São Luís mostra que nem só de praia vive o Nordeste
Capital maranhense é única cidade brasileira fundada por franceses
Fundada por franceses, invadida por holandeses e colonizada por portugueses. Agora coloque nesse caldeirão elementos das culturas indígenas e africana. Adicione manifestações como bumba meu boi e o reggae, além da simpatia dos habitantes locais. Pronto! Esse é o DNA da multifacetada São Luís, capital do Maranhão.
Com esse caldeirão efervescente, a capital maranhense mostra que nem só de praia vive os destinos litorâneos do Nordeste brasileiro.
Fundada em 1612 pelo conquistador francês Daniel de La Touche, conhecido à época como “Senhor de La Ravardière”, a capital maranhense é a quinta cidade mais antiga do país.
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Sua formação teve como objetivo estabelecer a França Equinocial na região dos trópicos, dentro do contexto da economia mercantilista. Seu nome é uma homenagem ao então rei da França, Luís 13.
Apesar do domínio francês, em 1615, São Luís passou para o controlo português, dando fim à iniciativa de criação da nova colônia do país. Em 1641, a cidade foi invadida por holandeses, que acabaram sendo expulsos em 1644.
Por quase toda capital maranhense, os vestígios dessas épocas são bem visíveis. Principalmente da colonização portuguesa.
Centro Histórico de São Luís é viagem no tempo
Uma visita ao Centro Histórico de São Luís é como entrar numa cápsula do tempo e voltar à época do Brasil Império.
As ruas estreitas de pedras –muitas delas abertas apenas para pedestres– abriga aproximadamente 4 mil casarões com grande valor histórico e artístico.
As fachadas azulejadas ainda preservadas de alguns imóveis –onde viviam as famílias mais abastadas– revelam características da época.
A Rua Portugal, por exemplo, abriga a maior concentração de casarões com fachadas revestidas por azulejos do Brasil.
Esse conjunto de edificações seculares é reconhecido pela Unesco desde 1997 como Patrimônio Mundial da Humanidade e é tombado desde 1955 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Reserve um dia inteiro para desbravar as ruas e becos do Centro Histórico, que além dos casarões, abrigam inúmeros museus, como o da Gastronomia Maranhense e do Reggae, lojas de artesanatos, a Casa das Tulhas –mercado de produtos típicos–, a Igreja da Sé e o Palácio dos Leões –sede do governo estadual.
Não deixe de visitar a Rua do Giz, eleita uma das mais bonita do país pela revista Casa Vogue, em 2021.
Outro ponto que merece uma parada é a Casa das Tulhas (Mercado da Praia Grande), espaço perfeito para comprar lembranças, licores e cachaças, como Tiquira –reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão.
Para almoçar, a indicação é o Restaurante Escola do Senac, que abre de segunda a sábado, das 12h às 15h, e oferece um ótimo serviço de bufê livre. O valor por pessoa é R$ 70.
À noite, a dica é passear pela Península da Ponta da Areia. Opções de bares, pubs e restaurantes é o que não faltam, principalmente na Champs Mall. Um deles é o descolado Qu4tro Bar, que abre de terça à domingo, das 11h30 às 2h, e oferece ótima carta de drinques, petiscos e cerveja gelada.
Peça o Camarão Valparaíso (camarão à milanesa acompanhado de molho tártaro). As caipirinhas são as melhores. O Qu4tro Bar tem dois ambientes. No espaço interno acontece a “azaração” com música ao vivo. A outra é uma espécie de beach club, muito disputado por casais e grupos de amigos.
Quilombo da Liberdade
Considere incluir no roteiro uma visita ao Quilombo da Liberdade, considerado o maior quilombo urbano do Brasil.
Reconhecido em 2019 pela Fundação Cultural Palmares como comunidade remanescente, o quilombo abrange os bairros Camboa, Diamante, Fé em Deus e Liberdade.
Desde setembro, a região faz parte roteiro turístico ‘Quilombo Cultural de São Luís’. No tour é possível visitar a casa do Mestre Leonardo, sede Boi de Leonardo.
Em dias específicos ocorrem apresentações do tambor de crioula. A dança é embalada ao som de tambores tocados por homens, enquanto as mulheres, trajadas com saias rodadas, exibem todo o seu gingado.
O roteiro percorre ainda a Avenida Camboa, rua Gregório de Matos, Mercado Municipal da Liberdade e a sede da produtora de reggae Novo Quilombo.
Placas identificam cada um dos locais que compõem o roteiro. Elas também estão instaladas na Avenida Camboa e na rua Gregório de Matos.
Fronhas maranhenses
Outro passeio imperdível é conhecer as “fronhas maranhenses”, que fica em Raposa –um dos quatro munícipios que ficam na Grande Ilha. Os outros são São Luís, Paço do Luminar e São José do Ribamar.
Localizado na praia de Carimã, na Ilha de Curupu, o local recebe esse apelido por ser uma versão menor dos famoso Lençóis.
Para chegar até a pequena formação de dunas, é necessário pegar um barco no Porto do Braga ou do Cais da Raposa.
Durante o percurso, há paradas para banhos em bancos de areia. Mas é preciso ficar atento, pois o passeio é realizado de acordo com a maré e os horários podem variar.
Por isso é recomendável agendar com antecedência o passeio, que dura em média de 2 a 4 horas. O valor varia de R$ 35 a R$ 45, de acordo com a agência de turismo ou embarcação escolhida. As embarcações vendem alimentos e bebidas, cobrados a parte.
Para almoçar em Raposo, a indicação é o Restaurante da Elis Capote, que oferece variado pratos de peixes e frutos do mar, além da gastronomia regional. Aos finais de semana é possível haver fila de espera.
Peça a cavala grelhada, que é acompanhado por arroz de cuxá, farofa, vinagrete e pirão. Outra opção é o camarão grelhado sem casca.
Os pratos são muito bem servidos e dá para até quatro pessoas, dependendo da fome de cada um. Para acompanhar, peça a caipirinha de cajá.
*Jornalista viajou a convite do Valparaíso Adventure Park