Saiba onde e como ver o cometa que passa a cada 50 mil anos
A última vez que o cometa C/2022 E3 cruzou a órbita da Terra, o mundo era habitado pelos neandertais
Se você é aficionado por astronomia, então anota aí na sua agenda para não perder um dos fenômenos astrofísicos mais raros: a passagem de um cometa. Identificado no ano passado, o cometa C/2022 E3 (ZTF) está se aproxima da Terra e poderá ser visto a olho nu do Brasil no começo de fevereiro.
A última vez que o cometa ZTF cruzou a órbita da Terra foi há 50 mil anos –quando o planeta ainda era habitado pelos neandertais.
Nesta quinta-feira, 12, o astro atingiu o ponto mais próximo ao Sol. No entanto, ele só será observável do Hemisfério sul a partir do início de fevereiro.
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Como observar o cometa C/2022 E3?
De acordo com o astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional, é no período em torno de 1º de fevereiro que será possível observar o cometa com mais facilidade no Hemisfério Sul, com uma melhor altura de observação a partir do dia 4 de fevereiro (na direção Norte e abaixo da estrela Capela). Com o passar dos dias, o cometa será visto mais alto no céu e com mais tempo de visibilidade.
No Brasil, o cometa C/2022 E3 (ZTF) será visível a olho nu entre os dias 10 e 11 de fevereiro apenas para moradores das regiões Norte e Nordeste, em locais com pouca luminosidade. Nas demais localidades, o astro poderá ser contemplado com auxílio de binóculos ou lunetas.
Quando estiver em sua máxima aproximação, o cometa passará a cerca de 0,28 unidades astronômicas (ou 42 milhões de quilômetros) da Terra. Ou seja, apesar da aproximação com o nosso planeta, o cometa C/2022 E3 (ZTF) não tem chance de colisão com a Terra.
O astrônomo do Observatório Nacional, no entanto, alerta. O cometa poderá ser visto a olho nu apenas se as condições do céu forem bastante favoráveis, ou seja, com o céu escuro, sem Lua, e sem poluição luminosa.
“Se for sua primeira tentativa de localizar um cometa, tente em 10 de fevereiro de 2023, entre 19 e 21 horas, quando o cometa irá se encontrar muito próximo do planeta Marte [veja a imagem abaixo retirada do software Stellarium].
Uma estratégia que pode ser usada também por iniciantes, bem como os fotógrafos casuais, é tentar fotografar o cometa apontando sua câmera para sua localização aproximada no céu e tirando fotos de longa exposição de 20 a 30 segundos. Ao visualizar as imagens, possivelmente você irá notar um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o veja no céu”, explica o astrônomo.
Cometa C/2022 E3
O C/2022 E3 foi descoberto em março do ano passado pelo programa Zwicky Transient Facility (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin no Observatório Palomar, na Califórnia (EUA).
O cometa, de cor esverdeada, tem um diâmetro relativamente pequeno, com cerca de 1 km, e foi detectado ao passar pela órbita de Júpiter.
Segundo o astrônomo Filipe Monteiro, é possível saber que o cometa passou pela última há cerca de 50 mil anos pelos cálculos de seu período orbital, tempo que um determinado objeto astronômico leva para completar uma órbita em torno de outro objeto.
“Após várias observações consecutivas depois de sua descoberta, astrônomos traçaram a órbita de C/2022 E3, indicando que o seu período orbital é de cerca de 50 mil anos, ou seja, ele só pode ser visto da Terra a cada 50 milênios”, explica Filipe.
Além disso, o astrônomo explica que muitos cometas de longo período conhecidos até hoje foram vistos apenas uma vez na história, visto que seus períodos orbitais são maiores que 200 anos, com alguns levando de 100.000 a 1 milhão de anos para orbitar o Sol.
De acordo com astrônomos do JPL da NASA, C/2022 E3 é um cometa de longo período que se acredita vir da Nuvem de Oort, a região mais distante do sistema solar da Terra que é como uma grande bolha contendo inúmeros detritos gelados e envolvendo o nosso sistema.
Contudo, algumas previsões sugerem que a órbita deste cometa é tão excêntrica que não está mais em órbita do Sol. Se for assim, então ele não retornará e simplesmente continuará indo embora.
Do que são composto os cometas?
Os cometas são objetos feitos principalmente de gases congelados, rocha e poeira. Eles se tornam ativos à medida que se aproximam do sol. Isso porque o calor aquece o astro de forma rápida, fazendo com que seu gelo se transforme em gás.
Neste processo de sublimação, forma-se uma nuvem ao redor do astro conhecida como “coma”. O cometa C/2022 E3 foi visto inicialmente com uma coma esverdeada brilhante e uma cauda de poeira “curta”, mas que deve aumentar à medida que se aproxima do Sol.
Com relação ao brilho de C/2022 E3, o astrônomo Filipe Monteiro observa o brilho dos cometas é particularmente difícil de ser previsto, uma vez que esses objetos podem exibir um brilho cada vez mais intenso dependendo da quantidade de material volátil que ele carrega e que é sublimado à medida que se aproximam do Sol.
Com informações do Observatório Nacional,