Turismo de aventura no Rio Grande do Norte

Em parceria com Viagem em Pauta
04/04/2018 19:58

A combinação não poderia ser melhor. Ventos constantes, 300 dias de sol e um extenso litoral semideserto que, raramente, vê banhistas.

No Rio Grande do Norte, onde o vento faz a curva, no cotovelo do Brasil, o turismo eleva sua adrenalina, em atividades para todos os níveis de experiência (e coragem).

Origem de mais de 90% do sal marinho produzido no Brasil, a Costa Branca é considerada o único endereço brasileiro onde o sertão se encontra com o mar, em meio a dunas, falésias e imensas montanhas brancas de sal.

Localizado no extremo litoral norte do Rio Grande do Norte, esse polo turístico com 170 km de litoral é formado por 17 cidades que dão acesso a umas das 29 praias catalogadas da região, como Galinhos e Ponta do Mel.

No interior potiguar fica o Seridó, em pleno sertão nordestino, onde acontecem atividades como trilhas por pinturas rupestres de nove mil anos e caminhadas puxadas entre as paredes baixas do impressionante Cânion dos Apertados.

Neste roteiro aventureiro, a viagem termina com um pêndulo humano na boca de uma pedra, entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte, em um setor onde as temperaturas são mais amenas.

Confira atrações

Passeio de 4 x 4

Passeio de Land Rover no sertão do Rio Grande do Norte
Passeio de Land Rover no sertão do Rio Grande do Norte

Dono de um litoral de águas mornas com mais de 400 km de extensão, o Rio Grande do Norte exibe sua melhor versão nas travessias off road pela areia, entre a Praia de Touros e Galinhos.

A expedição passa por pontos turísticos como o Farol do Calcanhar – o maior do Brasil, do alto de seus 62 metros – e praias como São Miguel do Gostoso e Ponta do Mel.

A viagem, que faz parte da rota dos que seguem até o Ceará, inclui também paradas em Galinhos e nas Dunas do Rosado.

Fique atento

A viagem é feita em uma Land Rover Defender, ao longo de quatro dias. Os valores começam em R$1.320 (para grupos de até 4 pessoas) e incluem pernoites no vilarejo de Galos e acompanhamento de um guia. Reservas: Atlantis Travel / Norton Adventure (84) 99409-2000

Bons ventos
(Galinhos / São Miguel do Gostoso)

Kitesurfe em Galinhos
Kitesurfe em Galinhos

Bem ali onde o vento faz a curva, o Rio Grande do Norte é um dos destinos brasileiros para a prática de esportes como kite e wave surfe.

Diferente de outros destinos brasileiros famosos para navegação no ritmo dos ventos, em Galinhos as temporadas de vento e chuva não se encontram, favorecendo a prática do esporte por profissionais e também por amadores que queiram ter aulas no local.

Aqui, a temporada de chuva entra só no final de março. Em Galinhos, o vento bomba quase o ano inteiro e a temporada se estica até março”, explica o gaúcho de Santa Rosa, Igor Daniel Tkatsch, instrutor de kite em Galinhos.

Realizadas com ventos fortes que chegam a 35 nós, as aulas podem ser feitas em lagoas entre dunas ou no mar.

“A diversidade em Galinhos é muito grande. Em questão de minutos, você está em pontos diferentes. Tem o rio com essa água lisinha e tem o marzão”, define Tkatsch.

Com ventos constantes de setembro a março, São Miguel do Gostoso é outro ponto popular para a prática de kite.

“O sucesso local se deve ao vento garantido e ao clima quente”, define Kauli Seadi.

Assim como explica esse tricampeão de windsurfe, Gostoso é destino de família de velejadores em busca de esportes, “o forte daqui não é a vida noturna, como acontece em Pipa.”

“É radical para iniciantes, pois o mar é flat com marola e as condições são ecléticas”, explica Seadi, em referência ao mar liso (‘flat’), combinado com ondas pequenas (‘marola’).

Fique atento

Segundo o instrutor Igor Daniel, em 12 horas iniciais de treino é possível preparar uma pessoa inexperiente para manusear o kite e andar seus primeiros metros sobre a prancha.

Saiba mais
Cocoloco Kite & Surfcenter (Galinhos)
Aulas de 2 horas a partir de R$ 210
cocoloco-kitesurfing-brazil.com

Clube Kauli Seadi (S. Miguel do Gostoso)
Aluguel e guarderia de equipamentos, e aulas de SUP, surfe e windsurfe, na Praia do Cardeiro.
clubekauliseadi.com

50 Tons de dunas
(Dunas do Rosado)

Amanhecer nas Dunas do Rosado, em Porto do Mangue, no Rio Grande do Norte
Amanhecer nas Dunas do Rosado, em Porto do Mangue, no Rio Grande do Norte

O Rio Grande do Norte ganhou o mundo com seus cenários arenosos, como as dunas de Natal e as da manjada Praia de Genipabu.

Mas para ver dunas fora do eixo do turismo de massa, daquelas que foram até cenário de cinema, a parada seguinte é em Areia Branca, município a 270 km de Natal.

Localizadas entre a cidade de Porto do Mangue e o vilarejo de Ponta do Mel, as Dunas do Rosado são montanhas de areia coloridas por sedimentos das falésias vizinhas que pintam aquelas dunas.

Dizem que são rosadas, mas de acordo com a luz do dia, a gente jura que são alaranjadas, avermelhadas ou em tons amarelos.

Esse local isolado com 10 km² de extensão serviu de cenário para as novelas Flor do Caribe e ‘O Clone’, e para o filme ‘Maria, mãe do filho de Deus’.

Fique atento

A atração ainda é exclusividade de poucos, não só pela distância da capital potiguar como também pela pouca infraestrutura oferecida. É muito fácil se perder naquele mar de areia que confunde, por isso é fundamental o acompanhamento de um guia, que pode ser contratado na entrada do parque.

9 mil anos de história

No interior do estado e longe daquele mar de águas convidativas, o turismo acontece na região do Seridó, em plena Caatinga nordestina.

Geossítio Serra Verde, em Cerro Corá
Geossítio Serra Verde, em Cerro Corá

O turismo por ali ainda é incipiente e as atrações são dispersas, ao longo de toda a região.

Entre arbustos e árvores baixas, é possível fazer caminhadas curtas até sítios arqueológicos que guardam pinturas rupestres escondidas, localizadas em setores mais isolados, “de onde índios locais podiam avistar grupos rivais”, segundo Damião Carlos Dantas, condutor no Sítio Arqueológico Xiquexique, a 3,5 km de Carnaúba dos Dantas.

Esse geossítio é conhecido pelos trabalhos em tons avermelhados, classificados como Tradição Nordeste.

Mais ao norte fica Cerro Corá, município que abriga o Serra Verde, outro geossítio com geoformas rochosas com mais de 530 milhões de anos e pinturas rupestres dentro de uma gruta.

“São formações rochosas com formatos interessantes, como a Pedra do Nariz, resultado da ação do calor, da chuva e do vento”, explica o guia local, Ronivon Pereira.

Fique atento
Planejamento e acompanhamento de um guia são itens importantes para uma viagem pelo Seridó. Os serviços de um guia por 3 horas custam, em média, R$ 100 para grupos até 10 pessoas.

Geoparque Seridó
www.geoparqueserido.com.br

Atlantis Travel
www.atlantistravel.com.br

Into the wild

Cânions dos Apertados, em Currais Novos, a pouco mais de 180 km de Natal
Cânions dos Apertados, em Currais Novos, a pouco mais de 180 km de Natal

Para sentir na pele, literalmente, os efeitos da geografia dura do sertão, sua próxima parada é no Cânion dos Apertados, o único do mundo formado por quartzito e eleito uma das ‘Sete Maravilhas do Rio Grande do Norte’.

Localizado em Currais Novos, a pouco mais de 180 km de Natal, esse cânion estreito entre serras pode ser explorado em uma trilha exigente de 3 km sobre o leito seco do rio Picuí, na Serra da Timbaúba.

Fique atento
O cânion fica na Fazenda Aba da Serra, cujo portão nem sempre se encontra aberto.
Por isso, vale avisar, antecipadamente, pelo telefone (84 – 9 9948-3826 / Fátima).
Entrada: R$ 5

Galinhos

Passeio de bugue nas dunas de Galinhos, a 170 km de Natal
Passeio de bugue nas dunas de Galinhos, a 170 km de Natal

A 170 km de Natal, esse município pesqueiro fica em uma península de areia que avança, entre o mar e o rio, onde é possível fazer passeios de bugues (R$ 200 / 4 pessoas) e passar o dia em lagoas entre dunas (R$ 200 / 8 pessoas).

Em manguezais onde caranguejos e garças-azuis são figuras fáceis, tem até tubarão.

A experiência mais completa por ali é conduzida por Jr. Tubarão, um morador local que organiza passeios gastronômicos (R$ 270, casal) no mangue com almoço preparado por ele mesmo, no pé de uma duna, às margens de alguma lagoa isolada.

Até as ostras servidas na refeição são colhidas por ele, em algum dos canais estreitos de mangues de Galinhos, onde dá para fazer também Stand Up Paddle ou snorkel em águas claras.

O menu inclui opções como sashimi e ceviche, feitos na hora com peixe fresco.

Tubarão é o cara que pensa tudo, até no amarelo da cobertura do barco. “Tava estourando as fotos dos clientes. Pintei de vermelho”, explica José de Miranda, seu nome de batismo.

E se naquele dia o turista não teve a sorte de ver a revoada da garça azul nos ninhos da Ilha do Casco, outra opção de passeio, Jr. Tubarão compensa a frustração do visitante com histórias de Chico Science e da importância do mangue.

É música, ciência e uma Galinhos inteira, sob os pés.

Fique atento
Isolado em uma península formada por dunas, Galinhos tem acesso por barcos que saem de Pratagil, onde ficam os veículos dos visitantes. O transporte mais comum por ali são as tradicionais charretes que servem não só como táxi mas também para passeios até a Praia do Farol.

Balança mas não cai

A experiência em resgate industrial, aliada a um sonho antigo, foi a inspiração para que o carioca Julio Castelliano criasse o inusitado Pêndulo da Pedra da Boca.

Localizado em Araruna, já em território paraibano, o Parque Estadual da Pedra da Boca fica na divisa com o Rio Grande do Norte e serve de cenário para um pêndulo humano que acontece na abertura de uma rocha suspensa.

O balanço acontece a 300 metros de altura, em uma corda com 30 metros de comprimento.

A cidade potiguar de Serra de São Bento, a 115 km de Natal, é uma das cidades com melhor infraestrutura para quem visita a região.

Fique atento

O roteiro completo inclui trilha, rapel e o pêndulo, e custa R$ 70. Reservas:  www.castelliano.wixsite.com/irata