Tribo Xavante em MT abre aldeia para o turismo

Etnia busca protagonismo ao contar sua própria história, afirmação cultural e fonte de renda

06/03/2020 11:47

Uma comunidade indígena da etnia Xavante no Mato Grosso abriu sua aldeia ao turismo. É uma oportunidade para quem quer vivenciar e conhecer de perto a cultura indígena.

A iniciativa é da aldeia xavante de Etenhiritipá em parceria com a agência Ambiental Turismo.

A aldeia xavante de Etenhiritipá tem cerca de 500 moradores
A aldeia xavante de Etenhiritipá tem cerca de 500 moradores - Divulgação/Ambiental Turismo

A visita acontece em datas determinadas pelos cerca de 600 moradores da aldeia que fica próxima à Serra do Roncador e do rio das Mortes, região mato-grossense de Canarana. A próxima ocorre entre os dias 4 e 10 de julho.

Protagonismo xavante

“Tudo que você já aprendeu sobre os xavante, na mídia ou nos livros didáticos, está errado!” É com essa frase que os turistas são recebidos pelo cacique Jurandir Siridiwê, idealizador do projeto, batizado de Wazu’ri’wá –que significa “o desbravador” na língua xavante.

Etnia busca protagonismo ao contar sua própria história, afirmação cultural e fonte de renda
Etnia busca protagonismo ao contar sua própria história, afirmação cultural e fonte de renda - Divulgação/Ambiental Turismo

De acordo com Siridiwê, o objetivo do programa é trazer protagonismo ao povo xavante na contação de sua própria história; valorização de sua cultura, tanto para os warazu (o não índio – o estrangeiro na língua xavante) quanto para as novas gerações que precisam preservá-la e proteger as terras xavante.

Por fim, mas não menos importante, a visitação é uma fonte de renda para o povo xavante.

Aldeia de Etenhiritipá

As tradições Xavante estão muito vivas na aldeia de Etenhiritipá. Os valores e princípios, os costumes seguem sendo muito preservados por esse povo que se autodenomina auwê uptabi (povo verdadeiro). Xavante é o nome dado pelos não-indígenas.

Projeto é uma estratégia do povo Xavante para manter sua tradição e território para as futuras gerações
Projeto é uma estratégia do povo Xavante para manter sua tradição e território para as futuras gerações - Divulgação/Ambiental Turismo

A transmissão da cultura se dá através das histórias contadas e dos rituais passados de geração a geração. Cerca de 80% da aldeia não fala português.

Turismo de base comunitária

Para que a vivência aconteça com conforto segurança e sem impacto ambiental para a aldeia, é montada toda uma infraestrutura de hospedagem, sanitários e alimentação.

Por se tratar de um turismo de base comunitária, uma das suas funções é ser fonte de renda para os xavantes. Portanto, R$ 750 por visitante são transferidos para a comunidade.

Ao final, o comprovante do depósito na conta da aldeia é enviado para todos que viajam nessa experiência.

O pacote para visitação a aldeia custa R$ 4.295 e inclui transporte de Goiânia até a aldeia Etenhiritipá em ônibus, hospedagem em abrigo aberto, banho no rio e refeições (café da manhã, almoço e jantar). Não inclui passagens aéreas.

A ideia é promover uma imersão no cotidiano da tribo Xavante
A ideia é promover uma imersão no cotidiano da tribo Xavante - Divulgação/Ambiental Turismo

Informações e reservas: (11) 3818-4600 ou www.ambiental.tur.br.

Mário Juruna

Um dos líderes mais emblemáticas do povo Xavante é Mário Juruna, eleito como o primeiro indígena a ser deputado federal e que cumpriu mandato de 1983 a 1987. Entre seus feitos como deputado, criou a Comissão do Índio e com ela incentivou a participação indígena na elaboração da Constituição de 1988.

Juruna também ficou famoso por usar sempre um gravador quando conversava com seus pares para evitar dessa forma que um acordo fosse desmentido e para registrar propostas de corrupção para denunciá-las, como fez mais de uma vez.