SP 470: 47 curiosidades sobre São Paulo que talvez você não sabia

São fatos e curiosidades que muitos paulistanos não conhecem

Se você tem costume de perguntar o porquê sobre todas as coisas, saiba que em São Paulo há muitos fatos para se pensar o motivo de algo existir ou não.

Seja por mania, curiosidade, investigação ou por qualquer outra razão, a capital paulista tem história, personagens e acontecimentos que muitos nunca se questionaram.

São Paulo faz 470 anos; confira 47 porquês de fatos, personagens e outros ligados à cidade
Créditos: Erich Sacco/iStock
São Paulo faz 470 anos; confira 47 porquês de fatos, personagens e outros ligados à cidade

Afinal, já parou para pensar por que o lanche paulistano mais famoso, o bauru, tem o nome de outro município? E por qual motivo há bairros com nomes como o Bom Retiro ou a Liberdade?

O pessoal da SPTuris preparou uma lista de 47 porquês para ter algumas explicações relacionadas à nossa amada Sampa.

Aliás, a capital paulista completa 470 anos no dia 25 de janeiro.

47 porquês sobre São Paulo

1 – Por que a cidade se chama São Paulo?

A Vila foi fundada em 1554 com a construção de um colégio jesuíta –hoje conhecido como Pateo do Collegio– por doze padres jesuítas. Entre eles, Manuel da Nóbrega e José de Anchieta.

O nome veio do fato de que sua inauguração aconteceu em 25 de janeiro, considerado o dia da conversão de Paulo pela igreja católica.

2 – Por que Ibirapuera significa “pau podre” se as árvores do parque são tão bonitas?

Esse nome vem da expressão Ypy-ra-ouêra, que significa “pau podre”, em tupi-guarani. Mas esse nome foi dado porque o parque foi instalado em uma região de brejos, ou seja, úmida e alagadiça.

Na época da colonização, a região era área de uma aldeia indígena, onde depois foram instaladas algumas fazendas.

3 – Por que se chama Avenida Paulista e não Paulistana?

O idealizador, o engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima, decidiu chamá-la de Avenida Paulista em homenagem ao povo das terras de São Paulo. Foi inaugurada em 1891 e, inicialmente, se chamaria Avenida das Acácias, ou Prado de São Paulo.

O curioso é que a avenida teve seu nome alterado para Avenida Carlos de Campos entre os anos de 1927 e 1930, em homenagem ao governador que autorizou os bombardeios em São Paulo durante a Revolução de 1924.

A cidade é a única do Brasil a já ter sido bombardeada.

4 – Por que um rinoceronte foi eleito vereador em São Paulo?

Acredite ou não, em 1959, o rinoceronte Cacareco, do Zoológico de São Paulo, foi eleito para o cargo de vereador. Isso aconteceu como uma forma de protesto do povo contra os governantes da época. Teve cerca de 100 mil votos.

5 – Por que o rio Anhangabaú significa “água de mau espírito”?

Anhangabaú é uma palavra em tupi, e o mais provável é que o rio tenha sido batizado dessa forma pelos guaranis devido a algum malefício causado pelos bandeirantes nas imediações do rio, portanto causando problemas físicos e espirituais. Há quem diga que é por causa do caráter mais ácido da água.

6 – Por que São Paulo é considerada a cidade da pizza no Brasil?

São Paulo é a cidade que mais consome pizzas no Brasil e a segunda cidade que mais consome pizzas no mundo, atrás apenas de Nova York.

O estado de São Paulo teve um crescimento de 300% no número de pizzarias, e concentra 57% dos estabelecimentos do país.

7 – Por que se chama Ladeira Porto Geral se não tem nenhum porto por perto?

Hoje não há um porto, mas já existiu. A ladeira era o principal caminho para o rio Tamanduateí, e por ali ficava o Porto Geral de São Bento –nomeado assim por sua proximidade com o Mosteiro de São Bento e por receber canoas com mercadorias das fazendas de São Caetano, pertencentes ao mosteiro. O porto se tornou o principal do rio Tamanduateí.

O porto desapareceu após a retificação do rio, mas o nome permaneceu.

8 – Por que São Paulo foi bombardeada em 1924?

Foi durante a Revolução de 1924, rebelião que começou com jovens tenentes do exército contra o governo federal. O então presidente Arthur Bernardes cercou a cidade com artilharia pesada do exército, e atacou bairros proletários e fábricas.

Mooca, Brás, Belém e Cambuci foram os mais atingidos, causando a morte de milhares de civis e a fuga de quase metade da população da cidade.

9 – Por que Higienópolis tem esse nome?

O bairro foi inaugurado em 1895 com o nome Boulevard Bouchard, em homenagem à Martinho Bouchard. Mais tarde recebeu o nome de Higienópolis por ser o primeiro da cidade a priorizar o saneamento básico e a higiene doméstica.

10 – Por que a rua Direita fica à esquerda da Sé?

Há muitas cidades no Brasil e em Portugal com uma rua chamada “Direita”. Isso é devido à influência religiosa das igrejas católicas na vida das pessoas, já que elas eram nominadas assim por ficarem sempre à direita da principal igreja.

No entanto, em São Paulo, a Rua Direita fica à esquerda da Catedral da Sé simplesmente porque a referência não é a Sé, e sim a Igreja de Santo Antônio (anterior a 1592) e a já extinta Igreja da Misericórdia (demolida em 1886).

Portanto, antigamente, a Rua Direita era conhecida como “Direita de Santo Antônio” ou “Direita da Misericórdia”.

11 – Por que o doce “Dadinho” é tão popular em São Paulo?

O famoso “Dadinho” foi lançado em 1954 em comemoração aos 400 anos da cidade. A guloseima inicialmente se chamava “doce IV centenário” e vinha envolta em papel prateado, assim como é hoje.

A embalagem, inclusive, tinha um motivo especial: ela foi feita para combinar com a iniciativa conhecida como “chuva de prata”, uma ação de várias empresas do centro da cidade que jogaram triângulos de papeis prateados dos altos dos prédios. Nesses triângulos prateados havia emblemas e textos comemorativos, aludindo ao aniversário da cidade.

Além do nome, é possível ver o símbolo do IV centenário da cidade em azul, desenhado por Oscar Niemeyer à época.

12 – Por que há uma lápide de um cachorro dentro do Parque Ibirapuera?

A lápide do cachorrinho Pinguim, das irmãs Nina e Nice pode ser vista no parque do Ibirapuera. Ela tem um formato de obelisco, no qual está escrito: “Ao nosso fiel amigo, Pinguim. Eternas saudades dos seus donos Nina e Nice”.

Essa é uma das duas estruturas assim no parque. Há também uma grande cruz de pedra que é uma homenagem a um pastor alemão, segundo histórias dos mais antigos do bairro.

Ali havia um cemitério de animais, mantido pela União Internacional Protetora dos Animais em São Paulo (UIPA), até 1972. Com a expansão do parque, a necrópole foi destruída.

13 – Por que não existem bondes em SP?

A cidade chegou a ter 700 km de linhas de bonde, mas seu uso chegou ao fim na década de 60. Isso porque o transporte por bondes era custoso e ineficiente considerando o crescimento constante da cidade. A proposta do fim dos bondes veio acompanhada de uma nova: a criação do metrô em SP.

14 – Por que nasceu a festa Nossa Senhora da Achiropita?

A festa de Nossa Senhora da Achiropita nasce da imigração de italianos para o Bixiga. No sul da Itália, a devoção à Achiropita era muito forte, e por isso, os imigrantes decidiram encomendar uma imagem da santa no começo do século 20.

No entanto, no bairro não havia nem ao menos uma capela para colocar a imagem, e então, os moradores se organizaram para construí-la em um terreno doado.

A festa acontece desde então no bairro, e a partir dos anos 70, passou a tomar as ruas do Bixiga. Estima-se que mais de 250 mil pessoas passem pela festa durante os fins de semana de agosto.

15 – Por que associam o Modernismo à São Paulo?

A Semana de Arte Moderna de 1922 aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo. O evento foi organizado por Graça Aranha e teve a participação de escritores, artistas plásticos e músicos, tais como: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e Villa-Lobos.

O movimento começou em São Paulo, com uma ânsia dos artistas da época por uma quebra da estética engessada das obras, além da necessidade por explorar temas, cores e formas regionais.

16 – Por que o lanche mais famoso de São Paulo tem o nome de outra cidade?

A lanche de Bauru é o 38º melhor do mundo, o único do Brasil e legitimamente paulistano. Mas por que ele tem esse nome? Simples! A ideia de sua montagem foi dada pelo então aluno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Casimiro Pinto Neto, conhecido como “Bauru” (em homenagem à cidade do seu nascimento). O nome pegou!

Em sua composição, o pão francês abraça fatias de rosbife, picles, tomate e queijo derretido.

17 – Por que tem um Beco do Batman em São Paulo se a casa dele fica em Gotham City?

Ele não tem casa aqui, mas tem um beco inteirinho, na Vila Madalena. O museu de grafite a céu aberto ficou famoso como Beco do Batman nos anos 80, quando um desenho do personagem apareceu misteriosamente em uma das paredes da viela.

A partir de então, o local se popularizou e virou ponto turístico, com seus grafites artísticos e diferentes, inclusive de grandes nomes da arte de rua, como Kobra e Os Gêmeos.

Os grafites são sazonais o que garante uma experiência nova a cada visita.

18 – Por que falam tanto da Avenida Ipiranga com a São João?

“Alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João…”
É assim que começa a música “Sampa”, de Caetano Veloso, que imortalizou a esquina mais famosa de São Paulo.

Bem ali também fica o Bar Brahma, inaugurado em 1948, e que já foi frequentando por nomes como Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso, Adoniram Barbosa, entre outros.

19 – Por que o bairro Bom Retiro tem esse nome?

Localizado entre os rios Tietê e Tamanduateí, ele foi formado, no século 19, por algumas chácaras e sítios, como a “Chácara do Bom Retiro” que deu origem ao nome do bairro. Estas propriedades eram usadas como retiros de fim de semana pelas famílias mais ricas e tradicionais da cidade.

20 – Por que o bairro da Liberdade recebe esse nome?

Existem muitas versões. Uma, talvez a mais cruel, remonta ao período Colonial, quando se aplicava a pena de morte no Largo da Forca, atual Praça da Liberdade. No local, havia uma forca onde por vários anos negros e escravizados fugitivos foram executados.

O nome do largo –da Forca– faz referência a isso. As execuções pararam quando a pena de morte por enforcamento foi extinta no País. Nasceu assim a Praça da Liberdade, nome do bairro.

21 – Por que a estação Consolação fica na Avenida Paulista… e a estação Paulista fica na Rua da Consolação?

Existem várias estações no chamado “trecho Paulista” da Linha 2-Verde, com elas ganhando o nome de ruas próximas ou pontos de interesse para melhor situar o passageiro de em qual ponto da avenida ele está.

A estação Brigadeiro fica próxima da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, a Trianon-MASP perto do Museu do MASP e do Parque e a Consolação, perto da Rua da Consolação.

Anos depois, a estação Paulista da Linha 4-Amarela, que fica na Rua da Consolação, ganhou esse nome para que ninguém tenha dúvida de onde descer quando quiser ir até a avenida.

22- Por que São Paulo foi conhecida tanto tempo como terra da garoa?

Isso porque São Paulo é uma cidade que se caracteriza pelo clima tropical de altitude. Nas transições entre as estações que marcam este tipo de clima –verão e inverno– uma intensa garoa costumava cair na cidade.

O final da primavera era marcado por esse chuvisco. Atualmente esta condição praticamente deixou de existir. Os motivos são os mais diversos, inclusive pelas modificações associadas a um acelerado processo de urbanização.

23– Por que São Paulo é a cidade mais diversa do Brasil?

São Paulo é uma cidade com mais de 11,5 milhões de habitantes, e naturalmente, abrange uma diversidade enorme de credos, opções sexuais, etnias e culturas, mas há algumas evidências que demonstram isso:

  • A cidade com a maior comunidade japonesa do Brasil;
  • A cidade com maior população negra do Brasil;
  • São mais de 360 mil estrangeiros vivendo aqui;
  • Sedia a maior Parada LGBT do mundo;
  • Sedia a Marcha para Jesus, maior evento cristão a céu aberto do mundo.

24- Por que toca um alarme na Av. Paulista todo dia ao meio-dia?

Se você já passou pela av. Paulista na hora do almoço, deve ter ouvido o toque da sirene, que acontece todos os dias, às 12h.

O equipamento fica no topo da Fundação Cásper Líbero, e ele era usado na França para avisar sobre ataques aéreos durante a I Guerra Mundial. Já na década de 30, e pensando em uma estratégia para as vendas, o jornalista Cásper Líbero decidiu usar essa sirene para avisar que o jornal vespertino já estava nas bancas.

O primeiro endereço da sirene foi no centro de São Paulo, na atual rua Cásper Líbero, e depois de transferido para a Av. Paulista, ele continua a tocar como uma homenagem ao pioneirismo de Cásper.

25 – Por que São Paulo é conhecida como a cidade dos helicópteros?

São Paulo é a cidade com a maior frota de helicópteros do mundo, segundo a Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero (Abraphe). São mais de 400 veículos apenas incluindo a região metropolitana, e a capital paulista é a única cidade do mundo a ter um controle de tráfego aéreo apenas para helicópteros.

Há outras duas cidades brasileiras no top 10: Rio de Janeiro (4º lugar) e Belo Horizonte (6º lugar).

26 – Por que São Paulo é conhecida pelo seu lado cultural?

Você já deve ter ouvido falar na oferta de arte e cultura da cidade, mas quando paramos para pensar sobre quantidade, os valores se tornam impressionantes! São Paulo tem a maior oferta cultural da América do Sul, com mais de 110 museus, 40 centros culturais, 80 bibliotecas, 280 salas de cinema e 160 teatros.

27 – Por que São Paulo é a cidade mais turística do Brasil?

Em 2023, São Paulo apareceu em terceiro lugar no ranking de cidades preferidas pelos turistas na América do Sul, de acordo com a revista “Travel and Leisure”, e o primeiro no Brasil!

Segundo o Expedia Group, São Paulo está em primeiro, no Brasil, no ranking de destinos mais reservados da América Latina. Já no levantamento da plataforma Kayak, a capital paulista é o destino turístico mais procurado do Brasil.

Esses são alguns dados que mostram a relevância de São Paulo para o turismo do Brasil e América Latina.

28 – Por que SP é a cidade dos eventos na América do Sul?

A cidade sedia alguns dos maiores eventos do mundo, anualmente, em todos os nichos, tais como: o maior evento automobilístico do mundo, a F-1, que está na cidade desde 1973; Fórmula E; grandes festivais internacionais como Lollapalooza e Primavera Sound; as maiores feiras e congressos da América do Sul; a maior Parada LGBT+ do mundo; a Marcha para Jesus, maior evento protestante a céu aberto do mundo; além de também ser rota de grandes turnês internacionais.

29 – Por que São Paulo é referência em cultura nerd na América do Sul?

São Paulo é tão grande e diversa que até o mercado nerd encontrou seu lugar na cidade. A CCXP de São Paulo é o maior evento nerd do mundo, superando a clássica Comic Con de Miami, e chegando a impressionantes 280 mil fãs em poucos dias de evento.

Quer um guia especial sobre cultura geek em São Paulo? Acesse aqui.

30 – Por que usamos o artigo “o” para definir algumas escolas de samba?

Se você já ouviu alguém dizer “o Vai-Vai”, “vou no Barroca Zona Sul” ou “no Pérola Negra”, pode ter se perguntado o porquê. A resposta é muito simples (não sem controvérsias…): os nomes completos começam com a palavra “grêmio” e não “escola”. Porém, por que dizem “vou no Rosas” se o nome oficial é Sociedade Rosas de Ouro?

31 – Por que as calçadas do centro da cidade são pavimentadas com pedras portuguesas?

Quem passa pelos calçadões do centro de São Paulo, provavelmente, já percebeu o revestimento de pedras portuguesas no chão. Essas pedras foram colocadas na década de 70, durante a implementação dos calçadões. Mas por que elas foram colocadas ao invés de outro material? Infelizmente, não sabemos a resposta.

Apesar de antigas e conhecidas, essa pavimentação não é tombada como patrimônio do centro histórico de São Paulo e há um projeto para sua substituição, visando melhorar a qualidade da calçada, sua manutenção e acessibilidade.

32 – Por que está escrito “não sou conduzido, conduzo” no brasão da cidade?

Porque o poeta Guilherme de Almeida quis. Sim, isso mesmo. Até 1915, a cidade não tinha um brasão de armas, então a prefeitura de São Paulo lançou um concurso para selecionar a ilustração que passaria a ser usada pela cidade.

O projeto selecionado foi composto por José Wasth Rodrigues –responsável pela ilustração– e pelo poeta Guilherme de Almeida –responsável pela frase em latim, escrita: “non ducor duco”.

33 – Por que Chaguinhas tem devotos se ele não é santo?

Francisco José Chagas, conhecido como Chaguinhas, foi condenado à forca em setembro de 1821. Ele era um cabo negro que havia liderado uma revolta pelo não aumento de salários. A execução seria no Largo da Forca.

A corda do enforcamento, no entanto, arrebentou três vezes. O povo, ao ver isso, começou a gritar “Liberdade, Liberdade, Liberdade!”, mas não foi ouvido, e o cabo foi morto a pauladas na frente de todos. A partir de então, diz a tradição popular, o bairro passou a ser conhecido como Liberdade –após o fim da pena de morte por enforcamento.

O personagem histórico está enterrado na Capela dos Aflitos, e até hoje, a porta de madeira da capela recebe pedidos de milagres para Chaguinhas –um santo popular, porém não reconhecido pela igreja católica – e, para ser atendido, é preciso bater três vezes na porta.

34 – Por que o paulistano tem duas formas de pronunciar o “R” no meio das palavras?

Até o século 19, era muito comum ouvir o sotaque caipira em São Paulo, mas com a chegada dos imigrantes, a língua foi se modificando, e o antigo sotaque passou a ser visto como informal ou periférico, à medida que os sotaques estrangeiros foram crescendo no centro da cidade.

Hoje em dia, em São Paulo, é possível reconhecer dois sons de “R”, por exemplo. O primeiro, chamado “R retroflexo”, ou “R caipira”, muito presente na periferia de São Paulo. O segundo é o “R tepe”, mais comum no centro.

Há outras particularidades do sotaque paulistano que são interessantes, como o costume de não usar plural. Há uma antiga piadinha que diz que o paulistano, normalmente, pede “um chops e dois pastel”.

Os italianos, que já foram maioria na cidade de São Paulo, são os responsáveis por esse traço. Isso porque, em italiano, não se usa “s” para o plural.

35 – Por que os paulistanos amam tanto as padarias?

A história de amor dos paulistanos com as padarias existe desde a época do Império, mas, se estreitou com a abertura de pequenas padarias no centro da capital, principalmente por italianos e portugueses, nos séculos 19 e 20. No começo, era comum a fabricação de pães em casa e a venda por meio de carroças.

A cultura paulistana das padocas anda de mãos dadas com a tradição: a padaria mais antiga do Brasil, a Santa Tereza, foi inaugurada em 1872, e segue aberta até hoje (atrás da Praça da Sé).

No estado de São Paulo, o consumo de pão francês é o maior do Brasil: chega a 45 kg/ano. Hoje são mais de 5.200 padarias em São Paulo, e por dia são produzidos mais de 18 milhões de pães, segundo o Sindicato e Associação da Industria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sampapão).

36 – Por que a cultura hip-hop é forte em São Paulo?

A tradição do hip-hop em São Paulo é consolidada e foi daqui que ela se espalhou para o resto do Brasil.

A cultura hip-hop chegou em terras paulistanas nos anos 80 e foi se popularizando no centro da cidade, principalmente na estação São Bento e na Galeria 24 de Maio. De lá saíram nomes do rap e break como Thaíde e DJ Hum, MC Jack e Código 13.

Nos anos 90, o rap se popularizou ainda mais nas periferias da cidade, e nomes como Pavilhão 9, Detentos do Rap, Câmbio Negro, Xis & Dentinho, e mais tarde, Racionais MCs, ficaram muito populares e atingiram as rádios e programas de TV.

O estilo musical tinha uma missão: falar sobre a realidade da vida da periferia, injustiças sociais, violência e desigualdade.

37 – Por que a cratera da Colônia é considerada um patrimônio geológico?

A Cratera da Colônia, como é conhecida hoje em dia, fica no Polo de Ecoturismo de São Paulo. Ela foi criada pelo impacto de um meteorito de 200 metros de diâmetro, entre 36 milhões e 5 milhões de anos atrás, formando uma cratera de 3,6 km de diâmetro.

A Cratera é um patrimônio natural tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), e aproximadamente 40 mil pessoas moram ali.

Confira mais sobre a Cratera da Colônia e o Polo de Ecoturismo de São Paulo aqui.

38 – Por que nunca mais nevou em São Paulo?

Na verdade, nunca nevou! Você já deve ter ouvido que nevou em São Paulo em 1918. Essa história corre de boca em boca entre os paulistanos que sempre se perguntam sobre a possibilidade de isso acontecer novamente.

Mas a verdade é que nunca nevou em São Paulo. O que aconteceu em 1918 foi uma forte geada, de acordo com registros meteorológicos da época. Isso porque, apesar de a cidade ficar em um planalto, não é alto suficiente para neve, e além disso, a zona é tropical.

Outra explicação é que a neve depende de nuvens de chuva – o que raramente acontece no inverno paulistano.

39 – Por que se chama Casa das Retortas?

Retorta era o nome do equipamento usado para transformar o carvão em gás. Por ser uma usina espaçosa, com muitas retortas, ela ficou conhecida como Casa das Retortas.

A Casa das Retortas foi inaugurada em 1889, e ela era uma antiga usina de gás de carvão, destinada à iluminação pública da cidade de São Paulo.

Ela foi instalada no Brás, em uma área que ficou conhecida como Gasômetro, porque foi ali que começou a ser construído um complexo industrial, idealizado pela companhia inglesa The San Paulo Gas Company LTDA., voltado à produção de gás de carvão para a iluminação.

40 – Por que as touradas acabaram em São Paulo?

Acredite se quiser, durante o século 19 e começo do 20 aconteceram touradas na cidade de São Paulo e elas se passavam em uma arena onde hoje é a Praça da República.

Os eventos eram super populares e ficaram melhores a partir de 1900, quando a arena passou por melhorias.
Alguns anos mais tarde, com novas opções de entretenimento, como teatro e cinemas, elas foram se tornando menos populares, até que foram totalmente proibidas no Brasil.

A urbanização do centro de São Paulo foi um fator de contribuição extra. Isso porque os moradores do entorno também começaram a se incomodar com o evento.

41 – Por que a Paulista abre ao público de domingo?

Desde 2015, a Avenida Paulista vira uma verdadeira “praia de paulistano”, das 8h às 16h, aos domingos e feriados.

A medida é chamada de “Paulista Aberta” e foi estabelecida como uma forma de garantir um espaço de lazer para ciclistas e pedestres, de fácil acesso e totalmente gratuito. Hoje, um dos grandes destaques é a presença de músicos de rua, que fazem apresentações ao longo da avenida, além de barraquinhas de comida e artesanato.

42 – Por que os paulistanos só ficam parados na direita das escadas rolantes?

“Deixe a esquerda livre” é o mantra do paulistano que anda de metrô – e é cumprido à risca! Pode ter certeza de que quando há um indivíduo bloqueando a passagem na escada rolante – do metrô, do shopping, aeroporto ou outros – muito provavelmente ele não é da cidade.

Esse traço cultural se tornou uma característica reconhecida por visitantes de fora: “faça tudo em São Paulo, mas não bloqueie a escada rolante”, é piadinha nas redes sociais.

Parece que a movimentação constante na cidade transformou o paulistano em um cidadão em constante movimento.

43 – Por que o Cambuci e a Suçuarana são símbolos de São Paulo?

Sobre o Cambuci, a fruta se tornou símbolo da cidade de São Paulo por estar muito presente na cidade em séculos passados. Quase foi extinto, mas a recuperação das árvores diminuiu esse risco.

Hoje, o Polo de Ecoturismo de São Paulo é uma importante área de produção do fruto e uso em pratos e quitutes.

Já a suçuarana foi eleita em 2010 como símbolo da cidade, depois que a Secretaria do Verde e Meio Ambiente fez um concurso para a eleição do animal que é a cara de São Paulo. Foram 16 mil votos para o bicho, também conhecido como onça-parda e puma.

44 – Por que o Marco Zero é na Sé e não no Pateo do Collegio, onde a cidade foi fundada?

A posição do Marco Zero se deve à tradição que vinha desde a época colonial, quando as pessoas costumavam marcar as distâncias a partir das portas do templo da igreja que havia no Largo da Sé.

O Marco Zero que existe hoje em frente à Catedral da Sé é o quarto marco zero de São Paulo. O primeiro ficava em frente à primeira igreja da Sé, próximo da atual Rua Venceslau Brás. O segundo era a torre da igreja da Sé e o terceiro ficava em frente à mesma igreja.

Em 1921, o jornalista Américo R. Netto, membro da Associação de Boas Estradas, teve a ideia de reconstruir o monumento, mas ele começou a ser feito apenas em 1932, quando o Touring Clube do Brasil se envolveu no projeto e pediu ajuda da prefeitura.

Ele ficou pronto em 1934 e foi projetado pelo arquiteto francês Jean Gabriel Villin.

45 – Por que Santa Ana era a padroeira da cidade e não o apóstolo São Paulo?

Santa Ana foi a padroeira da cidade de 1782 até 2008. A santa é relacionada como padroeira da terceira idade e protetora dos marceneiros, mas sua escolha se deu porque os portugueses costumavam colocar figuras de Santa Ana nas cidades em que fundavam, e assim, o Vaticano a oficializou.

No entanto, em 2008, a pedido do cardeal d. Odilo Scherer, São Paulo Apóstolo foi, finalmente, nomeado como patrono da cidade.

46 – Por que os sinos dos mosteiros tocam em horários diferentes?

Todas as igrejas com sinos tocam às 6h, 12h e 18h, além de tocarem em ocasiões especiais. Os mosteiros também badalam nestes horários, mas há mais um diferencial: tocam nos horários das orações dos monges.

Na região do centro há quatro mosteiros: São Bento, São Francisco, Santo Antônio do Patriarca e da Luz. Então, se você ouvir o sino de um mosteiro tocando “fora de hora”, saiba que chegou o horário das orações.

47 – Por que as feiras de rua são chamadas de “livres”?

As feiras de rua existem em São Paulo desde 1914. Hoje são quase 900. O termo “feira livre” é porque, no passado, o objetivo era que os produtores pudessem vender diretamente os alimentos, por valores mais baratos já que eram “livres” de impostos.