Neuquén é paraíso da paleontologia em plena Patagônia argentina
Região é mundialmente conhecida como um paraíso da paleontologia no Hemisfério Sul
Esqueça tudo o que você já ouviu sobre a Patagônia. A província de Neuquén, no norte da região patagônica da Argentina, é um destino que mistura paisagens surreais com um passado pré-histórico digno de filme.
Menos conhecida do que Bariloche ou Ushuaia, essa joia escondida encanta viajantes com seus fósseis de dinossauros, vulcões ativos, lagos de cor turquesa e vinhos premiados. Sim, tudo isso no mesmo roteiro. Se você é fã de natureza, história e experiências autênticas, Neuquén precisa entrar agora na sua lista de viagens.

Neuquén é museu jurássico ao ar livre
Neuquén é internacionalmente conhecida como a “Terra dos Dinossauros“. E não é marketing exagerado: alguns dos maiores dinossauros já descobertos no planeta foram encontrados por lá.
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Há milhões de anos, mais precisamente entre os períodos Jurássico (205 a 142 milhões de anos atrás) e Cretáceo (135 a 65 milhões de anos atrás), toda a Patagônia era uma imensa floresta úmida, com Araucárias ainda maiores do que as atuais (que se projetavam a até 40 metros de altura) e inúmeras samambaias gigantes, além de um enorme lago que se conectava com o mar.

Uma paisagem que mudou drasticamente devido a um movimento da crosta terrestre que formou o que hoje conhecemos como a Cordilheira dos Andes, conferindo um cenário completamente novo para a região, considerada por muitos atualmente como um paraíso da paleontologia no hemisfério sul.
O mais famoso deles, o Argentinosaurus huinculensis, considerado um dos maiores animais terrestres que já existiram, foi escavado na região de Plaza Huincul. Por lá, o Museo Carmen Funes exibe réplicas impressionantes e fósseis reais, atraindo paleontólogos e curiosos do mundo todo.

Mais ao sul, em Villa El Chocón, o Museo Ernesto Bachmann guarda o Giganotosaurus carolinii, um predador que rivaliza em tamanho com o T-Rex. E sabe o que é melhor? Além de visitar museus, você pode explorar as áreas de escavação a céu aberto, onde pegadas fossilizadas permanecem intactas no solo do deserto patagônico. É como caminhar literalmente pelos rastros do passado.
Outro lugar no entorno que merece destaque por seus impressionantes achados é o Dique Los Barreales, que tem o Parque Geo-Paleontológico ProyectoDino, às margens do dique, em uma zona chamada Loma de La Lata. Um lugar onde foram extraídas mais de 100 peças fósseis do Cretáceo, que conta com visitas guiadas ao laboratório, à sala de exposição e ao sítio de escavação.

Já no nordeste da província, é possível encontrar a Área Natural Protegida Auca Mahuida, uma zona de cones vulcânicos entre os quais se destaca Auca Mahuida, uma reserva natural que guarda cavernas com pinturas rupestres, restos fósseis e vestígios de ninhos e ovos de dinossauros. Lá é possível fazer trekking, montanhismo e observação de flora e fauna. Também é possível visitar o Museu Municipal de Paleontologia Argentino Urquiza e o Parque de Dinossauros Rincón Saurus, no Rincón de los Sauces.

Em Zapala, localizada no coração da Patagônia argentina, é possível saber mais sobre as eras Mesozoica e Cenozoica no Museu Provincial de Ciências Naturais Professor Dr. Juan A. Olsacher. Lá há uma grande variedade de restos de paleoinvertebrados marinhos, paleovertebrados continentais (crocodilos e mamíferos) e vegetais fósseis.

Outros locais que merecem destaque para quem deseja fazer turismo paleontológico são o Museu Geológico e Paleontológico da U.N.C. (Neuquén), a Sala DioRamas (Cutral Có, a 118 km de Neuquén), o Museu de Ciências Naturais (Senillosa, 42 km) e o Museu Paleontológico (Las Lajas, 247 km).
Rara espécie de dinossauro em Neuquén
Estudo publicado recentemente revista “Science Direct” revela a descoberta de uma rara espécie de dinossauro. De acordo com a publicação, a localização do animal, que foi batizado como Cienciargentina sanchezi, desafia os entendimentos anteriores sobre a evolução desses animais pré-históricos, por conta das características únicas em sua arcada dentária.
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Com cerca de 94 milhões de anos, a espécie encontrada pode ser o primeiro membro conhecido da família Rebbachisauridae, um grupo de saurópodes (com corpos enormes, pescoços muito compridos e cabeças muito pequenas), que prosperou no supercontinente Gondwana, que incluía os territórios atuais da América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártica.
Vulcões e lagos que parecem de outro planeta

Se os dinossauros não forem suficientes para te convencer, Neuquén ainda oferece paisagens que parecem saídas de um filme de ficção científica. O Parque Nacional Lanín abriga o majestoso vulcão Lanín, com 3.776 metros de altitude e uma cobertura de neve permanente. Ao redor dele, trilhas, florestas de araucárias e lagos de águas transparentes criam o cenário perfeito para trekking, escalada ou contemplação pura.

Outro espetáculo natural é o Parque Provincial Copahue, onde o vulcão Copahue, ainda ativo, transforma o terreno em uma mistura fascinante de rochas negras, gêiseres e águas termais sulfurosas. A vila de Caviahue, nas proximidades, é um destino cada vez mais procurado no inverno por suas estações de esqui com clima alternativo e, no verão, por sua energia relaxante e paisagens surreais.
Estradas cênicas e vinhos surpreendentes
Se você gosta de road trips, a Rota dos Sete Lagos (Ruta de los Siete Lagos), que liga San Martín de los Andes a Villa La Angostura, é uma das estradas mais lindas da América do Sul. Apesar de parte da rota já ser famosa na vizinha província de Río Negro, o trecho que cruza Neuquén é imperdível, com florestas, espelhos d’água e mirantes de tirar o fôlego.

E sim, Neuquén também tem vinho — e dos bons. A região vinícola de San Patricio del Chañar vem ganhando prêmios internacionais com seus malbecs e pinot noirs cultivados em plena estepe patagônica. Vinícolas como a Bodega Patritti e a Del Fin del Mundo oferecem degustações e visitas guiadas com a cordilheira ao fundo. Impossível resistir.
Como chegar e melhor época para ir
Neuquén tem um aeroporto bem conectado, com voos diários saindo de Buenos Aires e outras cidades argentinas. A melhor época para visitar vai de novembro a abril, quando as temperaturas são mais amenas e as trilhas, lagos e vinhedos estão em plena atividade.
No inverno, entre junho e agosto, o destino muda de cara e vira refúgio para quem curte neve, termas e paisagens geladas.
Neuquén é o tipo de lugar onde você pode caminhar sobre pegadas de dinossauros pela manhã, escalar um vulcão à tarde e brindar com um vinho local ao pôr do sol. Tudo isso sem multidões, filas ou clichês.