Roma abre pela 1ª vez passagem secreta usada por imperadores no Coliseu
Corredor subterrâneo que ligava o Palatino à arena foi restaurado e aberto ao público pela primeira vez
A cidade de Roma abriu ao público, pela primeira vez, uma passagem subterrânea que ligava o monte Palatino diretamente ao Coliseu. O corredor, conhecido como Passagem de Cômodo, era utilizado por imperadores romanos para acessar a arena de forma reservada, sem passar pela multidão.
A estrutura tem aproximadamente 170 metros de extensão e conecta o que restou do palácio imperial à entrada do camarote reservado aos governantes no Coliseu. A passagem foi batizada em homenagem ao imperador Cômodo (161–192 d.C.), que teria utilizado o túnel para participar dos espetáculos de gladiadores. Segundo arqueólogos, o corredor permaneceu fechado por séculos e foi preservado em condições que permitiram sua recuperação.

A reabertura faz parte de um projeto mais amplo de valorização do patrimônio arqueológico da capital italiana. A intervenção foi conduzida pelo Parco Archeologico del Colosseo, órgão responsável pela gestão do Coliseu e das áreas adjacentes. A restauração incluiu a consolidação das estruturas, a limpeza de estuques e relevos e a instalação de sistemas de iluminação e ventilação para permitir a visitação.

O acesso à passagem será feito mediante agendamento e com acompanhamento de guias especializados. A visitação será limitada a pequenos grupos, com o objetivo de preservar a integridade do local. A expectativa das autoridades italianas é que a novidade atraia ainda mais visitantes ao Coliseu, que já figura entre os monumentos mais visitados do mundo.
Estrutura e percurso
A Passagem de Cômodo parte do monte Palatino, onde ficava o palácio dos imperadores, e segue em direção ao Coliseu, terminando na entrada do camarote imperial. O trajeto era utilizado para garantir segurança e discrição aos governantes durante os espetáculos públicos. O túnel foi construído com paredes de tijolos e apresenta elementos decorativos como estuques e relevos, além de aberturas para ventilação.

Durante a restauração –que durou mais de um ano–, os técnicos utilizaram tecnologias como escaneamento a laser e modelagem 3D para mapear a estrutura e planejar as intervenções. Foram identificadas áreas com risco de desabamento, que receberam reforços estruturais. Também foram instaladas passarelas metálicas para facilitar o deslocamento dos visitantes sem comprometer o piso original.
Segundo os responsáveis pelo projeto, a passagem foi construída no final do século I d.C. e permaneceu em uso até o declínio do Império Romano. Ao longo dos séculos, o túnel foi soterrado por detritos e ficou inacessível. Escavações realizadas nas últimas décadas permitiram identificar o traçado original e iniciar os trabalhos de recuperação.

A visita guiada inclui explicações sobre o contexto histórico da passagem e o papel dos imperadores nos espetáculos do Coliseu. Os visitantes percorrem o túnel em grupos reduzidos, com duração média de 30 minutos. O percurso termina na área do camarote imperial, de onde era possível assistir aos combates e apresentações.
Contexto histórico do Coliseu
O Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano, foi inaugurado no ano 80 d.C. e tinha capacidade para cerca de 50 mil espectadores. Os espetáculos incluíam combates de gladiadores, encenações de batalhas e apresentações com animais. A presença do imperador era considerada um elemento central desses eventos, reforçando sua autoridade diante do povo.
O imperador Cômodo, que governou entre 180 e 192 d.C., é uma das figuras mais associadas ao Coliseu. Fontes históricas relatam que ele participou pessoalmente de combates na arena, o que causou controvérsia entre os senadores e a elite romana. A passagem que leva seu nome teria sido utilizada para garantir sua entrada e saída discretas do local.
A reabertura da passagem ocorre em um momento de crescente interesse pelo patrimônio arqueológico de Roma. Nos últimos anos, outras áreas do Coliseu foram restauradas e abertas ao público, como os subterrâneos onde ficavam os animais e os equipamentos utilizados nos espetáculos. A expectativa é que novas descobertas continuem sendo feitas na região.
O Parco Archeologico del Colosseo informou que a visitação à Passagem de Cômodo será incorporada aos roteiros especiais oferecidos aos turistas. O objetivo é proporcionar uma experiência mais completa sobre o funcionamento do Coliseu e o papel dos imperadores nos eventos públicos da Roma antiga.