Transiberiana: Atravessando a Rússia sobre trilhos
Por Mônica Morás e Eduardo Viero
Para quem gosta de aventura e desafio, a Transiberiana é perfeita. A ferrovia que atravessa a Rússia, de Moscou até Vladivostok, ou ainda que leva até Pequim passando pela Mongólia, ao longo de mais de 8.000 quilômetros de trilhos, foi uma das experiências mais difíceis e transformadoras que tivemos.
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Entre um trecho e outro, passamos mais de 130 horas durante um mês dentro do trem convivendo com famílias russas que não falavam uma palavras sequer em outro idioma, e nós sem falar russo. E mesmo assim conseguimos nos comunicar na maior parte do tempo por fotos, desenhos, gestos e palavras soltas.
Nosso maior período dentro do trem foi de 54 horas entre Ekaterimburgo e Irkutsk, na Sibéria, durante as noites brancas, quando o sol não se põe na Rússia. Dormir foi uma tarefa difícil devido a claridade e a quantidade de curvas no percurso. Por isso, a cada parada mais longa entre os trechos, aproveitávamos para descer, caminhar um pouco e comprar algumas coisas para comer.
Fizemos um trajeto de Irkutsk para Ulan-Ude na terceira classe, onde não existem cabines e todos podem se ver. Deixamos o vagão trazendo conosco memórias e presentes de tantas pessoas que conhecemos naquele curto espaço de tempo. Foi a nossa experiência mais marcante, muito melhor do que na segunda classe, onde existem cabines para quarto pessoas com ar condicionado.
As dificuldades foram superadas a cada novo trecho, desde a compra da passagem diretamente no guichê da estação com um bilhetinho escrito em russo torcendo para dar tudo certo, a falta de informação prévia de outros viajantes de como tudo funcionava, o entendimento de que a Transiberiana é para pessoas humildes que não podem pagar por um voo, e até a convivência forçada com um povo que no primeiro momento parece bastante rude. Mas na verdade eles são muito gentis e fizeram dessa nossa experiência algo inesquecível.