Paranaense largou tudo para viajar o mundo em busca da felicidade

André Luiz Baldo, 27 anos, deu uma guinada de 360 graus em sua vida

15/01/2019 16:13 / Atualizado em 05/05/2020 12:21

No começo de 2017, o paranaense André Luiz Baldo, 27 anos, resolveu dar uma virada de 360 graus em sua vida. Terminou o relacionamento, se desfez da sociedade em duas empresa, vendeu o carro, doou boa parte de suas coisas e deixou a cidade de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, para se viajar pelo mundo.

“Eu vivia uma vida normal, e normal não necessariamente significa feliz. Tinha tudo, mas ainda vivia uma enorme sensação de falta, ainda que eu não soubesse bem o que faltava”, conta.

André no Everest Base Camp, a mais de 5 mil metros de altura; paranaense largou tudo para viajar o mundo
André no Everest Base Camp, a mais de 5 mil metros de altura; paranaense largou tudo para viajar o mundo - Arquivo pessoal

Nos quase 250 dias de viagens, André passou por muitos perrengues. Foi roubado (7 vezes–a primeira ainda no aeroporto de Guarulhos, em SP), foi atacado por rinocerontes selvagens em uma selva do Nepal, morou numa caverna sagrada ao sul da Índia, se perdeu no Himalaia e quase morreu congelado.

“Foram incontáveis obstáculos que me colocaram de joelhos e quase me fizeram desistir”, conta André. Além de vídeos publicados no YouTube, ele vai contar a aventura em um livro, ainda sem data para publicar.

“Perdi muita coisa no caminho, nenhuma delas me faz falta hoje –principalmente os medos e máscaras. Ganhei coisas que jamais poderão ser roubadas”.

Leia o relato abaixo da ventura:

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“Em meados de 2016, com 25 anos, eu acreditava ter consolidado o modelo de felicidade padrão, possuía minha própria empresa, independência financeira e vivia confortavelmente, com um largo círculo de amizades e tinha ao meu lado uma companheira maravilhosa. Era feliz, mas se encerrava em mim ainda uma profunda curiosidade sobre o que o mundo e a vida poderiam oferecer.

Morando numa caverna em uma montanha na Índia
Morando numa caverna em uma montanha na Índia - Arquivo pessoal

Jamais imaginaria viver tudo o que aconteceu no assombroso ano de 2017 –morar numa caverna em uma montanha na Índia, ser atacado por dois rinocerontes selvagens no Nepal, pular de um trem em movimento em Agra, capturar uma naja em Rishikesh, fraturar meu pé enquanto subia o Everest (e continuar a aventura mesmo lesionado), perde-me (e quase também perder a vida –mais de uma vez) à 4.000 m de altura nos Himalaias, ter praticamente todas as minhas coisas roubadas (foram 7 roubos, incluindo um assalto no primeiro dia de viagem) e tantos outras epopeias que eu custei acreditar ter vivido.

Aproveitando para descansar no Inle Lake, em Myanmar
Aproveitando para descansar no Inle Lake, em Myanmar - Arquivo pessoal

Perguntas como “Quem sou” e “O que estou fazendo aqui” foram me instigando até que no Réveillon de 2016 para 2017, eu fui tomado por um profundo sentimento de entrega e decidi morrer para tudo que eu conhecia até então. Terminei meu relacionamento, consolidei a venda de minha empresa, vendi meu carro, doei boa parte de minhas coisas e deixei tudo para trás.

Pouco tempo depois eu estava deixando o Brasil e embarcando numa viagem de volta ao mundo, com apenas o que cabia numa mochila.

Em Agra, conhecendo o Taj Mahal
Em Agra, conhecendo o Taj Mahal - Arquivo pessoal

Foram incontáveis obstáculos que me colocaram de joelhos e quase me fizeram desistir, e de bom grado compartilho com você se lhe interessar. Muitas vezes achamos que precisamos nos preparar mais ou tentar prever a vida, mas a verdade é que a Vereda é imprevisível. Hoje, em retorno, sou capaz de agradecer por cada degrau que a vida colocou em meu caminho, sem eles não poderia chegar a um terreno mais elevado. Eu faria tudo de novo, sem mudar nada. Agora entendo que a Vida sempre vai te oferecer o que você precisa, mas muitas vezes vai tirar o que você não necessita, e isso é um tremendo favor.

Volta ao mundo

Deram-se oito meses fora do Brasil e nove meses longe de casa. Foram 14 países –mais de 50 cidades visitados, dois ossos fraturados, cinco tablets e câmeras roubados, três ataques animais (rinoceronte, búfalo e naja), dez tradições religiosas, três desertos (com o Saara). Também cruzei três grandes oceanos, fiz quatro retiros com grandes mestres, como Dalai Lama e Mooji, a quem sempre serei grato pelo aprendizado.

Foram incontáveis despedidas e abraços. Mais amigos dispersos pelo globo do que consigo contar. Perdi muita coisa no caminho, nenhuma delas me faz falta hoje –sobretudo os medos e máscaras. Ganhei coisas que jamais poderão ser roubadas.

Um mestre diz que “alegria maior do que encontrar um tesouro, é compartilhar um tesouro”. E essa é a ambição do projeto “Sem Fronteiras” –através dos relatos, experiências e das mensagens que vivi e e que serão compartilhadas num livro, em uma série de palestra e nos canais do Sem Fronteiras. Quanto mais conheço, menos sei. Mas podemos tentar descobrir juntos. Vamos¿