Saiba como é um ‘retiro de mergulho’ em Ilha Grande
São quase 200 km² de extensão, 12 enseadas e 14 naufrágios mergulháveis. Não vão faltar motivos (e pontos de mergulho) para você descer profundo, em um liveaboard na Ilha Grande.
Localizado no litoral sul do Rio de Janeiro, em Angra dos Reis, o destino é considerado um dos locais mais procurados para mergulho, no litoral brasileiro.
Próximo ao eixo Rio-São Paulo, o destino é mais viável, financeiramente, para a prática de mergulho e tem diferentes condições de mar, tanto para mergulhadores em treinamento como para os mais experientes.
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Liveaboard
Seja qual for o seu nível, a experiência será sempre em uma água mais viva, rica em vida marinha.
E para todas ela sempre vai ter um liveaboard à disposição, na Ilha Grande e em Paraty.
Nessas embarcações, exclusivas para mergulhadores e acompanhantes, as viagens são a bordo de um catamarã com cabines individuais com chuveiro, chef de cozinha que prepara todas as refeições (inclusive os necessários lanches para matar a larica, entre um mergulho e outro) e assistência em todas as operações.
É como estar imerso em um mundo submarino, mas com as facilidades de serviços a bordo.
A rotina é puxada e começa cedo, logo após o café da manhã na varanda.
São cerca de sete mergulhos, em um único final de semana, incluindo uma saída noturna, no sábado. As horas vagas, raras em uma viagem exclusiva para mergulho, são completadas com pequenas palestras no salão do catamarã sobre a geografia da Ilha Grande e naufrágios históricos.
Só no primeiro dia de viagem são dois mergulhos pela manhã e outros dois, à tarde, além de um noturno.
Considerado um dos mais modernos para mergulhos, em funcionamento em águas brasileiras, o Enterprise é um catamarã de quase 23 metros de comprimento (75 pés) e pode levar até 24 passageiros, além da tripulação.
Batismo
“É uma experiência de mergulho para quem não é certificado, onde a pessoa faz um mergulho de, no máximo, dez metros de profundidade, acompanhado de um instrutor”, explica Tatiana Melo, profissional da escola Captain Dive e há 10 anos como instrutora de mergulho.
O batismo é antecedido por uma explicação sobre os principais equipamentos usados em um mergulho, seguido de um breve treino para que o iniciante se acostume com aquela parafernália aquática, já na água, mas ainda na superfície.
“Apesar da pessoa não ter que fazer nada, nenhum ajuste no equipamento [durante o mergulho], eu gosto de explicar tudo o que está sendo usado para ela não cair na água e ficar entregue, sem saber o que está acontecendo”, completa Tatiana.
Conheça alguns pontos de mergulho
De um lado, mar abrigado e de águas calmas, no setor voltado para o continente. Do outro, costeiras e águas mais profundas, com um pouco mais de correnteza e pontos cênicos para mergulhos únicos, em todo o Brasil.
O Mar de Dentro tem boas condições de mergulho em pontos costeiros, mesmo com tempo ruim, e é indicado para iniciantes e para check out.
Já no Mar de Fora, conhecido também como Costa Oceânica, as navegações são mais longas e as operações de mergulho são mais complexas. É a versão da Ilha Grande para mergulhadores mais experientes.
Segundo Verónica, são mergulhos costeiros, próximo a rochas com muita vida marinha, a uma profundidade que varia de 15 a 16 metros, onde dá para mergulhar com segurança, entre fendas e passagens rochosas.
Por estar no primeiro ponto do Mar de Fora, como lembra a instrutora, encontra-se um pouco mais de vida do que do lado de dentro. É possível ver tartarugas, moreias e diversos peixes, como o cofre, peixe-frade, donzelinha e coió.
O Saco dos Micos, a noroeste de Ilha Grande, é outro ponto para check out, uma enseada rasa, com costão rochoso de fundo arenoso e pouca vida marinha.
⇒ LAJE DO CORONEL
Com profundidade de até 25 metros, é um mergulho por fendas labirínticas que permitem a flutuação de mergulhadores em seu interior.
Conhecido também como Parcel do Coronel e considerado o melhor ponto de mergulho do Mar de Dentro, o local pode ser um dos locais para descidas noturnas, quando aquelas águas escuras ganham novas cores com a fila de mergulhadores que iluminam com suas lanternas as muralhas rochosas forradas de coral-sol, uma espécie agressiva de fortes tons amarelados que virou praga no destino, devido a sua ameaça a outras espécies de corais da região.
Se os mais inexperientes tinham dúvidas sobre encarar a corda amarrada ao barco que parece levar a lugar nenhum, basta a líder da operação dar o aviso para todos os mergulhadores apontarem a luz contra o peito para aquele fundo de águas escuras se iluminar com os tons neons emitidos pelos plânctons, formando um mar de vaga-lumes marinhos de bioluminescência com matizes magentas.
O mergulho acontece em uma profundidade que vai dos sete ao 20 metros.
Em junho de 1967, o navio panamenho Pinguino naufragou no local, após um incêndio na casa de máquinas, alastrando-se em pouco tempo, devido à carga de cera de carnaúba. O que eram apenas pedaços gigantes de aço, a sete metros de profundidade, se transformaria em um jardim de algas que seguem crescendo nos porões da embarcação.
Embora possa chegar a 32 metros de profundidade, é um mergulho que atende todos os níveis de certificação, do básico ao técnico. Iniciantes podem chegar a 15 metros de profundidade, em um mergulho costeiro cheio de vida marinha.
Mas o destaque desse ponto é o naufrágio de um cargueiro a vapor que formou um arrecife artificial.
“Estima-se que a construção seja do final do século 19, começo do 20. É um naufrágio que ainda não foi identificado. É um mergulho imperdível na Ilha Grande”, lembra a instrutora Tatiana Melo.
Para os mergulhadores mais avançados que tenham curso de formação de mergulhos profundo e em naufrágio, Tatiana recomenda atenção ao se comportar em um naufrágio, como avaliar áreas de penetração e “não encostar nas peças desse naufrágio que está judiado por causa da costeira, do Mar de Fora que bate bastante”.
A operação é complexa, inclusive com salto para mergulho com o barco ainda ligado, mas essa é uma das experiências mais marcantes em toda a Ilha Grande.
“A fenda é um dos mergulhos mais fascinantes que tem do Mar de Fora e de toda a Ilha Grande. Sem dúvida é o melhor ponto”, avisa a instrutora Verónica Ávila.
Com mar agitado e sem ponto de ancoragem, esse mergulho acontece no interior de uma fenda da ilha, um paredão profundo, onde está a maior concentração de vida marinha de toda a região.
O ponto máximo é a subida até a superfície para ver o interior dessa formação rochosa. A experiência é única, por isso, não nos responsabilizamos pela euforia causada ali dentro.
QUANDO IR
No inverno (de maio a agosto), o clima é mais seco e as águas são mais frias. No entanto, é a época indicada para quem quer velejar, fazer trilhas e mergulhar em águas mais claras e sem termoclina.
Já o verão, entre dezembro e março, aproximadamente, os dias são mais quentes e com períodos de chuvas. As águas são mais quentes na superfície e com termoclinas mais acentuadas.
A média temporada ( de março a abril e de setembro a dezembro) é marcada por dias mais quentes es água frias.
COMO CHEGAR
No litoral sul do Rio de Janeiro, Angra dos Reis fica a 410 km de São Paulo e a 150 km da capital fluminense, aproximadamente.
De carro, de São Paulo, pega-se a Dutra, em direção a São José dos Campos e logo a Tamoios, via Caraguatatuba, passando por Ubatuba e Paraty. É possível também chegar ao sul do Rio de Janeiro, via Cunha, no interior de São Paulo, de onde se toma a cenográfica Cunha-Paraty.
Uma alternativa, preferência dos motoristas de ônibus fretados, é seguir pela Dutra até Barra Mansa, no sul do Rio de Janeiro, e logo a RJ-155 até Angra dos Reis.
O embarque no Enterprise acontece na Marina do Engenho, a oito quilômetros do centro de Paraty.
SAIBA MAIS
Atlantis Enterprise
Liveaboard, a partir de R$ 1.900 e saídas de até dias, em Paraty e Ilha Grande. atlantisdivers.com.br
Captain Dive
Com origem na Ilha Grande e sede em Campinas, essa escola de mergulho oferece saídas para batismo e organiza viagens para mergulhadores em liveaboards no Brasil e no exterior. captaindive.com.br