Parque dos Falcões, o santuário das aves de rapina em Sergipe

Parque também oferece um passeio orientado por trilhas no Parque Nacional Serra de Itabaiana

09/10/2018 17:51 / Atualizado em 05/05/2020 11:59

As aves de rapina representam 10% de todas as aves que conhecemos no mundo, sendo que a maioria das espécies pode ser encontrada no Brasil. Se você é um amante desses animais, com certeza precisa conhecer o Parque dos Falcões, localizado em Itabaiana, a 45 km de Aracaju (SE).

A experiência única que o local oferece encanta não somente quem é fascinado por essas aves, mas também pessoas que nunca imaginaram que estar com elas é algo tão incrível assim. No Parque dos Falcões, o visitante recebe a chance de ter um contato íntimo com as aves e de brinde ainda leva uma super selfie para casa.

Percílio é um dos idealizadores do Parque dos Falcões, em Itabaiana
Percílio é um dos idealizadores do Parque dos Falcões, em Itabaiana - Izalete Tavares

O Parque dos Falcões possui uma área de 3.500 km² e é mantido por José Percílio e Alexandre Correia. O primeiro a entrar de cabeça nesse sonho foi Percílio, enquanto Alexandre se juntou ao projeto em 1999, dando início a uma parceria que continua até os dias de hoje.

Mas a história por trás do projeto começou bem antes! Quando Percílio tinha ainda apenas 7 anos, ele foi presenteado com um ovo de Carcará (Caracara plancus) e depois de 28 dias sendo chocado por uma galinha, nasceu Tito, seu primeiro grande amigo. Atualmente, Tito tem 27 anos e o instituto está cuidando de mais de 300 aves, entre gaviões, falcões, corujas, socós-boi, pombos, entre outros animais.

Parque abriga 300 aves, entre gaviões, falcões, corujas, socós-boi, pombos, entre outros
Parque abriga 300 aves, entre gaviões, falcões, corujas, socós-boi, pombos, entre outros - Izalete Tavares

O Parque dos Falcões também conta com a autorização e apoio do Ibama, para a criação das aves em cativeiro e é referência mundial no manejo, reprodução e reabilitação dessas aves.

Muitas das aves do parque são vítimas da crueldade humana, como tráfico de animais, mutilação e também maus-tratos em cativeiros ilegais. Esses animais chegam até lá trazidas pelo Ibama e Corpo de Bombeiros, para que recebam o cuidado necessário para se recuperarem da melhor forma possível.

Muitas das aves do parque são vítimas de maus-tratos
Muitas das aves do parque são vítimas de maus-tratos - Izalete Tavares

Quando chegam ao local, as aves maltratadas estão ariscas e com muito medo do contato com humanos, mas graças a dedicação de toda a equipe, logo os animais se sentem mais seguros e se adaptam às visitas de pessoas ao parque e conseguem ter a sua recuperação total ou parcial, dependendo do nível do trauma sofrido.

Após o período de recuperação, algumas das aves são reintegradas à natureza, enquanto outras não e ficam no parque, recebendo cuidados diários para uma melhor qualidade de vida.

O Parque dos Falcões é referência mundial no manejo, reprodução e reabilitação desse tipo de aves
O Parque dos Falcões é referência mundial no manejo, reprodução e reabilitação desse tipo de aves - Izalete Tavares

As aves que sofrem maus tratos também passam pelo trabalho de reprodução em cativeiro e graças a dedicação da equipe do local e de Percílio, os filhotes gerados já superaram as expectativas.

Quanto ao treinamento das aves, ao contrário da falcoaria tradicional da Ásia e Europa, que treina as aves para caçar ao lado de humanos, Percílio se concentra em fazer com que a população entenda o verdadeiro papel das aves de rapina na natureza, e as vejam como predadoras com papel fundamental na cadeia alimentar e não como “assassinas sanguinárias”.

Após o período de recuperação, algumas aves são reintegradas à natureza
Após o período de recuperação, algumas aves são reintegradas à natureza - Izalete Tavares

No instituto, os adestradores identificam e reproduzem cada vocalização da ave, criando um diálogo com ela e assim envia comandos de defesa, ataque, alerta, ou mesmo cumprimentos por meio de sons guturais produzidos na “linguagem” das aves.

“O segredo está na vocalização”, explica José Percílio. “Através da identificação de cada som produzido pela ave, sabemos o que ela quer. Há sons de ataque, pedido de carinho, e outros que avisam sobre a chegada de pessoas”.

Parque dos Falcões também conta com a autorização e apoio do Ibama
Parque dos Falcões também conta com a autorização e apoio do Ibama - Izalete Tavares

De três quatro vezes por semana, todas as 32 aves adestradas do parque voam em pequenas viagens no exercício chamado de punho-a-punho –a longas distâncias– nos voos livres pela serra. Ao som do apito ou da própria voz do treinador, as aves simulam ataques a presas imaginárias.

Cada espécie precisa realizar um treinamento individual, pois só assim as necessidades de cada uma delas são colocadas em prioridade.  “Treinamento é tudo. Por serem aves de rapina, elas precisam se exercitar de forma a queimar gordura e atingir o peso ideal”, explica Ricardo Alexandre. “A vida dessas aves está associada ao voo. É através dele que, na natureza, essas espécies buscam alimento. O treinamento permite que os falcões mantenham a forma e estejam prontos para qualquer tarefa”.

O Parque dos Falcões está nos roteiros de passeios ecoturísticos do Estado de Sergipe, e além das aves de rapina, oferece um passeio guiado pelas no Parque Nacional Serra de Itabaiana, com quem faz fronteira.

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O parque não trabalha de forma exploratória, mas precisa de dinheiro para cuidar das aves, uma vez que não recebe apoio do governo para se manter. Sendo assim, para cada visita, é preciso pagar uma tarifa de acesso. Para mais informações sobre o local e como visitar, veja abaixo!

Por Izalete Tavares

Parque dos Falcões
Onde: BR-235, s/n –  Rio das Pedras, Itabaiana (SE)
Horário: às 9h e às 14h. Todas as visitas devem ser previamente agendadas
Quanto: R$ 15 (crianças de 8 a 12 anos) a R$ 25 (adultos); crianças até 7 anos não pagam
Informações e agendamento: (79) 99962-8396; (79) 99885-2522; (79) 99945-9020 ou www.parquedosfalcoes.com.br