Queda do Muro de Berlim: 30 anos depois, uma nova cidade
Capital alemã celebra o aniversário da queda do Muro de Berlim com novidades e festa; muitas atrações ficam na antiga parte oriental
Com um calendário repleto de eventos para celebrar os 30 anos da queda do Muro de Berlim, a capital alemã está em festa e cheia de novidades. No sábado, 9, data exata do aniversário, o marcante Portão de Brandemburgo se transforma no palco da celebração.
Atrações foram renovadas e outras estão sendo inauguradas até o próximo ano, quando o país celebra os 30 anos de sua reunificação. Para planejar sua viagem para Berlim (Alemanha), dê uma olhada no guia desse link, com dicas completas e gratuitas.
Ao longo desta semana, projeções de vídeo em sete pontos da cidade mostram como se deu o desenrolar da história que teve seu ápice em 9 de novembro de 1989, com a queda do Muro de Berlim. São lugares icônicos como a Alexanderplatz, principal praça de Berlim, onde ocorreu um grande protesto naquele novembro de 1989, e a East Side Gallery, galeria a céu aberto criada mais tarde sobre um trecho do Muro de Berlim. Nela, está a famosa pintura do Beijo Fraterno (em alemão, Bruderkuss) entre Erich Honecker, então presidente da República Democrática Alemã, e Leonid Brejnev, líder da União Soviética.
Uma das ações na celebração dos 30 anos de queda do Muro de Berlim é o Berlin Hand Shape, projeto que propõe a valorização das conexões entre pessoas e suas histórias, para que nunca mais sejam construídas barreiras como a que a Alemanha Oriental ergueu a partir de 13 de agosto de 1961. Nós tivemos a felicidade de poder participar dessa iniciativa e nosso aperto de mão, com a palavra ‘tolerância’, está entre os muitos expostos na festa da capital alemã.
Berlim Oriental renovada
Em torno de meio milhão de pessoas por dia visita a capital alemã, também o destino mais procurado pelos brasileiros entre as principais cidades da Alemanha para turismo. Ironicamente, a antiga Berlim Oriental, de aspecto detonado nos anos após a queda do Muro, se tornou a parte mais turística da cidade. A maioria dos cartões-postais hoje visitados por viajantes fica na área que ficava sob o domínio comunista.
Depois do fim da barreira física, diversos atrativos surgiram na porção oriental. Um grande exemplo disso é de um dos principais pontos turísticos de Berlim: a Ilha de Museus, conjunto de instituições culturais cuja novidade em 2019 é a Galeria James Simon, concluída no início deste ano.
Ali em frente, na Schlossplatz, a cidade verá a inauguração do Humboldtforum, feita em partes a partir de setembro de 2020, como informa o site da atração. Com a proposta de ser mais do que um museu, o Humboldtforum pretende ser um espaço para experiências e instalações, misturando exibições permanente e temporárias, além da própria história da construção, um palácio do século 15. Quando estivemos em Berlim em 2014, ali funcionava uma estrutura temporária para exposições, chamada de Humboldt-Box.
Seguindo pela Unter den Linden, uma das mais importantes avenidas da cidade, também localizada no pedaço leste, o prédio barroco do Palais Populaire abriga agora arte moderna, com manifestações de literatura, música, dança e esporte. Mais adiante, caminhando em direção ao Portão de Brandemburgo, chega-se à Staatsoper, reaberta após sete anos de restauração. Na programação, óperas e concertos já têm ingressos à venda. São realizadas visitas guiadas pelo prédio, regularmente em alemão, mas o tour em inglês pode ser agendado.
Nas últimas décadas, Berlim vem passando por tantas transformações, que os guindastes espalhados pela cidade podiam ser visto até na representação do Centro exposta na Legoland Berlim, onde a queda do Muro era simulada com as pecinhas, música e movimento. Estivemos lá na viagem em família em 2014. Nathalia tinha ido a Berlim pela primeira vez em 1992, apenas três anos depois do fim da barreira que dividia a cidade. Naquela ocasião, o lado ocidental era o mais valorizado e dava para ver claramente a diferença entre as duas áreas.
Atualmente a parte oriental está totalmente remodelada. Distritos como Prenzlauer Berg e Kreuzberg viraram tendência entre descolados. O central bairro de Mitte se desenvolveu e cresceu, abraçando muitos dos atrativos da capital alemã. É, aliás, uma excelente localização para quem busca um hotel em Berlim no Centro, que seja bom para viajantes solo ou com crianças.
E a renovação é constante. Da central Alexanderplatz com sua Torre de TV, cartão-postal erguido pelos comunistas, ao Checkpoint Charlie, uma das passagens do Muro, que conectava as duas partes da cidade e hoje é ponto turístico.
História do Muro e vida na Alemanha comunista
Além das novidades na cidade, como parte das comemorações dos 30 anos da queda do Muro de Berlim, fãs de história podem ver exposições sobre o tema ainda em 2020. Até 19 de janeiro, fotos de Jürgen Hohmuth, textos e objetos históricos mostram a vida na antiga Alemanha Oriental numa exibição no Museum Pankow, na Prenzlauer Allee.
Outras exposições são permanentes, entre elas, Border Stations and Ghost Stations in Divided Berlin (numa tradução livre, Estações de Fronteira e Estações Fantasma na Berlim Dividida). A exibição, em cartaz nas paradas do sistema de transporte de Berlim, mostra como trechos das linhas de trens e metrô seguiam funcionando pelo lado leste sem poder parar (estações-fantasma) e como outros pontos serviam de passagem entre as duas partes da cidade, caso da estação Friedrichstrasse.
Para conhecer o cotidiano da antiga Alemanha Oriental, inclua o DDR Museum no seu roteiro. Nós adoramos história, então recomendamos fortemente uma visita para quem tem o mesmo interesse. Entre o público, uma das atrações mais disputadas é a chance de entrar num Trabant, carro símbolo da Alemanha Oriental, e virtualmente dirigir pelas ruas da Berlim comunista.
A catraca de entrada do museu tem o Ampelmänn, boneco do semáforo, que alertava os pedestres nos cruzamentos de ruas da Alemanha Oriental. Atualmente eles estão em todo canto. Viraram lembracinhas de viagem, em forma de imãs, camisetas e até guarda-chuva — nosso filho ia para escola com o seu comprado na visita a Berlim. Quem disse que não é possível fazer uma viagem à Alemanha com crianças? Nosso Joaquim, então com apenas 5 anos, adorou o país.
Por Nathalia Molina e Fernando Victorino