Viagem de inverno: machucados que o frio extremo pode causar
A blogueira Leda De Luca, do Ares do Mundo, teve uma experiência não muito agradável com o frio extremo no Canadá
O frio pode machucar muito, mesmo quem não sofre de qualquer doença. A Leda De Luca, do blog Ares do Mundo, teve uma experiência não muito agradável durante uma viagem ao Canadá, em 2016, em pleno inverno com temperaturas que variavam entre -20°C e -30°C.
Atraída pelas atividades do turismo de inverno no país, Leda não se cuidou e teve a pele das pernas rachadas, que depois viraram dolorosas feridas.
“Precisei de dois meses para curá-las, por completo, mesmo sem sofrer de qualquer tipo de doença ou diabetes”, conta a blogueira.
- Estes são os motivos pelos quais você deve parar de roer a unha
- Tirar cidadania italiana vai ficar mais cara em 2025; entenda
- Atividade física pode acrescentar até 5 anos à sua vida
- Como aliviar os sintomas de depressão com estes aromas
Abaixo a Leda De Luca relata o que aconteceu com ela e compartilha dicas médicas para não você passar pela mesma situação.
***
Olá! Meu nome é Leda De Luca, sou a fundadora e editora de aresdomundo.com e vou dividir com os leitores da Catraca Livre a minha dolorosa experiência no frio.
Juntamente comigo, a dermatologista Gabriela Gonzaga Faria, da Clínica Zaia, vai dar algumas dicas de como se cuidar no frio, para não passar pelo mesmo problema que eu.
A dolorosa experiência
O frio pode machucar muito! E aprendi na minha própria pele o que é o tal do “frio de rachar”.
Fui para o Canadá durante o inverno, pois queria praticar esportes de neve, como esquiar, andar com trenós puxados por cães, patinar, etc. E eu achava que estava preparada para a experiência, pois já havia morado na Europa e tinha muitas roupas e acessórios de frio.
Após alguns dias de viagem, percebi que a pele das minhas pernas estava ficando com linhas grossas (como rachaduras se formando mesmo) e, em poucos dias, elas se abriram e formaram feridas horríveis, que pareciam cortes de lâmina de barbear. Precisei de atendimento médico e mais 2 meses para me curar por completo, mesmo sem ter qualquer tipo de doença de pele ou Diabetes.
Como descobri o “frio de rachar”?
Em Montreal, no Canadá, peguei temperaturas abaixo de -30°C nos termômetros (e sensação térmica de até -40°C). Como queria praticar esportes de frio, ficava muito exposta às condições climáticas, mas não via problema nisso, pois não sentia frio em parte nenhuma do meu corpo.
Contudo, toda vez que ia para algum lugar com calefação, percebia que as minhas pernas permaneciam geladas por muito tempo. Passavam 10, 20, 30 minutos e elas continuavam bastante geladas (diferente do resto do meu corpo)…
Eu achava estranho, mas chegava ao hotel, corria para tirar todas as roupas e tomava um bom banho quente. As pernas pouco a pouco “descongelavam” com o procedimento.
Depois de cinco dias de viagem, as rachaduras abriram e fiquei com feridas que pareciam cortes de lâmina de barbear dos tornozelos até a bacia. Doíam horrores, tanto com o contato de roupas, quanto com a água do banho.
Realmente, não sabia onde estava errando. Usava diariamente casacos super acolchoados, segunda pele, 3 calças térmicas, botas impermeáveis, gorro, enfim, tudo que precisava para o frio… Cheguei a pensar até que estava com outro problema de saúde, porque nunca havia passado por isso.
Como a minha viagem era curta, quando cheguei ao Brasil, corri para o consultório da minha dermatologista. E para a minha surpresa, ela me disse que havia feito tudo absolutamente errado.
Dicas médicas para enfrentar o frio
Segundo a dernatologista Gabriela Gonzaga Faria, alguns passos são fundamentais para enfrentar o frio:
1 – Usar roupas adequadas para a temperatura
Existem roupas apropriadas para todos os tipos de temperatura (e essa informação costuma ficar na etiqueta).
Leda: Descobri que as 3 calças que usava eram para até -10°C e que o casaco para até -40°C, então, do quadril para baixo estava desprotegida.
Além disso, é muito importante proteger as extremidades do corpo. Mãos e pés sempre quentes e secos e com acessórios impermeáveis, pois o contato com a neve molha (neste caso, havia feito certo).
O vento é bem perigoso em temperaturas frias. Proteger as orelhas e cabeça com protetores ou gorros são fundamentais.
2 – Não fique desaquecido na rua
Leve ou sempre que der, pare num café ou restaurante para tomar uma bebida quente. Seja um chá, chocolate ou café. O corpo entende (subliminarmente) que logo estará em um ambiente com calor, então, irá parar de sinalizar o ambiente externo como emergência ao corpo.
Não esqueça também de beber pelo menos 2 litros d´água, já que a hidratação é feita de dentro para fora. O mesmo cuidado vale para a alimentação, já que o metabolismo fica mais acelerado para manter a temperatura corporal.
Leda: eu quase não parava para tomar bebidas quentes.
3 – Muito cuidado com a calefação
Não saia tirando a roupa toda quando entrar em um ambiente aquecido pela calefação. Remova pouco a pouco as peças de roupa para o corpo se acostumar com a mudança absurda de temperatura.
Leda: errei muito aí! Imagina… Saia de um ambiente de até -40°C para outro com 30°C e meu corpo obviamente não entendia a mudança de 70ºC em 5 minutos. Choque térmico!
4 – Evite banhos quentes
Evite tomar banhos quentes, usar buchas ou sabonetes tradicionais. O banho quente pode trincar a pele, já a bucha, aliada a um produto errado, remove de vez o óleo natural da pele, que é uma importante proteção do corpo no frio. Neste caso, opte sempre por sabonetes para peles ressecadas. Eles são encontrados facilmente em farmácias ou supermercados como “para peles suaves” ou “tensoativos”.
Outra alternativa seria não tomar banho todos os dias, para evitar de tirar essa cobertura da pele, que poderia causar ressecamentos severos e feridas. Lenços umedecidos podem ajudar na higiene.
Leda: os meus banhos eram muito quentes, até porque queria descongelar as pernas rapidamente. Choque térmico!
5 – Use hidratantes potentes
Os mais oleosos e menos perfumados são os mais recomendados. Procure produtos com hidroxietil ureia (que ajuda muito na hidratação), aquaporine (que melhora a circulação) ou ainda cremes tradicionais com óleo de amêndoas.
Protetor solar para a pele e lábios também são essenciais para a experiência no frio.
Além das dicas médicas, eu, particularmente, recomendo fazer um seguro viagem, pois, no meu caso, por exemplo, se ficasse mais dias no Canadá, certamente, precisaria de uma consulta médica ou passar em um pronto socorro e a saúde é bem cara no exterior.
Seguindo essas dicas acima, tenho certeza que a sua viagem de inverno será excelente!