Roma abre pela 1ª vez passagem secreta usada por imperadores no Coliseu

Corredor subterrâneo que ligava o Palatino à arena foi restaurado e aberto ao público pela primeira vez

12/10/2025 23:30

A cidade de Roma abriu ao público, pela primeira vez, uma passagem subterrânea que ligava o monte Palatino diretamente ao Coliseu. O corredor, conhecido como Passagem de Cômodo, era utilizado por imperadores romanos para acessar a arena de forma reservada, sem passar pela multidão.

A estrutura tem aproximadamente 170 metros de extensão e conecta o que restou do palácio imperial à entrada do camarote reservado aos governantes no Coliseu. A passagem foi batizada em homenagem ao imperador Cômodo (161–192 d.C.), que teria utilizado o túnel para participar dos espetáculos de gladiadores. Segundo arqueólogos, o corredor permaneceu fechado por séculos e foi preservado em condições que permitiram sua recuperação.

Roma abre pela 1ª vez passagem secreta usada por imperadores no Coliseu
Roma abre pela 1ª vez passagem secreta usada por imperadores no Coliseu - Anton Aleksenko/iStock

A reabertura faz parte de um projeto mais amplo de valorização do patrimônio arqueológico da capital italiana. A intervenção foi conduzida pelo Parco Archeologico del Colosseo, órgão responsável pela gestão do Coliseu e das áreas adjacentes. A restauração incluiu a consolidação das estruturas, a limpeza de estuques e relevos e a instalação de sistemas de iluminação e ventilação para permitir a visitação.

Detalhes das paredes da Passagem de Cômodo
Detalhes das paredes da Passagem de Cômodo - Simona Murrone / Parque Arqueológico del Coliseo

O acesso à passagem será feito mediante agendamento e com acompanhamento de guias especializados. A visitação será limitada a pequenos grupos, com o objetivo de preservar a integridade do local. A expectativa das autoridades italianas é que a novidade atraia ainda mais visitantes ao Coliseu, que já figura entre os monumentos mais visitados do mundo.

Estrutura e percurso

A Passagem de Cômodo parte do monte Palatino, onde ficava o palácio dos imperadores, e segue em direção ao Coliseu, terminando na entrada do camarote imperial. O trajeto era utilizado para garantir segurança e discrição aos governantes durante os espetáculos públicos. O túnel foi construído com paredes de tijolos e apresenta elementos decorativos como estuques e relevos, além de aberturas para ventilação.

Corredor era utilizado por imperadores romanos para acessar o Coliseu de forma reservada
Corredor era utilizado por imperadores romanos para acessar o Coliseu de forma reservada - Simona Murrone / Parque Arqueológico del Coliseo

Durante a restauração –que durou mais de um ano–, os técnicos utilizaram tecnologias como escaneamento a laser e modelagem 3D para mapear a estrutura e planejar as intervenções. Foram identificadas áreas com risco de desabamento, que receberam reforços estruturais. Também foram instaladas passarelas metálicas para facilitar o deslocamento dos visitantes sem comprometer o piso original.

Segundo os responsáveis pelo projeto, a passagem foi construída no final do século I d.C. e permaneceu em uso até o declínio do Império Romano. Ao longo dos séculos, o túnel foi soterrado por detritos e ficou inacessível. Escavações realizadas nas últimas décadas permitiram identificar o traçado original e iniciar os trabalhos de recuperação.

A passagem foi construída no final do século I d.C. e permaneceu em uso até o declínio do Império Romano
A passagem foi construída no final do século I d.C. e permaneceu em uso até o declínio do Império Romano - Simona Murrone / Parque Arqueológico del Coliseo

A visita guiada inclui explicações sobre o contexto histórico da passagem e o papel dos imperadores nos espetáculos do Coliseu. Os visitantes percorrem o túnel em grupos reduzidos, com duração média de 30 minutos. O percurso termina na área do camarote imperial, de onde era possível assistir aos combates e apresentações.

Contexto histórico do Coliseu

O Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano, foi inaugurado no ano 80 d.C. e tinha capacidade para cerca de 50 mil espectadores. Os espetáculos incluíam combates de gladiadores, encenações de batalhas e apresentações com animais. A presença do imperador era considerada um elemento central desses eventos, reforçando sua autoridade diante do povo.

O imperador Cômodo, que governou entre 180 e 192 d.C., é uma das figuras mais associadas ao Coliseu. Fontes históricas relatam que ele participou pessoalmente de combates na arena, o que causou controvérsia entre os senadores e a elite romana. A passagem que leva seu nome teria sido utilizada para garantir sua entrada e saída discretas do local.

A reabertura da passagem ocorre em um momento de crescente interesse pelo patrimônio arqueológico de Roma. Nos últimos anos, outras áreas do Coliseu foram restauradas e abertas ao público, como os subterrâneos onde ficavam os animais e os equipamentos utilizados nos espetáculos. A expectativa é que novas descobertas continuem sendo feitas na região.

O Parco Archeologico del Colosseo informou que a visitação à Passagem de Cômodo será incorporada aos roteiros especiais oferecidos aos turistas. O objetivo é proporcionar uma experiência mais completa sobre o funcionamento do Coliseu e o papel dos imperadores nos eventos públicos da Roma antiga.