vontade de falar com alguém diferente ou poder ir para um barzinho só com os amigos.
Até porque sendo um nômade digital normalmente você não estabelece residência em um lugar por muito tempo.
Não é o mesmo que morar em outro país em que você acaba tendo a oportunidade de fazer amigos em um curso ou conhecer pessoas num trabalho.
Você está sempre na estrada.
O tempo que se permanece em cada lugar vai de cada um. Mas até por questões burocráticas de vistos, é comum que você tenha que se mudar frequentemente.
Nômade digital não tem casa
Casa é o lugar que resolvemos chamar de lar, sim, concordo.
Já ouvi muito essa frase e com sites que permitem que você alugue um apartamento ou mesmo uma casa, fica mais fácil ter a sensação de “home sweet home”.
Porém não é bem a mesma coisa. Pense bem, sua casa é o lugar em que você deixa todos os seus pertences, você tem o seu jeito de arrumar o ambiente, tem até o seu cheiro.
Já num lugar alugado por um curto período, você não consegue criar os mesmos laços.
E nem caia na furada de pensar “então vou viajar com malas maiores e levar tudo”.
É a pior coisa que você pode fazer. Além de sair muito mais caro despachar malas pelas companhias aéreas de baixo custo, ficar se deslocando sempre com muita bagagem é uma baita dor de cabeça.
Nômade digital vive em constante desapego
Quando eu coloquei em meu Instagram que era uma –jornalista praticando o desapego ao redor do mundo–, muitas pessoas comentaram “como eu queria praticar também esse desapego”.
Achei engraçado e foi a partir daí que tive a ideia de escrever esse texto, para mostrar que ser um nômade digital não é perfeito como parece.
E nem todo mundo tem a personalidade para viver nesse estilo de vida.
Algum dos grandes desapegos que quem está na estrada precisa praticar eu citei acima, como estar sempre longe de pessoas queridas e não ter casa definida. Mas existem outros que a minha experiência permite listar:
Para as mulheres, por exemplo, não dá para ir ao cabeleireiro que acerta em cheio o corte do seu cabelo. Fazer a depilação com quem você já confia ou visitar a manicure.
A minha sorte é que sempre fui meio “faça você mesmo”, então sofri menos com esses pontos. Se você quiser viver como nômade digital, provavelmente vai precisar exercitar também esse lado.
Eu percebi ainda que para se dar bem nesse estilo de vida, você precisa ser alguém que realmente não se importa com estabilidade.
Afinal, você vai trabalhar por internet, muitas vezes, como freelancer, o que já significa não ter um salário fixo.
Minhas considerações são baseadas na minha experiência e, claro, que muda de pessoa para pessoa.
Não pense que viver como nômade digital só tem lado ruim. Claro que não! Mas as vantagens desse modelo de vida já foram bem divulgadas por vários sites e blogs.
Nesse texto, a minha intenção era compartilhar o outro lado que não vi em muitos textos sobre o assunto. Oferecer uma reflexão às pessoas que gostariam de experimentar a vida como nômade digital, evitando frustrações.
Por Líh Freitas, do blog Eu Viajei