Ratos vivem livremente como deuses em templo na Índia
Estima-se que no templo vivam mais de 25 mil ratos soltos
Como todos sabem, vacas são sagradas para os indianos. A novidade para nós é que alguns deles cultuam ratos como deuses e acreditam serem estes a reencarnação de humanos, em um estágio prévio de volta à terra, como gente novamente.
Essa prática acontece na cidade de Bikaner, região do Rajasthan, norte da Índia. Lá, existe o templo de Mata Karni e nele os indianos cultuam a deusa Durga. Estima-se que no templo vivam mais de 25 mil ratos soltos e que dividem espaço e comida com humanos que também moram lá.
Bom ressaltar que nós não sabemos se este templo e esta prática de adoração ao rato como Deus é própria do hinduísta ou apenas uma distorção vivida por um grupo específico. Fato é que o templo existe e tem uma estrutura de certa forma até imponente na Índia.
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https://www.youtube.com/watch?v=PYqMkRTtFLo
Com uma entrada grandiosa, o lugar possui colunas de mármore e portas de prata e ouro, que contrastam com a sujeira e mau cheiro do interior do templo. As famílias que moram ali convivem normalmente com os ratos, preparam alimentos no chão e comem no mesmo prato, sem nenhum cuidado com higiene. Até mesmo crianças transitam ali, descalças em meio aos ratos. Aliás, todo visitante deve tirar os sapatos ao entrar no templo.
Para nós, o risco de nos contaminarmos com os dejetos dos ratos foi um enorme problema a enfrentarmos. Viajantes de longa jornada, já temos que evitar todo tipo de doença. Agora, imagine uma leptospirose. A solução que encontramos foi plastificar os pés com sacolas e colocar a meia por cima. Vale dizer que, mesmo assim, sentir o alto relevo do coco dos roedores no chão já desperta um certo nojo. Se quiser conhecer o templo, sem enfrentar essa barra, assista ao vídeo que preparamos sobre essa visita, no canal do YouTube Viver por Ar e Mar.
A história do templo se fundamenta na crença da reencarnação de gente em rato. Para os crentes daquele templo, os ratos são os ascendentes de suas famílias que, em breve, virão como seus filhos e netos. Por isso, todo o carinho com os bichos. Ao andar pelo templo, é normal você ver as pessoas comerem no chão e dividirem alimento com os ratos. Para eles, a comida que o rato come é sagrada e, por isso, alguns chegam a levar para a casa os restos deixados pelo animal, como um alimento sagrado.
No centro do templo há um altar à deusa Durga, que eles acreditam estar reencarnada no único rato branco que vive no templo. Ver este rato é sinal de muita sorte para aquelas pessoas. De frente a ele, ficam alguns fieis sentados, ao redor de tigelas dos alimentos ofertados pelos visitantes.
O respeito à divindade do rato é tanto que o desavisado que matar um deles, ainda que involuntariamente, será obrigado a pagar uma espécie de multa em ouro, no mesmo peso do bicho assassinado.
Nos salões mais ao fundo, mulheres vestidas com sáris coloridos, amassam e preparam pão no chão, junto com os ratos que correm felizes de um lado para outro.
Questionado, um dos adoradores nos garantiu que ninguém nunca ficou doente por causa dos ratos, naquele templo. Claro que isso é mera opinião. Quem já esteve na Índia sabe que não há qualquer atendimento médico ou controle de saúde das pessoas em muitos lugares. Certamente, milhões morrem, sem que se saibam as causas reais.
Em respeito à fé alheia, não há o que se falar do culto ao animal. Cada um na sua. O problema maior para nós e que nos parece bastante bizarro é o descaso com a saúde e o desconhecimento das doenças fatais proveniente dos ratos. Viver em condições de sujeira e falta de higiene em um templo com portas de prata e ouro é algo fora do normal para nós.
Relato por Sandro Masseli e Isabela Almeida, do blog Viver por Ar e Mar