Por que 8 entre 10 mochileiros preferem não divulgar Ibitipoca?

Em parceria com Viramundo e Mundovirado
29/01/2016 07:49 / Atualizado em 07/05/2020 02:04

 
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Nenhuma lista dos mais relevantes lugares para mochileiros e esportistas do Brasil pode excluir o Parque Estadual de Ibitipoca, no sudeste de Minas Gerais. Mas por que ele ainda permanece desconhecido para muitos?

 
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Por que um parque de tamanha riqueza  em diversidade e com paisagens formadas por cânions, grutas, cachoeiras, piscinas naturais, rios e riachos, não tem a fama que merece? Será que é por estar em terras mineiras, e eles querem deixar essa beleza na “moita”?  Na moita não, pois o parque se encontra onde a Zona da Mata faz divisa com o Campo das Vertentes.

 
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Descoberta por bandeirantes no século 17, aclamada em 1822 pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que a considerou como uma das regiões de flora mais exuberante do mundo, Ibitipoca só reaparece no noticiário na década de 1960 como refúgio de hippies. Com a criação do Parque em 1973, chegaram os primeiros mochileiros, e a partir de 2000, o local passou a ser ponto de encontro dos mais radicais esportistas. Então não serão estes que preferem não divulgar o parque para evitar uma massiva entrada de turistas?  Mas nós vamos dedurar e dizer que a visita ao parque vale, e vale muito.

 
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A começar pela sua porta de entrada, o arraial, ou melhor, Vila de Conceição de Ibitipoca. O passado dá as caras o tempo todo nessa cidadezinha charmosa, rodeada de igrejinhas, casas coloniais, hoje, transformadas em aconchegantes pousadas, lojas de diversificado e colorido artesanato e cafés que servem o tradicional e aromático pão de canela. Isso sem falar nos botecos, onde se pode passar o dia sentado de papo pro ar ao som de viola, sanfona e cavaquinho, saboreando petiscos mineiros regados pelas famosas aguardentes de Minas. Se decidir por uma refeição de sustança, tem restaurante de todo tipo, desde aqueles que servem o tradicional arroz com feijão, aos da típica culinária mineira, até os que apresentam uma gastronomia com pratos de nomes franceses e italianos.

 
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O Parque de Ibitipoca é pé na trilha, grandioso não dá refresco para aqueles que pretendem desbravá-lo. Dizem que a melhor maneira de conhecer uma cidade é perder-se por suas ruas. Aqui, se fizer isso vai se dar mal. Sua probabilidade de se perder é grande e passar a noite, a 1.800 m de altura, com frio de rachar e ventos de arrepiar, não vai ser legal não. Isso se não cair em uma das muitas fendas que se escondem pela região. Não é por menos que Ibitipoca, nome indígena, pode ser traduzido por serra fendida, ou pedra que explode. O ideal mesmo é conhecer suas trilhas e não sair delas.

 
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A neblina estava baixa, assim como a temperatura. Só nossa adrenalina estava em alta. Tudo porque a caminhada havia nos levado até o ponto mais alto do parque, a Lombada, a 1.758 m de altura. A visão dali, simplificando, é para se ganhar outros universos.

Durante dois dias batemos pernas com outros esportistas para alcançar a Cachoeira dos Macacos; nadar nos remansos dos rios que formam piscinas naturais de águas cor de Coca-Cola e outras de cerveja Bock; a Ponte de Pedra cortada pelo rio do Salto; a gruta das Bromélias, e outro tantos recantos de rara beleza que agora nos colocam também com os oito entre dez aventureiros que preferem não divulgar Ibitipoca. Tudo porque tememos que o lugar seja depredado pelo turismo sem consciência.

 
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Para se aventurar em Ibitipoca

O lugar é descrito como uma das cinco mais importantes áreas do mundo no quesito biodiversidade. Quase mil espécies foram ali catalogadas, com predominância das candeias, cássias e quaresmeiras. O solo pedregoso, formado em sua maioria por quartzito, é coberto por um tapete de liquens. Nas matas fechadas vivem bugios, jaguatiricas, guaribas, coelhos e lobos-guará –animal símbolo do parque. Canários-do-campo, maritacas e gaviões estão entre as 150 espécies de aves ali encontradas.

 
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Como chegar:

Distante 530 quilômetros de São Paulo e 280 do Rio de Janeiro, o Parque de Ibitipoca é alcançado por rodovias asfaltadas. Uma parada se faz necessário em Lima Duarte para conhecer essa tranquila cidade, que tem nos laticínios sua principal fonte de recursos. O turismo por aquelas bandas também anda em alta e vários passeios devem ser considerados como os que se dirigem para as cachoeiras do Arco Íris e a do Sossego.

Onde ficar e onde comer:

As opções são tantas, de campings e pousadas que um passar de olhos na internet é suficiente para sua escolha. Em todas, temos a certeza que a hospitalidade será um prato cheio.

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado