No Brasil, roteiros nada óbvios para fugir da praia
Com o apoio do Sebrae, experiências no interior do Brasil e em capitais incluem belezas naturais, patrimônios culturais e boa gastronomia
É inegável o fascínio que as praias exercem sobre brasileiros e estrangeiros que visitam o país. Porém, uma série de destinos do interior do Brasil e nas capitais já possuem roteiros nada óbvios e prontos para serem percorridos pelos viajantes daqui e de fora.
“O turismo nos possibilita ver a transformação do território”, afirma Ana Clévia Guerreiro, coordenadora de projetos do Sebrae Nacional. “A gente muda o mundo em rede”, completa.
Na trama dessa teia estão os roteiros desenhados em colaboração com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
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Na última semana, representantes do Sebrae de alguns estados e de receptivos locais apresentaram à imprensa circuitos turísticos em que não faltam belezas naturais, patrimônios culturais, gastronomia e, principalmente, pessoas com histórias para compartilhar.
Realizado no hotel Windsor, o encontro com jornalistas fez parte da programação da 50ª Abav Expo, no Rio de Janeiro. A maior feira de turismo do país ocorrerá em Brasília no ano que vem, antes de voltar ao Rio, em 2025.
Goiás: vinho do cerrado e turismo social
De 2005 até hoje, Goiás saltou de 3 para 50 produtores de uva de mesa e viníferas, conta a chef Adriana Carvalho, pioneira do turismo de experiência na região conhecida também pela fabricação de queijos artesanais.
Assim surgiu a Rota dos Pireneus, composta por 13 empreendimentos que oferecem produtos e vivências enogastronômicas no circuito formado pelas cidades de Pirenópolis, Corumbá e Cocalzinho. “Há passeios nos parreirais, piquenique, almoços harmonizados”, conta a empresária.
Outro projeto apresentado pelo Sebrae-GO à imprensa foi a rota de turismo pelo território quilombola Kalunga.
Há quatro restaurantes e entre seis e oito meios de hospedagem para atender aos visitantes que queiram conhecer de perto o dia a dia dessa comunidade, localizada no nordeste do estado. Veja mais informações aqui.
Tocantins: Jalapão ancestral
Desenvolvido pelo Sebrae-TO em parceria com a Energisa, companhia elétrica do Tocantins, o programa Energia para Crescer atende às comunidades quilombolas do Prata, Mumbuca e Rio Novo (no passado, esta última abrigou negócios escusos de Pablo Escobar).
“Percebemos que o turista passava na porta das comunidades e não deixava seus recursos ali”, afirma Admary Monteiro, analista técnica do Sebrae-TO.
Depois da implantação do projeto, a área passou a oferecer opções de hospedagem e de alimentação em áreas próximas às comunidades, onde vivem cerca de 200 famílias.
A partir de Palmas, o percurso todo pelos atrativos da região até o retorno à capital do Tocantins pode chegar a 1.000 km, dos quais apenas 10% em estrada asfaltada. “É ecoturismo misturado com turismo de aventura”, resume Admary.
No caminho, o visitante acompanha a transformação do famoso capim dourado em cestos, chapéus e outros objetos pelas mãos dos moradores locais. Destaque igualmente para a viola de buriti, também um produto típico.
A formação das comunidades, sua história e seu modo de vida são apresentados por meio desse encontro com os viajantes. “O Jalapão não é feito só de dunas, de cachoeiras e de fervedouros. Ele é feito de pessoas.” Veja mais informações aqui.
Rio de Janeiro: aula de história
Um olhar diferente sobre a capital é a proposta do projeto Raízes Cariocas, desenvolvido com o apoio do Sebrae-RJ para mostrar a cidade além das praias, do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar.
“A rota percorre um Rio do tempo de escola, onde estão presentes a Pequena África, a Pedra do Sal, o Cais do Valongo e o Paço Imperial”, explica Rafael Moraes, guia ligado ao Instituto Pretos Novos, espaço igualmente visitado pelo roteiro. Veja mais informações aqui.
Até o governo federal deixar o palácio hoje ocupado pelo Museu da República, e a capital do país se transferir para Brasília, nos anos 1960, os principais fatos da vida nacional transcorreram nesta região central da cidade. Contudo, é também uma área próxima a atrações modernas, como o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio e o Aquario, todos acessados pelo VLT Rio.
Rio Grande do Sul: doce em dose dupla
O Rio Grande do Sul vai além de Gramado e Canela. Exemplo disso é a Costa Doce Gaúcha, formada pelos municípios ao redor da Laguna dos Patos, com aproximadamente 10 mil km² de água doce.
Para conhecer essa região que fica em direção ao Uruguai é possível fazer roteiros de 1 até 10 dias, explica Paulo Gusmão, diretor da Galápagos Tour, uma das 11 agências locais. “Um deles começa pela cidade histórica de Guaíba (onde morreu Bento Gonçalves, líder da Revolução Farroupilha) e termina na Lagoa do Peixe, famoso ponto de observação de pássaros, como o flamingo cor de rosa e outras espécies migratórias.”
Assim, o circuito criado com o apoio do Sebrae-RS passa também por vinícolas e produtores de azeite. “Promovemos piqueniques nos olivais e oferecemos explicação sobre o processo de extração do óleo”.
Pratos como os carreteiros de charque e de ovelha são destaques da região, assim como os doces caseiros de Pelotas. Os roteiros permeados pelas culturas alemã, italiana e portuguesa podem ser trabalhados de forma separada. E o melhor: é possível fazê-los sozinho ou em grupo. Veja mais informações aqui.
Rio Grande do Norte: riqueza geológica e cultural
Reconhecido recentemente pela Unesco como área de importância geológica, o Geoparque Seridó fica a cerca de 200 km da capital, Natal.
É um território em que o turismo tem como pilares a proteção, a educação e o desenvolvimento sustentável, explica Yves Guerra, analista técnico do Sebrae-RN. “A região oferece mais de 40 pousadas rústicas, porém charmosas”, diz.
A carne de sol e o queijo de manteiga são atrativos à mesa, da mesma forma que os biscoitos artesanais. Visitar os cânions é uma das atividades disponíveis, sobretudo para ver as formações rochosas incomuns. Formada por 6 cidades, a região do Seridó também apresenta sítios arqueológicos. “Agências como a Vivalá já realizam turismo pedagógico lá, conta Guerra. Veja mais informações aqui.
Pará: santo cacau
“Nosso Pará tem cheiro, cor, sabor e calor humano”, define Narmy de Paula. A agência da empresária é parceira do Sebrae-PA na rota que destaca o cacau da Amazônia. Com início em Belém, o programa inclui saborear pratos da culinária paraense acrescidos de um toque de chocolate, bem como visitar uma oficina de biojoias fabricadas com a amêndoa do cacau. Veja mais informações aqui.
Da capital do Pará, a viagem segue para a Ilha do Combu, onde funciona uma unidade produtora de chocolate artesanal. Então o programa termina com a participação em um ritual do cacau medicinal.
Experiência sensorial conectada à força ancestral do chocolate na Amazônia. O Brasil está entre os 10 maiores produtores de cacau do mundo, como fica evidente na visita ao The Chocolate Story, área temática dentro do World of Wine, no Porto.