Santuário do Caraça: um lugar especial no coração de Minas Gerais

O complexo tem mais de 11 mil hectares de mata em plena Serra do Espinhaço

Em parceria com Livre Partida
29/12/2019 16:59

Estou em um lugar mágico! Essas foram as primeiras palavras que vieram-me à mente, tão logo comecei a percorrer os antigos corredores, de piso de madeira e portas azuis. Chegamos ao Santuário do Caraça, em Minas Gerais, meu parceiro e eu, sem saber exatamente o que esperar.

Fomos atrás de uma atração, recomendada por um amigo: no Caraça, os padres alimentam os lobos guará. No entanto, acabamos descobrindo um dos lugares mais especiais que já conhecemos –e olha que já rodamos boa parte do mundo!

 
  - Arquivo pessoal

Fundado no século 18, o santuário é uma mistura de “centro de espiritualidade e missão, de cultura e educação, de conservação ambiental, lazer e turismo” (como eles mesmos se definem). Independente do rótulo, vale a pena programar uma visita.

São mais de 11 mil hectares de área de conservação, em plena Serra do Espinhaço. São inúmeras as atrações naturais: trilhas, cachoeiras, vida selvagem, vegetação exuberante e, para quem gosta de montanha, as subidas aos picos dão vista para toda a região. Aos amantes da natureza, não vai faltar o que fazer. Mas, se a sua onda não é explorar ambientes selvagens, não se preocupe, o Caraça é muito mais do que isso.

 Uma das cachoeiras que ficam no parque do Santuário do Caraça
 Uma das cachoeiras que ficam no parque do Santuário do Caraça - Tiago Parreiras/Divulgação

O complexo oferece hospedagem nos quartos que já abrigaram os seminaristas e também os estudantes do tradicional colégio, que funcionou até 1968, quando um incêndio destruiu parte da construção, colocando fim a uma instituição por onde passaram grandes nomes da igreja católica e da política brasileira.

As habitações são simples, como é de se esperar de um monastério, mas impecavelmente cuidadas. Essa simplicidade acaba sendo um convite à reclusão e ao silêncio; a atmosfera serena e a integração com a natureza são um refúgio para os animais e para as pessoas. O lugar perfeito para alguns dias de retiro e reflexão.

Caso ainda não esteja convencido, some a tudo isso uma comida mineira deliciosa, feita diariamente pela simpática equipe e servida em dois refeitórios com imensas mesas de madeira, um convite à imaginação daqueles que, como eu, ficam tentando imaginar a vida por ali ao longo de todos esses anos. Diariamente, café da manhã, almoço e jantar são servidos aos hóspedes com muito capricho e carinho. É de comer rezando!

No entanto, não só os hóspedes são alimentados por ali. Como falei lá no começo, no Caraça os padres alimentam os lobos guará. Religiosamente, todas as noites, é colocada uma bandeja cheia de comida à frente da porta da igreja -a primeira em estilo neogótico construída no Brasil.

Tal iguaria atrai o tímido lobo guará, que há quase trinta anos frequenta o santuário para jantar. Acostumado à presença dos humanos, o lobo acabou virando atração e os hóspedes podem deliciar-se com a visita ilustre. Aliás, não apenas o lobo gosta da refeição. Na minha estadia, pude observar também jacus, canários, cachorros do mato e a enorme anta, todos muito à vontade.

Se você procura por um lugar cheio de história, natureza e com atmosfera única, programe uma viagem ao Santuário do Caraça. Pode ser que você saia de lá tão apaixonado quanto eu.

Por Mariana Beluco

Junto com seu parceiro, Plácido Salles, já passou por mais de 60 países; publicou o livro Livre Partida: causos e contos de uma viagem pelo mundo; ministra cursos e palestras sobre viagens e vive uma grande aventura pelo Brasil através do seu projeto, Livre Partida.